sexta-feira, junho 21, 2013

Massa de manobra

Lembro de forma clara a primeira vez que escutei a expressão "massa de manobra" foi depois de uma manifestação em frente a UPES (União Pelotense dos Estudantes Secundaristas) na época presidida pelo Flávio Souza (PMDB). Quem bradava que a Upes estava usando os estudantes como massa de manobra era o Gerônimo (não sei seu sobrenome, apenas que era estudante do Ginásio do Areal) que junto com outros estudantes havia organizado a manifestação contra aumento de passagens de ônibus, por meio passe para estudantes, mais atuação da Upes junto aos estudantes, pois segundo corria a boca pequena o presidente do órgão estudantil havia se conchavado com a prefeitura e ficado ao lado dos empresários do transporte e consequentemente contra os estudantes e o povo. Embora eu não soubesse o que significava a expressão "massa de manobra" compreendi no contexto geral do que veio após a manifestação.

Eu estava lá, não havia acontecido briga ou qualquer ato de vandalismo, mas no dia seguinte seguiam boatos de que os estudantes haviam quebrado portas e invadido a Upes e quebrado móveis. Na verdade fomos até a sede da união e o presidente não nos recebeu, gritamos, nos manifestamos e fomos embora. O tal quebra-quebra, se houve,  não foi promovido pelos estudantes e nunca teve um esclarecimento.
Depois disso fui atrás de saber o que tratava ser a tal "massa de manobra". Não havia google na época, nem internet. Tínhamos que descobrir na biblioteca, conversando com professores ou o pessoal do grêmio. Lá fui eu atrás de saber. Não lembro quem me explicou, mas em nenhum momento me senti parte da massa manobrável. Todo o tempo pensava no meu motivo para estar naquela mobilização, no motivo justo e claro. Eu não estava lá para apoiar possíveis conchavos Upes/prefeitura/empresário de ônibus. Estava lá justamente pelo contrário. Imaginem se hoje ainda estão abertas as feridas causadas pela ditadura, imaginem como não estava a cabeça dos estudantes pouco depois da abertura, antes do Collor?

Não participei do movimento "cara pintada"! Para alguns amigos que me tem como politizada isto será motivo de espanto, pr'aqueles que acham que eu tenho um pé no sistema reacionário uma confirmação, talvez. Não que eu aceite, concordo ou simpatizasse com o colorido, pelo contrário. Aliás, não consigo compreender como ele conseguiu um cargo de deputado apesar de tudo. O que pra mim é um indício de que outras formas de punir políticos devem ser pensadas. Mesmo sem participar ativamente, indo pras ruas vestindo preto (e isto sim foi bonito, porque foi como na música do Raul, "Como que se fosse combinado...") o pessoal estava lá e eu, trabalhando como office estava na fila do banco pagando contas. Senti-me participando, mesmo sem estar gritando ou marchando nas ruas. Não tinha a consciência política que tenho hoje, mas graças a minha ótima memória em relação a estas coisas que vi e vivi que formei minhas opiniões.

Tenho um sentimento dúbio em relação aos "caras pintadas" um é em torno da crítica que se faz a manipulação da Rede Globo que levou o povo para as ruas pedindo o impeachment do presidente, uma palavra aliás que quase ninguém tinha ouvido falar. E o orgulho que se tem de ter tirado o cara de lá mostrando que o povo tem poder. Fico dividida pensando sobre isto. E penso ainda mais quando as pessoas começam a questionar os rumos das atuais manifestações no Brasil.
Óbvio que percebo as pessoas que querem aproveitar-se do momento para incutir velhos preconceitos na pauta do Movimento Passe Livre. Não sou ingênua a ponto de acreditar que não há impostores infiltrados no movimento legítimo. Mas creio (e talvez, para alguns, eu esteja sendo muito otimista) que assim como eu e tantas outras pessoas quem participa das marchas sabem exatamente O PORQUÊ  estão na rua. Concordo que seja o momento de reunir o povo e unificar a pauta, esclarecer, especificar, para deixar ainda mais claro as coisas e destacar quem está destoando nesta manifestação.

