quarta-feira, abril 25, 2012

Eu quero o Teatro Sete de Abril de volta!


Eu também quero o Teatro Sete de Abril de volta. Entre muitos motivos está o da importância que ele representa por se tratar de um dos mais antigo do país, pela representação histórica, pela beleza arquitetônica. O Teatro Sete de Abril recebeu as companhias de teatro mais renomadas do Brasil e de fora dele. É um ícone e está jogado as traças, esquecido.
O desrespeito por ele vai além da questão política! Há anos atrás foram feitas campanhas com o objetivo de arrecadar fundos para a restauração do teatro, coisa que nunca veio a ocorrer. Depois esteve fechado, passou por uma reforma no seu interior e agora está fechado novamente.
O Teatro Guarany é lindo, mas está em situação ainda mais precária que o próprio Sete que está fechado. Falo com conhecimento de causa, os camarins estão terríveis. Seria muito necessário uma limpeza das cortinas do palco, das paredes, do teto, enfim, faxina completa. E ainda que seja alugado o dinheiro não parece ser investido no próprio teatro. A pergunta que fica é: como receber grandes nomes do teatro ou da música sem ter aonde recebê-los?
Os camarins estão ruins para o pessoal da terra que se apresenta no teatro, mas também para os atores conhecidos da mídia. Porque abandonar a cultura assim, desta forma?
Comemorar 200 anos deveria começar por preservar e cuidar dos símbolos da cultura da nossa cidade. O Teatro Sete de Abril faz parte da história de Pelotas, faz parte dos 200 anos, mas sua história está com as portas lacradas. Que vergonha!

segunda-feira, abril 23, 2012

Responsabilidade

Há algum tempo estou para escrever este texto. Venho ruminando as palavras, pensando nos argumentos, nisto e naquilo e tenho deixado pra lá, para, talvez, não causar constrangimentos. Mas sempre há o dia em que o nó na goela precisa ser desfeito e antes que este nó me sufoque vou por pra fora alguns pensamentos.
Não tenho a intenção de falar mal de pessoas ou religiões, tal qual prevê a Constituição creio que a liberdade de culto deve ser respeitada. Sou espírita, ou espiritualista para ser exata e estar de acordo com a Doutrina Espírita. Algumas vezes sinto minha religião desrespeitada, ainda que a Constituição me assegure professá-la. No entanto, não é sobre religião que quero falar. Quero, e vou falar sobre a responsabilidade de gurus, pais de Santos, pastores e outros mais que usam da boa fé das pessoas para arrancar-lhe dinheiro prometendo curas e milagres.
Como disse antes, sou espiritualista, vou no centro espírita, no terreiro de umbanda e nunca, em nenhum dos ambientes que fui até hoje, (e isto é quase minha vida inteira, 35 anos) me cobraram R$ 0,10 se quer para dar um passe ou auxiliar-me. Assim como, em NENHUM DESTES LUGARES ME DISSERAM QUE NÃO PROCURASSE O MÉDICO PARA TRATAR UMA DOENÇA. Pelo contrário, lugares sérios ressaltam que: "Se houver cobrança, vá embora!". Além de que, orientam que as pessoas sigam fazendo o tratamento médico e tomando os remédios prescritos pelos doutores. E eu tenho isto pra mim deste sempre.

Tem um tempo que ouvimos e assistimos em telejornais e especias de televisão que alguns templos (eles se dizem) vendem a cura para as mais diversas doenças. Eu sei, tem os pais de santo que trazem o amor em três dias, curam de fimose a unha encravada, fazem de um tudo prevendo passado, presente e futuro. Mas destes, todos já estão avisados. Sabe-se de antemão que são charlatões que vendem até gatos bentos que "descagam" dinheiro. Agora, aqueles homens, sérios que lá do púlpito discorrem sobre a palavra de Deus, muitas pessoas, a grande maioria desesperada por alento, não está vacinada. São pessoas muitas vezes ingênuas que já recorreram a todas as possibilidades na vida para resolver seus problemas e sua última esperança é Deus. Não vou dizer que é a religião porque, embora compreenda a etimologia da palavra, as diferentes crenças tratam Deus e sua palavra conforme lhe convém.
Não importa se tu crê ou não em Deus, se és materialista ou espiritualista, nada disso importa. Porque o que precisamos ter por estas pessoas, que estão muitas vezes desesperadas, é compaixão. Pode ser que não sejam cultas, nem espertas ou inteligentes. Concordo até que algumas se deixam enganar, mas elas buscam algo maior. E é nesta busca que entram os irresponsáveis que vendem curas e unções milagrosas. Óbvio que uma pessoa diagnosticada com um câncer maligno ou HIV vai buscar consolo, seja aonde for, seja em todos os templos religiosos do planeta, é natural de quem não quer morrer. Assim como podemos até ver pessoas materialistas chamarem por Deus num momento de perigo. Não há nada de errado nisto.

