domingo, março 11, 2012

#Mulheres de Fibra

A série mulheres de fibra teria muita gente para colocar aqui. Nosso mundo ainda tem muito  o que  avançar nas conquistas femininas, mas há mulheres pelo mundo a fora que fazem toda a diferença, artistas plásticas, escritoras, ativistas, políticas e por aí a fora.
Quando comecei a série pensei em publicar um post sobre Margaret Tatcher pela lembrança que tenho de ouvir na "Dama de ferro". A impressão que tinha, quando criança, era do uso deste apelido de uma forma pejorativa, como se ela fosse uma mulher fria, calculista, capaz de qualquer coisa pela política inglesa. Lendo sobre sua biografia, e este ano tem o filme em que Tatcher é interpretada por Meryl Streep, vi que ela não era a pedra fria que eu imaginava ao ouvir o tal apelido. Não sei ao certo se concordo com sua ideologia, mas tenho respeito por esta mulher que era uma referência, uma das pessoas mais poderosas do mundo num período em que apenas os homens detinham o poder. Não conheço bem sua história, confesso e muitos podem descordar de mim, mas estar a frente do governo de um país por 11 anos na década de 80 não é pra qualquer um.

Pela admiração que tenho quero homenagear também as artistas plásticas Tarsila do Amaral e Frida Kahlo. Cada uma delas com uma forte história de vida, de amor e de talento. São muitas mulheres e suas histórias de vida são  histórias de luta. Todos nós conhecemos alguma mulher que precisou lutar muito para conquistar seus objetivos. Minha bisavó por exemplo criou sozinha seus filhos trabalhando na lavoura para tirar seu sustento de sol a sol. Esta é a luta diária a que temos que reverenciar, pois fazendo o seu pouco estamos fazendo muito para mudar o mundo. Sós a mudança não representa muito, pode inclusive ser pequena, mas no montante geral é uma grande mudança. Falando em vida difícil tem a admirável Florbela Espanca.

Aqui no Brasil uma das leis mais importantes da história foi assinada por uma mulher, a Princesa Isabel. Sabemos que o ato de libertar os escravos, embora um bem, foi também um grande problema, afinal depois de libertos o que tinham aqueles homens e mulheres? Para onde iriam, o que fariam? Foi-lhe dado a liberdade, mas também a miséria e a rua. As leis que antecederam a abolição da escravatura e a própria lei Áurea, tinham um objetivo nobre, ainda que os escravagistas e abonados senhores não aceitassem e continuassem a agir sob suas próprias regras.

Mas uma das  mulheres que mais admiro e queria homenagear é uma poetisa, considerada uma das principais escritoras brasileiras, Cora Coralina. Ela era doceira, uma senhorinha linda com muito pra contar, com poesias lindas! Uma mulher simples que através da palavra dá lições de vida contando o cotidiano simples das cidades do interior. Cora Coralina é um exemplo pra mim que espero um dia escrever um livro, pois sua primeira publicação foi feita quando ela estava com 76 anos.
Somos muitas mulheres neste mundão de meu Deus, que temos muita força para conquistar tudo o que merecemos. Enquanto vou escrevendo vou lembrando de outros nomes tão importantes como: Indira Gandhi, Zélia Gatai, Simone de Beauvoir, Cristina de Kirchner, Dilma Roussef, entre tantas outras. Como diz a música "sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher", mas antes de mais nada somos cidadãs. Lutamos por nós e lutamos por um mundo melhor e sem preconceitos.
Encerro a série Mulheres de fibra deste ano com o poema:


Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.

Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.

Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.

Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.

Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.

Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia caída e a república
que se instalava.

Todo o ranço do passado era presente.
A brutalidade, a incompreensão, a ignorância, o carrancismo.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez,
Os adultos eram sádicos
aplicavam castigos humilhantes.

Tive uma velha mestra que já
havia ensinado uma geração
antes da minha.
Os métodos de ensino eram
antiquados e aprendi as letras
em livros superados de que
ninguém mais fala.

Nunca os algarismos me
entraram no entendimento.
De certo pela pobreza que marcaria
Para sempre minha vida.
Precisei pouco dos números.

Sendo eu mais doméstica do
que intelectual,
não escrevo jamais de forma
consciente e racionada, e sim
impelida por um impulso incontrolável.
Sendo assim, tenho a
consciência de ser autêntica.