Para mim, só o estranhamento que as pessoas estão tendo durante as mobilizações e estão relatando nas redes sociais já me parecem uma clara evidência de que o povo nas ruas não está inconsciente para servir de massa de manobra e os oportunistas estão sendo percebidos na multidão. A luta segue!

quinta-feira, junho 20, 2013

O livre pensar e a prática cotidiana

Quando a gente estuda sociologia e política percebe que alguns dos grandes pensadores não eram, efetivamente, pessoas trabalhadoras do povo. Eles tinham alguma forma de se sustentar que não era o trabalho cotidiano do operariado. Eles não precisavam pensar em como pagar o que comer, onde dormir ou coisa semelhante e isto lhes dava tempo para pensar nas necessidade de um bem maior que englobava outras pessoas em situações de miséria. Não me joguem pedras, não estou dizendo que eles eram vagabundos, ou vândalos. Tiveram e tem uma utilidade muito grande intelectualmente. Acontece que na prática do dia-a-dia não é muito fácil, aliás não é nada fácil, trabalhar, estudar, cuidar e sustentar família e buscar  formas de melhorar seus conhecimentos culturais. E ainda pensar, buscar alternativas para formar a sua própria opinião. O que não quer dizer, que um profissional do trabalho pesado não tenha capacidade de ter suas próprias opiniões.

Vejam bem, tanto o intelectual que leva sua vida em meio as pesquisas teóricas de como mudar o mundo, quanto o trabalhador cotidiano que vive o mundo são importantes e subestimar qualquer um dos dois é arrogância ou burrice. Na minha opinião adequar os discursos com a prática é importante.

A facilitadora do meu estudo de doutrina espírita sempre diz, "temos 24 horas, 8 horas pra trabalhar, 8 horas pra dormir e o que fazemos das outras 8h?" Eu ainda busco a resposta. Penso que temos os momentos de lazer, o tempo de deslocamento pro trabalho, o tempo que temos de reservar para a família e o tempo pra revisar os estudos. Chego a conclusão que temos de nos organizar melhor. No meio desta turbulência, já que o trabalho ocupa maior parte do dia, a rotina é uma ameaça constante. E pesada. E pode causar alienação. Mas não vamos generalizar.

Eu entendo quando as pessoas que trabalham pesado dizem que não estão muito a par do que tá acontecendo, que acham absurdo o quanto as coisas estão tendo os preços reajustados e o salário não dá até o fim do mês. Mas eles não podem discutir ou ir a uma manifestação porque eles tem que chegar em casa e ver os temas dos filhos, limpar a casa, lavar roupa, ou talvez estejam no trabalho, sabe? A pessoa talvez não tenha o tempo que eu tenho pra acessar redes sociais e outras formas de informação, então ela utiliza a televisão ou o rádio que estão ligados enquanto ela tá arrumando a cama ou preparando o almoço. É uma forma prática pra ela ficar sabendo do que tá acontecendo no mundo, sem parar o que tem que fazer todo santo dia. Provavelmente esta pessoa tá cuidando da sua casa e da sua família naquelas 8 horas restantes.

Não desmereço a luta dos intelectuais, mas não posso concordar com alguns que agem como se todos fossem ingênuos que não sabem distinguir as coisas. Aliás, alguns destes levam uma vida meio burguesa no meu ver, tem carro, filho em escola particular, viajam em todas as férias e coisas assim. Não que eu ache errado tudo isto, pelo contrário, desejo que todos os cidadão tivessem o mesmo. Mas ainda não é assim que funciona. As coisas melhoraram um pouco, mas ainda não está a maravilha que alguns apregoam. E justamente por o país ser muito grande os investimentos tem que ser muito grandes.

Eu me considero uma privilegiada porque não precisei parar de estudar para trabalhar e ajudar a sustentar a casa, o que aconteceu com meus pais. Estudei na escola pública e só cursei uma graduação superior em faculdade particular porque era noturno e eu podia trabalhar de dia. E trabalhei durante os cinco anos que cursei a faculdade. Quando precisava de médicos ia ao INAMPS. Meu meio mudou um pouco, já não moro mais na periferia, li alguns livros, conheci pessoas, mas minha raiz continua lá. Sigo convivendo com pessoas que precisam acordar de madrugada para tirar fichinha no posto de saúde, ou ficam horas no saguão do PS para receber atendimento. Assim como também convivo com pessoas que recebem bolsa família e graças a isto tem o que comer. E outras que jogam todo o bolsa família no bingo clandestino.
Meus sobrinhos estudam em escolas públicas. Quando a coisa é mais urgente pagamos uma consulta particular. Mas no geral, consultam no  posto. Pelo o fato de estar perto destas escolas, dos professores e da periferia sei que ainda tem muita coisa pra se fazer.