O errado é usar do desespero alheio para ganhar dinheiro! Eu jamais acreditei que um... (vou usar mentor espiritual porque esta expressão na minha concepção engloba todas as religiões) mentor espiritual fosse tão irresponsável a ponto de dizer a um doente, diagnosticado com um câncer maligno que ele não precisava fazer tratamento ou cirurgia porque após uma atividade realizada por ele estaria curado.
Na minha mente não há como conceber! Não são apenas os doentes de câncer que recebem este tipo de "consolo" irresponsável, doentes de Aids e portadores de HIV são curados após sessões sabe-se-lá-do-quê. Há mentores que orientam estas pessoas a refazerem seus exames para comprovarem que ficaram curados. Mas sempre que os exames comprovam que a doença não foi curada, até porque não tem cura, ainda, a culpa é do doente que não mereceu a graça, foi algo que eles fizeram de errado ou não fizeram corretamente.

Então fico pensando... podemos responsabilizar estes mentores pela morte de alguma destas pessoas? Como podemos proceder nestes casos. Sim, vejo de perto uma situação destas e ouço médicos e enfermeiros relatando situações de pacientes que não realizam os tratamentos acreditando que sua fé já lhes curou. Como ser alguém tão vil e egoísta a ponto de deixar que um ser humano morra na dor, sem tratamento? Não é uma questão de religião, não é. É responsabilidade diante da vida de outra pessoa. É amor ao próximo, é compaixão, tá lá no livro, foi dito por Jesus, que eles dizem que seguem, que amam.

Quem responderá pelas vidas perdidas irresponsavelmente por estes mentores que vendem curas?
Pergunto porque no caso de um erro médico ou coisa parecida pode-se recorrer a Justiça, processar, pedir indenização, responsabilizar médicos, enfermeiros, hospitais. Mas no caso de alguém que comprou a cura num templo religioso qualquer? Quem é o culpado? Mais uma vez o pobre coitado que foi buscar consolo, porque é um lunático que interpretou tudo errado, que quer provar que é um mártir e sabe-se-mais-o-quê podem dizer de alguém que está deteriorado por uma doença. Acreditar, sim, eu tenho fé e peço socorro aos meus guias e orixás quando me sinto em perigo. No entanto, todas as vezes que pedi ajuda me disseram "há coisas que são do espírito e há coisas que são do corpo, aqui cuidamos do espiritual, vá ao médico, faça o tratamento recomendado. Cuide do corpo, pois ele é a casa do espírito"! Jamais disseram, esqueça os médicos e fique rezando ou fazendo oferendas nas encruzilhadas e acendendo velas e tua cura virá.

Charlatões há de toda ordem e credo. Mas alguns respondem pelos seus crimes com o rigor  da Lei, outros...
Meu objetivo com este texto é questionar mesmo, porque tenho visto gente padecendo  destes fanatismos e fé cega e definhando dia-a-dia. Podem dizer que bem feito pra esta pessoa que se deixou enganar, que o pior cego é o que não quer ver. Eu compreendo a posição de vocês! Também já tive raiva do doente. Mas o fato de ele se deixar enganar isenta o enganador de culpa?


terça-feira, abril 17, 2012

Ditadura militar (1964-1985): repressão, resistência e memória

O Prof. Dr. Carlos Fico (UFRJ) irá proferir a palestra "Ditadura militar (1964-1985): repressão, resistência e memória", no dia 28 de abril, as 10h 30min no Auditório Vitae.
Trata-se do primeiro Encontro de Aprofundamento Temático deste ano e tem o objetivo de discutir, de forma atualizada, questões que envolvem o aparato repressivo estruturado durante o regime militar para vigiar, desarticular e punir as ações da resistência política organizadas por setores da sociedade brasileira. Outro tema a ser abordado, é o tratamento dado às marcas da memória do período, incluindo, neste sentido, a implantação da Comissão Nacional da Verdade.

Carlos Fico
É mestre em História pela Universidade Federal Fluminense e doutor em História pela Universidade de São Paulo, onde também fez estágio de pós-doutoramento. Atualmente, é Professor Titular e História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro e desenvolve pesquisas relacionadas aos seguintes temas: ditadura militar no Brasil e na Argentina, historiografia brasileira, rebeliões populares no Brasil republicano e História política dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Foi "Cientista do Nosso Estado" da Fundação Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) entre 2003 e 2006 e recebeu o Prêmio Sergio Buarque de Holanda de Ensaio Social da Biblioteca Nacional em 2008.

Público alvo: professores, educadores, estudantes universitários (graduação e pós-graduação)
Inscrições: de 16 a 26 de abril, somente pelos telefones (11) 3324.0943 ou 0944, com Valdir ou Paulo (de segunda à sexta, das 10h às 17h 30min)
Local: Largo General Osório, 66 Luz
Entrada Franca
Haverá entrega de declarações de comparecimento aos interessados 

quinta-feira, abril 05, 2012

Falha nossa!