Nasci para escrever, mas, o meio,
o tempo, as criaturas e fatores
outros, contra-marcaram minha vida.

Sou mais doceira e cozinheira
Do que escritora, sendo a culinária
a mais nobre de todas as Artes:
objetiva, concreta, jamais abstrata
a que está ligada à vida e
à saúde humana.

Nunca recebi estímulos familiares para ser literata.
Sempre houve na família, senão uma
hostilidade, pelo menos uma reserva determinada
a essa minha tendência inata.
Talvez, por tudo isso e muito mais,
sinta dentro de mim, no fundo dos meus
reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo.
Sobrevivi, me recompondo aos
bocados, à dura compreensão dos
rígidos preconceitos do passado.

Preconceitos de classe.
Preconceitos de cor e de família.
Preconceitos econômicos.
Férreos preconceitos sociais.

A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o destino não me deu.

Foi assim que cheguei a este livro
Sem referências a mencionar.

Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.

Nem Menção Honrosa.
Nenhuma Láurea.

Apenas a autenticidade da minha
poesia arrancada aos pedaços
do fundo da minha sensibilidade,
e este anseio:
procuro superar todos os dias
Minha própria personalidade
renovada,
despedaçando dentro de mim
tudo que é velho e morto.

Luta, a palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.

Quem sentirá a Vida
destas páginas...
Gerações que hão de vir
de gerações que vão nascer.

(Meu Livro de Cordel, p.73 -76, 8°ed, 1998)

sábado, março 10, 2012

"Quando uma mulher avança nenhum homem retrocede"

Hoje pela manhã e início da tarde participei da Marcha das Vadias de Pelotas, debaixo de muito sol e num calor absurdo mas a marcha aconteceu e estávamos tod@s lá lutando contra o preconceito de gênero, de raça e contra a homofobia. O pessoal tinha cartazes, faixas, pintou o rosto e o corpo na luta por respeito! Algumas mulheres fizeram relatos de situações cotidianas de humilhação, desrespeito e violência. O relato que mais me tocou foi de uma mãe falando do desrespeito de um vizinho com suas filhas. Ela destacou que educa seus filhos para respeitar os outros, mas nem sempre, na casa dos vizinhos acontece o mesmo.

Durante o percurso os manifestantes foram hostilizados por motociclistas, por causa das ruas interrompidas. Outros motoristas não foram simpáticos a causa, mas apenas quem estava nas motos é que ficou acelerando como se a qualquer momento fossem romper a corrente humana dos manifestantes. Alguns não quiseram esperar e invadiram um posto de gasolina ou esperou uma brecha na rua e passou a milhões, podendo bater em alguém. Tais atitudes levaram uma baita vaia!

Nossa manifestação teve o apoio de um personagem muito querido da nossa cidade o Alemão do Círculos, que esteve em meio a preparação, ouviu os discursos e participou da marcha ao lado da mulherada. Havia mães com seus filhos, mulher  grávida, homossexuais e Homens, com H maiúsculo por que são companheiros que não se deixaram contaminar com a ideia de que lugar de mulher é na cozinha, ou que a mulher é uma propriedade. Como foi lembrado por uma das manifestantes que discursou, eles também sofrem preconceito por não se encaixarem no esteriótipo do machão.

E de todos os cartazes que vi e fotografei durante a marcha dois me fizeram pensar, de forma, ainda mais minuciosa nestas questões. Um deles era empunhado por um Homem e referia-se sobre o aborto e a forma como o debate atualmente se atém apenas a questão religiosa. Esta é uma questão que a presidenta assumiu  discutir e ampliar na sociedade, podendo descriminalizar a prática. No entanto, cada vez que a sociedade, digo que nós mulheres, cidadãs trazemos o assunto a pauta, de outro lado erguem-se milhares de religiosos que pegam-se apenas na questão do pecado, sem considerar que quem paga o dito pecado é a mulher que escolhe fazer um aborto. Esta "pecadora" é dotada de um benefício chamado Livre arbítrio através do qual faz escolhas e toma atitudes em sua vida e responde por eles. E que só a ela cabe!
Já escrevi outras vezes sobre o que penso em relação ao aborto. Mas o fato de pensar nas inúmeras formas de prevenção da gravidez, acho que cabe só a mulher decidir que se quer ou não levar a gravidez adiante. É o corpo dela, a consciência dela, a escolha e a vida dela. Devem ser respeitados, embora não concordemos. Além disso, conheço algumas mulheres que interromperam uma gravidez e garanto que estas mulheres não se orgulham disso e muitas sofrem de culpa por isto.
O debate que buscamos em relação ao aborto é a descriminalização. Não quer que a interrupção de uma gravidez ou gestação na adolescência aconteça? Invista na educação! Mas o que ocorre quando as escolas criam mecanismos de trabalhar a sexualidade na escola? Muitos se levantam dizendo que o trabalho é inadequado, que as crianças não estão preparadas.