Concordo que muitas coisas foram feitas e repito, muito mais tem que ser feito. Questionar projetos de lei, atitudes, votações, posições do governo municipal, estadual e federal faz parte da democracia, ou me enganei? Discordar de determinadas coisas não me torna uma alienada direitista. Não quer dizer que quero derrubar a presidente por impeachment ou que nego tudo que de bom melhorou. Tampouco quer dizer que cai na conversa dos "direitosos". Acho sim que os governantes devem ajustar seus discursos as suas atitudes. E lamento se isto parece reacionário. Sou contra qualquer tipo de ditadura, seja de direita, seja de esquerda. E desculpa se pra alguém isto parecer que estou em cima do muro. Não estou. Estou do lado e estou na rua pelo direito de concordar ou discordar sem ser subestimada.


terça-feira, junho 18, 2013

Vândalos, baderneiros o foco da notícia

Um movimento apartidário que reúne milhares de pessoas em inúmeras cidades do país com reivindicações variadas toma as ruas e os noticiários do país. Mas na boa e velha mídia o foco de tudo resumi-se a *minoria* que vandalizou em algumas cidades. Sim sou contra a violência, mas temos de convir que numa manifestação com mais de 60 mil pessoas, ou cem mil, ou dez mil é inevitável que alguns problemas e contratempos ocorram. Vejamos uma manifestação pacífica, como por exemplo os abaixo assinados contra Renan Calheiros e Marco Feliciano, onde não foi quebrada nenhuma janela deu no que? Eles foram retirados dos cargos, não digo do eletivo, daquele através das urnas, mas digo o cargo negociado do Feliciano, por exemplo, na comissão dos direitos humanos. O cara continua lá tentando, na surdina, aprovar uma lei de cura gay. Como diria a personagem Felix... "pelas contas do rosário"!

A vontade do povo é expressa de forma clara quando assina um protesto como o abaixo assinado.  Mais de cem mil assinaturas tem que dizer alguma coisa da vontade do povo, mas os governantes levam em consideração isto? Os deputados, vereadores, senadores são julgados e condenados por corrupção renunciam para não serem cassados e na outra eleição estão candidatos novamente. "O povo  não sabe votar" é voz corrente e a gente diz vota em branco, vota nos nanicos e vem "os entendidos" e dizem que nada disso adianta, só coloca a "direita" no poder e enfraquece a esquerda. Aham! Tô careca de ouvir isto. Só que na prática com quem que a esquerda tá junto?

A governabilidade vale tanto e é tão inescrupulosa que permite que se negocie o cargo mais importante de uma comissão com um partido que dá o cargo pra pessoa que mais tem oprimido as minorias no país? E faz isto protegido por uma lei de imunidade parlamentar?! Desculpem-me os amigos petistas mas não dá pra ignorar Feliciano. Entre outros.

São muitas pautas de reivindicações, é verdade, mas discordo que enfraquecem o movimento esta multiplicidade. Quem esta na rua sabe porque esta. Não é um movimento despolitizado, é um movimento sem partido. E é muito diferente uma coisa da outra. Não é baderna, é luta e reivindicação. Mas os meios de comunicação tradicionais teimam em focar apenas o vandalismo. Há pouco tempo atrás os containers de lixo eram queimados todas as noites. Isto é vandalismo, mas não era manchete todo o dia. Paredes, fachadas e muros amanhecem pixados, isto é vandalismo, mas não é manchete todo dia. As imagens não são veiculadas a cada chamada do jornal. A repetição só acontece quando quase dez mil pessoas estão nas ruas reivindicando direitos.

Vi um comentário a pouco tempo no facebook dizendo que esta minoria causa descredito ao movimento e que os 9,5 mil manifestantes deveriam ter impedido a minoria de vandalizar. Concordo que descredibiliza, mas não concordo que os manifestantes deveriam impedir. Pois é pra isto que a polícia deve acompanhar as manifestações para conter os intrusos que usam as passeatas para atos criminosos. Mas a brigada não os impediu de quebrar vitrines, queimar e apedrejar ônibus e queimar lixeiras. Não estão aptos a combater manifestações violentas? Ou foram orientados a dispersar manifestantes pacíficos, como ocorreu nas passeatas anteriores, e depois da repercussão resolveu deixar a coisa correr livre. Parece não haver meio termo não é mesmo? Destacar que o movimento não tem liderança e que por isto não tinha quem contivesse os vândalos infiltrados não tem nada a ver. Até porque, quem estava próximo juntou o lixo espalhado no chão, gritou e vaiou a atitude violenta e depredativa.