No texto anterior troquei o parentesco da pessoa que foi impedida de discursar na cerimônia da Comissão da Verdade. Embora tenha pesquisado, troquei pois quem foi impedida de discursar foi a filha do ex-deputado Rubens Paiva e não a viúva como coloquei no texto.
Peço desculpas aos amigos leitores!

domingo, abril 01, 2012

5ª Blogagem coletiva #desarquivandoBR

Outro dia assisti, na companhia do meu sobrinho, um filme dirigido pelo Clint Eastwood e protagonizado pela Angelina Jolie. Na trama do filme "A troca", Angelina tem seu único filho sequestrado e na ânsia de conseguir calar as reclamações da população (e da mãe) a polícia local a induz a receber um outro menino no lugar de seu filho desaparecido. Muitos abusos são cometido pela polícia até que um policial  vai atrás de um pista e descobre um assassino em série que caça meninos na rua e os mata em seu sítio. Entre os possíveis mortos pelo serial killer está o filho de Angelina Jolie, que está perfeita no papel da mãe. Como ela não se cala e vai buscando provas de que o menino que recebeu não é seu filho acaba sendo trancada em um manicômio, sob o argumento de que não queria reassumir, segundo o investigar corrupto, seu papel materno. Ao final da película a mãe segue em busca do filho desaparecido, visto que não foi encontrado corpo, portanto, para qualquer mãe segue existindo esperança de que o filho volte.

No final do filme eu lembrei das centenas de mães brasileiras que tiveram seus filhos roubados pela ditadura militar. E dos militares, que ironicamente comemoram no dia 1° de Abril uma Revolução, que nunca passou de um golpe militar. Na primeira vez que participei da blogagem coletiva eu falei sobre este tema, e volto a ele porque de todos os arquivos escondidos da ditadura militar do Brasil o direito de não enterrar seus mortos ainda é o mais difícil no meu entendimento, aliás, é o mais cruel! É a tortura institucionalizada da ditadura que ainda acontece.

Talvez ocorra com os nossos governantes (que ainda não abriram realmente os arquivos secretos) o mesmo que acontece com meu sobrinho, que assistiu o filme "A troca" e não gostou do fato da mãe seguir em busca do filho desaparecido. Creio que não seja necessário ser pai ou mãe para se sensibilizar com a dor destes pais que perdem seus filhos. Mas há quem não tenha esta capacidade e ainda que os direitos humanos ou qualquer outra  instituição internacional condene ou determine a abertura dos arquivos a dor de não saber aonde estão os restos mortais de seus entes queridos segue uma ferida aberta no peito de pais, mães, filhos, esposas. Já escutei várias mães dizendo que "ter um filho morto é uma dor inominável, mas ter um filho desaparecido deve ser muito pior, porque não se sabe como está, onde está, com quem está". E é nestas palavras que eu penso todo ano quando vejo as notícias de comemoração do golpe militar, porque foi um golpe.

É muita crueldade manter familiares há mais de 40 anos sem saber o que aconteceu com seus entes. Muitas mães já morreram, em desgosto e desespero, sem ter podido dar um enterro digno aos filhos. Sim, existem cemitérios clandestinos, de onde poderão ser retirados os restos mortais e se realizar exames de DNA para determinar de quem se trata, mas e aqueles que foram jogados ao mar?

Tão cruel quanto manter familiares sem saber, sem poder sepultar seu entes queridos é um governo, dito de esquerda se eximir diante de tudo isto de cumprir as determinações a que foram condenados a cumprir. É cruel, numa solenidade de assinatura da anunciada e festejada Comissão da Verdade, cortar o discurso da filha de um ex- deputado assassinado nos porões da ditadura.
Como isto pode acontecer no governo de uma ex-guerrilheira, de uma mulher que foi torturada e sofreu abusos? Compreendo que para governar é preciso ter jogo de cintura, realizar coligações, ceder alguns pontos. Mas atualmente o que vejo não é isto, mas uma completa mudança, parece até que nada das ideologias do passado restou. Chego a pensar que a verdadeira Dilma, a que tinha sonhos, ideologia, a que sofreu tortura sem entregar companheiros ficou perdida em algum lugar daqueles porões. Daqueles porões saiu uma Dilma modificada.  E infelizmente insensível aos apelos de companheiros do passado.

Todos nós que buscamos e pedimos a abertura dos arquivos e promovemos o #desarquivandoBR esperamos que o Brasil admita o erro que foi o golpe militar, reveja a Lei de Anistia e tome o período da ditadura como lição para que não volte a acontecer. Que os passos sejam dados com vagar, mas que sejam dados e sejam firmes para a abertura verdadeira. E principalmente, que acabe definitivamente esta tortura que ainda ocorre dos familiares que não podem dar um sepultamento digno a seus mortos.

Este texto faz parte da 5ª blogagem coletiva #desarquivandoBR pela abertura dos arquivos secretos, pela efetivação e cumprimento da  determinação da OEA pelo caso dos mortos na Guerrilha do Araguaia.