segunda-feira, setembro 04, 2006

Consumo consciente pode ajudar a reverter riscos ecológicos


Nas décadas de 80 e 90 as crianças recebiam na aula de ciências uma explicação aterrorizante. Era durante o estudo dessa disciplina que os professores falavam do perigo que representava a fumaça que era descarregada pelos canos dos carros, as queimadas feitas pelos agricultores para limpar suas lavouras e preparar o solo para o novo plantio, o desmatamento das florestas e das áreas verdes, o uso de spray com aerossol entre outros fatores que causavam a destruição da camada de ozônio. Até a fumaça de um fósforo contribui para a destruição da terra. A poluição provocada pelas atividades comuns do dia a dia, que pareciam acertadas, na verdade ficavam na atmosfera terrestre provocando o aquecimento do globo e aumentando o buraco na camada de ozônio, responsável pela nossa proteção contra os raios ultravioleta. Além de amedrontados com a possibilidade de ficar “torradinhos” com os raios do sol ainda existia a terrível ameaça de ver os continentes inundados ou sumir com as águas das geleiras que estavam derretendo com o aquecimento da terra provocado pelo efeito estufa. Os alunos ouviam petrificados que todas aquelas ações corriqueiras do cotidiano representavam um grande perigo para a humanidade.
Surgia ai a necessidade de uma reeducação da população mundial em relação ao meio ambiente. Depois de algum tempo as questões ambientais continuam fazendo parte do currículo das disciplinas de ciências e biologia. Mesmo com as indústrias deixando de produzir spray com aerossol e dando mais atenção a finalidade dada aos resíduos químicos, os agricultores trabalhando suas lavouras sem queimadas - que além de prejudicar o solo também provocam a poluição atmosférica - as empresas, através da responsabilidade social, tenham passado a cuidar do ambiente a poluição continuou representando um perigo para a humanidade, mas sem ser o foco principal. Isso porque de outro lado, várias opções de praticidade da vida moderna apresentadas por alguns seguimentos continuam provocando problemas à natureza. Um exemplo é o das garrafas pet, que substituíram as garrafas retornáveis feitas de vidro e que agora superlotam os lixões, apesar da reciclagem.
Todos estes fatores influenciam no meio ambiente, embora os efeitos devastadores não sejam vistos de forma imediata. Eles vão se acumulando sendo percebidos através das alterações climáticas e fenômenos como El Ñino e La Ñina. O perigo do degelo das calotas polares apresentado nas aulas de ciências ainda é real.
Segundo o pesquisador titular do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), doutor pelo Instituto Técnico de Massachusetts, Carlos Nobre existem ações na tentativa de minorar os problemas ecológicos em todas as esferas, mas a ação em última instância é individual. “No caso do indivíduo é o consumo e isso significa consumir coisas renováveis. Atitude consciente” destaca.
O INPE realiza, através de satélites, o monitoramento do nível do mar. Nobre explica que o mar vem subindo cerca de dois a três milímetros por ano. “É um crescimento pequeno, são milímetros, mas com a continuidade do aquecimento global pode ser que se acelere”, explica. Ele também ressalta que o nível dos oceanos está subindo devido à perda de massa das geleiras da Groenlândia e Antártida Ocidental e pela expansão térmica do oceano. “Esse aumento é lento, mas não é pequeno, são entre 25 e 80 cm até o final do século”, acrescenta.
Com este possível crescimento do nível do oceano as zonas costeiras serão modificadas. Para evitar o alagamento de ilhas oceânicas e cidades é necessário um planejamento. Conforme Nobre, países como a Holanda já estão pensando em readaptar seus diques para proteger suas cidades. “No Brasil a preocupação é pequena, ainda não há um planejamento de longo prazo de como agir”.
Ele fala que a probabilidade de acontecer um súbito degelo das calotas é pequena. “Porém, hoje, com o avanço do conhecimento científico não se deve desprezar esta probabilidade”, alerta. Nobre explica que uma aceleração no derretimento das geleiras representaria um aumento grande que passaria o crescimento do nível do mar de centímetros para metros, não havendo tempo nem obras de engenharia que possam impedir a invasão da água.
Contudo de a conscientização estar aumentando ainda não estão diminuindo os resultados negativos que anos de descuido com a natureza causaram e a única chance de reverter estes efeitos é a conscientização da população. O pesquisador explica que é necessário todo um trabalho de reeducação para evitar o desperdício de energia, estimular o consumo consciente e a utilização de combustíveis renováveis, como o Etanol. “Não é fácil mudar a cultura, principalmente no nosso país, onde a classe média utiliza muita energia. Para melhorar o padrão de vida das famílias é preciso aumentar o consumo” argumenta. É necessário buscar o equilíbrio visando à economia técnica e promovendo o consumo renovável.

Alterações climáticas
Embora existam movimentos em defesa do meio ambiente, que atuam através de grupos e Ongs alguns problemas provocados pelo descaso com a natureza já podem ser sentidos. Entre as dificuldades que se pode observar atualmente são as mudanças climáticas. O doutor Carlos Nobre explica que o clima vai ficar bem variável. Segundo ele os extremos climáticos, com longas secas ou longos períodos de chuva, vão acontecer mais freqüentemente. O pesquisador destaca ainda que existem estudos de que já estão acontecendo estas alterações.

Um comentário:

  1. Salvador, neste ano, teve dias de "frio" nunca vistos e não só isso, períodos de temperatura baixa para os padrões da cidade que duraram muito!

    A verdade que o ser humano é uma praga para o planeta assim como os ratos são uma praga para os seres humanos!

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