Aquelas criaturas no meio dos protestos que quebraram vitrines, queimaram lixeiras, jogaram pedras e saquearam lojas ou comércios são pessoas sem caráter que atuam desta forma no seu dia-a-dia e só usaram o protesto  para meter a mão no alheio. Assim como aconteceu aqui em Pelotas de assaltantes arrumarem barcos para saquear as casas de pessoas atingidas pela enchente. Mau caratismo tem em todo lugar! O problema é que este recorte noticioso leva para a população menos atenta uma versão parcial dos fatos. Parcial e bem tendenciosa de que a manifestação era formada por vândalos.

A parte mais bonita que devia ser o destaque pouco apareceu na mídia. Sorte que atualmente todos podem ser agentes da notícia. Um celular na mão coloca várias versões do fato ao alcance de todos. Não sou do movimento "cansei", nem tenho medo como a Regina Duarte, mas me decepcionei com certos políticos sim. Não sou a favor do impeachment da presidente Dilma, mas espero que ela aja logo e mande esta corja que tá atrapalhando pra fora do governo dela.
As manifestações são legítimas e eu acredito na força do nosso povo. #VamoPraRua
revolucionar com nosso vinagre.

segunda-feira, junho 17, 2013

Democracia e repressão de manifestações

Aqueles que crêem na presidente Dilma me desculpem mas eu não consigo mais crer em qualquer coisa vinda dela ou do partido a que ela pertence, e isso já faz tempo. Na primeira coligação entre PT e PMDB "me caíram os butiás do bolso" como se diz por aqui. E o que mais me deixou decepcionada foi o fato de ambos os partidos, que foram um dia de esquerda com uma farta história de protesto e de luta junto ao povo, ter mudado completamente suas atitudes para com o povo. Lula e Dilma representavam uma grande esperança para este Brasilzão. Esperança de tempos mais democráticos, de uma visão mais igualitária, menos paternalista e demagógica. E o que a gente vê? Uma mobilização sem tamanho para adequar o país para os turistas que vem participar da copa e das olimpíadas. Cadê a mobilização para adequar o Brasil para os brasileiros?
Parece que não se deram conta de que a luta pela qual foram presos tornou o povo menos alienado. Hoje a gente obtém informações de vários ângulos, em vários níveis de profundidade, de veículos de comunicação, de blogs pros e contras e não mais apenas a versão oficial. Na hora da campanha política todos os candidatos orgulham-se de dizer que começaram suas atividades políticas junto aos grêmios, D.As e outras agremiações que juntavam as pessoas por um país melhor. Mas ao serem eleitos muitos deles se entorpecem com o poder e esquecem quem os elegeu voltando a realidade de quatro em quatro anos quando precisam novamente voltar aos locais mais variados para pedir votos. Ainda que a grande força da massa não tenha sido sentida nas urnas e criaturas como Sarney, Renan Calheiros e mais uma camarilha continuem sendo reeleitos o povo tem outros meios de mobilizar-se e se fazer ver.
Os últimos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus estão deixando bem claro o quanto as pessoas estão sabendo o que está acontecendo. São manifestações pacíficas sim, do contrário não restaria mais pedra sob pedra. Como em todos os meios existem sim aqueles que querem mais é ver o circo pegar fogo e incitam ao quebra-quebra. Ir para rua é atuação política, porque a política é exercida assim, no dia-a-dia. Todos somos seres políticos, embora tu não queira discutir ou mesmo votar não estás neutro, tem coisas com as quais tu concordas e outras não.
De tudo que tenho visto, o que mais me decepciona, sempre é a posição da presidente Dilma. Primeiro diante das reivindicações feitas direto a ela em relação a revisão da lei da Anistia. É uma decepção pra quem acreditou que ter sido presa e torturada faria com que ela fosse mais forte no seu posicionamento. Depois o fato da comissão da verdade e de direitos humanos estar nas mãos de pessoas que vão totalmente contra os ideais defendidos primeiramente. E mesmo que o povo promova abaixo assinado e se manifeste pacificamente deixando claro seu desgosto para com certos políticos, eles ignoram totalmente a vontade dos eleitores e mantém as criaturas lá, mesmo com provas contundes e cabais de que seu lugar é o xadrez.
Como acreditar numa presidente "socialista" que não está próxima do povo? Desculpem-me, mais uma vez aqueles que crêem nela, mas é tanta mudança na mesma pessoa que ela nem parece a mesma de algum tempo atrás. E não digo só a aparência física, mas a postura política mesmo.
O país é muito grande e os investimentos para que as coisas aconteçam devem ser muito grandes também. O povo jamais vai entender como que existem milhões de reais (ou dólares, ou euros) para investir em estádios e não tem para investir em saúde, segurança, transporte, educação. Como que pode ter dinheiro para enviar, doar, emprestar para adequações em outros países e não tem para investir aqui no nosso Brasil. Os brasileiros estão fazendo sua parte. Quem trabalha paga impostos, quem empreende também e o retorno cadê?
Ir para as ruas foi a demonstração de que não estamos de acordo com tudo não. Passamos uma procuração através do voto mas estamos acompanhando e exigimos respeito. Estamos dando continuidade ao que vários fizeram durante a ditadura militar e outras épocas de repressão. Não é por 0,20 centavos, é contra a corrupção, é por respeito, por cidadania é porque queremos um país melhor. É porque vivemos numa democracia e reprimir manifestações não me parece coisa de país democrático. No início vai ser complicado, algumas pessoas vão chegar tarde em casa, vai ter alguns engarrafamentos, outros se sentirão incomodados. E o objetivo é incomodar sim, é incomodar quem está no poder até que eles adeqüem seus discursos e suas promessas de campanha às suas atitudes. Não queremos políticos como FHC que disse esqueçam o que escrevi. Queremos políticos que digam eu sou o que vivi  lutei e não me esqueci.