Existem políticas públicas, é verdade, no entanto, não atingem o país de forma igual. E esta é só mais uma demonstração da desigualdade em que vivemos. Quem tem grana interrompe a gravidez numa clínica com acompanhamento médico, mas quem não tem, faz o procedimento em casa, ou seja lá aonde for, e consequentemente acaba tendo de recorrer ao SUS. Este é um diálogo que deve ser feito, a presidenta precisa dar início a ele.

Mesmo em casos de estupro a interrupção da gravidez é uma polêmica. É um direito da mulher, mas leva tanto tempo para ser concedido que quando chega o momento a gestação está adiantada e realizar o procedimento torna-se ainda mais arriscado.
O outro cartaz, cuja frase deu nome a este post, interpreto de duas formas. A primeira que é a da violência, visto que a força física do homem é maior que a da mulher, e quando uma mulher vai pra cima de um homem, no máximo ele se esquiva do ataque, mas não dá um passo atrás ou se encolhe.

Já a outra, que me parece muito mais abrangente é a questão do avanço da mulher na sociedade. Quando uma mulher avança profissionalmente, nenhum homem retrocede. Quando uma mulher cresce economicamente ou consegue conquistar seu espaço como cidadã, nenhum homem retrocede. Homens não ficam pobres se mulheres enriquecem, por exemplo.  Quando as mulheres passaram a votar ou concorrer na política os homens não foram prejudicados por isto.

É possível crescermos todos juntos respeitando as diferenças, convivendo com tolerância. Como diz o velho ditado, corrigido, "do lado de um grande homem sempre tem uma grande mulher"! É nisso que penso, não é preciso oprimir para crescer, embora durante muito tempo isto tenha ocorrido. A opressão demonstra a fraqueza do opressor que se vale da força, ou do dinheiro, para se manter no poder. Separados podemos ser fracos, mas juntos somos mais, somos fortes.
A caminhada com certeza ainda será muito longa, mas o primeiro passo foi dado. Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias!

quinta-feira, março 08, 2012

A mulher - Florbela Espanca

I

Um ente de paixão e sacrifício,
De sofrimento cheio, eis a mulher!
Esmaga o coração dentro do peito,
E nem te doas coração, sequer!

Sê forte, corajoso, não fraquejes
Na luta: sê em Vénus sempre Marte;
Sempre o mundo é vil e infame e os homens
Se te sentem gemer hão-de pisar-te!

Se à vezes tu fraquejas, pobrezinho,
Essa brancura ideal de puro arminho
Eles deixam pra sempre maculada;

E gritam então vis: "Olhem, vejam
É aquela a infame!" e apedrejam
a pobrezita, a triste, a desgraçada!


II

Ó Mulher! Como é fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosas duma image
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca ri alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doces almas de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=380#ixzz1oaJyny3k
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

quarta-feira, março 07, 2012

Mulheres de Fibra - Isabel Allende

Na postagem de hoje a mulher de fibra que traga está entre minhas escritoras latino americanas que mais gosto e admiro. Isabel Allende é uma jornalista e escritora chilena mundialmente conhecida. Entre seus romances mais renomados estão: A casa dos Espíritos, De amor e de sombras e Paula. Segundo relata, a própria autora no livro Paula, seu primeiro romance foi escrito com o auxílio de seus avós, pois era justamente a história de sua família.

Admiro Isabel não só pelo seu talento, mas principalmente pela sua força e sua história de vida. Filha de um primo irmão de Salvador Allende, ela viveu e lutou ativamente durante a ditadura militar no Chile, ajudando ativistas políticos. Poderia me arriscar a falar coisas de sua vida, pois após ter lido Paula, sinto Isabel como uma pessoa íntima, alguém que conheci no momento de maior sofrimento pra ela. É exatamente isto que deve ter causado esta proximidade, pois toda a história da doença de sua filha, do tempo vivido no corredor de um hospital ansiando que Paula acordasse me fez ver a autora famosa como uma mulher de verdade.