quinta-feira, junho 06, 2013

Tantas coisas...

Faz bastante tempo que não escrevo aqui no imprensa, mas tem acontecido tanta coisa que me deixa triste que nem tenho vontade. Não que me falta indignação, não falta, mas penso que apenas externar minha opinião sem muita ação tem pouca valia. Começo comentando o caso dos protestos contra os cortes de árvores em Porto Alegre. Admiro muito a luta daquele povo, ainda que a mídia em geral tenha tratado a causa deles como uma coisa sem muita importância, caricaturando as pessoas que encabeçaram o movimento e dando uma enfase para os fatos como se a coisa toda não passasse de tempestade em copo d'água.
Em nenhum momento estes veículos questionaram os reais motivos de tamanho ataque da serra elétrica por conta do senhor prefeito Fortunatti. Cortar árvores para dar lugar a estacionamentos não me parece muito ecológico. Mas afinal de contas o que há por trás de tudo isto? O que sei, talvez equivocadamente, é que tais "obras" tem objetivo de preparar a capital para a famosa Copa das Confederações. Campeonato este que está custando muito caro para os cofres públicos e para os quais os governantes fazem vista grossa.

E assim, as verdadeiras necessidades de uma cidade vão sendo distorcidas. Os valores morais e éticos dão lugar aos valores materiais, quase esvaindo a esperança daquelas pessoas batalhadoras. Mas não conseguem aniquilar nossa fé não. Porque eu ainda creio que há mais bem do que mal.

Para completar tem as questões polêmicas sobre o tal do estatuto do nascituro, tem a violência contra mulher que tem sido manchete dia sim, dia não nos noticiários (e ainda tem gente que diz que não existe mais machismo) e tem a a verdadeira guerra que se declarou contra os povos indígenas. Tem a religião envolvendo-se diretamente nas proposições legais, e desta forma interferindo em políticas de prevenção de doenças.
A primeira vista parece que estamos de volta a um tempo funesto. Tempo em que índios não tinham alma, portanto sem direitos. Mulheres eram uma propriedade valiosa entre tantas posses de seus senhores. Nem vou tocar nas questões religiosas tão em voga ultimamente, mas gostaria que refletissem a respeito disto.

Parece tão distante não é mesmo? Mas os índios estão sendo mortos hoje enquanto lutam para garantir a sua terra, seu direito de seguir sendo índio. Não é a questão de super proteger um silvícola, que sem alma, sem cultura, sem conhecimento (como previa a legislação) não pode responder por si. Assim como nós, nas cidades evoluímos eles também e temos de adequar a legislação. Mas, como? Se defender alguns pontos de vista referente a igualdade entre os povos e as pessoas é visto como um golpe comunista, e de comunistas da mais vil espécie, aqueles que comem criancinhas.
Posso estar falando besteira é verdade, mas é assim que eu tenho percebido as coisas. Muita intolerância.

Fonte: Imagens do google