A autora escreveu para a filha, com o objetivo de colocá-la a par, quando acordasse do coma, a história da família e a sua própria. Mas todo o seu sofrimento de mãe foi sendo relatado dia-a-dia, até o momento em que ela precisou despedir-se, deixar que Paula fosse embora e ambas pudessem, cada uma em um mundo, seguir seus caminhos.

Todas as outras personalidades que prestei homenagem aqui na série pelo dia da Mulher são pessoas que eu admiro pelo seu trabalho, pela história de vida e pelas mudanças que fizeram no mundo a partir dos seus exemplos. A diferença com a Isabel Allende é sua militância e sua história de vida, tão apaixonante!

Agora um pouco da biografia desta mulher tão especial. Isabel Allende Llona nasceu em Lima, no dia 2 de agosto de 1942. É filha de Tomás Allende e Francisca Llona. Nasceu no Peru, mas logo voltou ao Chile. Atualmente está radicada nos Estados Unidos. Seu reconhecimento literário veio após a publicação do romance A Casa dos Espíritos, editado em 1982. A história dos antepassados virou filme, protagonizado por Meryl Streep e Jeremy Irons.

Fontes: Wikipédia, blog A arte que é poesia e os livros da autora.
A foto é do blog.
Ah! Minha sugestão para que conheçam melhor Isabel Allende, leiam seus livros, vale muito a pena!

terça-feira, março 06, 2012

Mulheres de Fibra - Madre Teresa de Calcutá

Dando seguimento a série Mulheres de Fibra trago uma das personalidades mais marcantes do último século. Madre Teresa de Calcutá é conhecida pela sua vida religiosa, mas principalmente pelo trabalho incansável junto aos pobres, crianças e doentes.
Nascida Agnes Gonxha Bojaxhiu em Skopje a 26 de agosto de 1910 ficou conhecida no mundo inteiro como Madre Teresa de Calcutá ou Beata de Calcutá. A missionária católica albanesa nasceu na República da Macedônia e naturalizou-se indiana. Ela foi beatificada pela igreja católica em 2003 e tornou-se conhecida como "Santa das Sarjetas", vindo a ser considerada por muitos como a missionária do século XX. Madre Teresa fundou a congregação "Missionárias da Caridade".

Ainda muito cedo, com 18 anos ela fez seus votos nas Irmãs de Nossa Senhora do Loreto,na Irlanda, onde viveu por pouco tempo.  Na Índia atuou como professora a serviço desta congregação no primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança) fundada em 1952 e juntou-se ao "Lar do Moribundos", em Kalighat. Inicialmente passou por problemas de ordem religiosa e cultural com grupos que professavam outra fé. Mas com o passar do tempo e o seu trabalho todos aceitaram que sua obra tinha um caráter nobre. Com isto passa a receber donativos de hindus, muçulmanos e budistas entre outros e atua em situações problemáticas e difíceis como o caso de crianças abandonadas, doentes de Aids, mulheres abusadas que engravidavam e leprosos.

Em 1965 a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias de Caridade. Vários países tiveram a presença das missões de Madre Teresa, entre eles Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Sri Lanka|Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.
"O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Prêmio Templeton, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.
Morreu em 05 de setembro de 1997, aos 87 anos, de ataque cardíaco, quando preparava um serviço religioso em memória da Princesa Diana de Gales, sua grande amiga e falecida ela própria 6 dias antes, num acidente de automóvel em Paris. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem."

Seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita  sua sucessora . Várias são as histórias sobre a vida de Madre Teresa de Calcutá entre elas de que ela usava sua própria saliva para curar os doentes. Verdadeiras estas histórias ou não, não sei. O que sei é que sua bondade é notária e seu amor pelo próximo incontestável.

“Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”. Madre Teresa de Calcutá

Fonte: Wikipédia
Foto: Google imagens

segunda-feira, março 05, 2012

Mulheres de fibra - Dra. Zilda Arns

Minha intenção era ter começado esta série de mulheres de fibra, guerreiras e exemplares no dia primeiro de março, mas o tempo e o trabalho não me permitiram! Por isto dedicarei esta semana para homenagear mulheres que foram importantes para a história do mundo feminino, algumas ativistas feministas, outras exemplos incontestáveis de que podemos sim, se quisermos, mudar o mundo.
Começo a série falando da Dra. Zilda Arns. Não conheço tão bem a biografia dela, mas fiquei encantada com a admiração que uma colega do curso de doutrina espírita, apresentou em relação a vida da Dra Zilda. Minha colega contou algumas coisas a respeito da médica que criou e  salvou várias crianças da desnutrição e da morte com a "Pastoral da Criança".

Dra. Zilda Arns Neumann é natural de Forquilhinha (SC) e residia em Curitiba (PR). Teve cinco filhos e dez netos. Cursou medicina na Universidade Federal do Paraná, especializou-se em "saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário." Sua percepção de que a educação seria o meio de mudar as coisas fez com que criasse uma metodologia muito especial de espalhar conhecimento e solidariedade entre as famílias pobres, inspirada no milagre da multiplicação relatado no Evangelho de São João.

Incansável na busca do conhecimento Dra Zilda foi aperfeiçoando-se em diversas áreas, atuando de forma incisiva contra a fome e a miséria. Em 1983 fundou, a pedido da CNBB a Pastoral da Criança. "Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou 1.816.261 crianças menores de seis anos e 1.407.743 de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. Neste período, mais de 261 962 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social." A forma encontrada para multiplicar a educação e a solidariedade a cada mês eram realizados visitas domiciliares às famílias, dia a do Peso, ou Dia da Celebração da Vida; e reunião Mensal para Avaliação e Reflexão.

Em 2004 a CNBB passou uma nova meta a esta missionária incansável, fundar a Pastoral da Pessoa Idosa, que atende, atualmente, mais de cem  mil idosos, que são atendidos mensalmente por mais de doze mil voluntários de 579 município. São 141 dioceses em 25 estados brasileiros.

Dra Zilda morreu em janeiro de 2010 em Porto Príncipe quando realizava uma missão humanitária para implantar a Pastoral da Criança. O país sofreu um violento terremoto que fez centenas de vítimas, entre elas a Dra. Zilda Arns.

Um grande exemplo de mulher e de brasileira. Dra Zilda Arns recebeu muitos prêmios nacionais e internacionais, entre eles o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz, do Senado Federal, em 2005 e o Prêmio "Heroína da Saúde Pública das Américas", concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2002.

Fonte: Pastoral da Criança e Wikipédia .
Fotografia de Antônio Marques encontrada na internet, publicada no blog Clau Medori

quinta-feira, março 01, 2012

Marcha das Vadias - 10 de março em Pelotas


Dando largada a semana da mulher aqui no blog, dou destaque a Marcha das Vadias, que ocorre dia 10, em Pelotas. Durante estes dias, que antecedem o dia internacional da Mulher, pretendo destacar grandes personalidades femininas que representaram e representam a nossa luta pela igualdade.
A Marcha das Vadias é uma passeata que chama atenção para um fato recorrente nos casos de estupro que é culpar a vítima pela violência que sofreu. Não importa a roupa, a hora ou o local em que a violência sexual ocorre, É uma violência, é um crime e não se pode culpar a vítima!
Mulheres não são objetos tampouco propriedades de grandes senhores. As mulheres conquistaram um espaço relevante na sociedade, tão importante que a maioria dos chefes de família hoje é mulher. Considerando-se apenas uma área da sociedade, ainda tem a política, a ciência,a economia, o direito, a medicina e tantas outras.

A luta pelo fim da violência contra mulher é uma luta de todos. Há muitos casos de violência doméstica que não vem a tona e há, até, quem considere normal. Mas não é. Quantos de nós ouviu falar de alguém que apanhou do marido, ou pôde escutar os gritos e o choro de uma vizinha? Quantas vezes a briga não virou fofoca nos corredores dos prédios ou nas conversas na calçada, sem resultar em nenhuma atitude de compaixão e solidariedade para com a vítima? "Em briga de marido e mulher não se mete a colher!" dizem alguns, e usam também da maledicência para falar da vida alheia sem usar seu conhecimento para ajudar ou produzir algo de bom.

Ainda que, existam leis e medidas protetivas, ainda existe a vergonha, o preconceito e o medo. Muitos sentimentos que, algumas vezes atrasam as atitudes e o resultado pode acabar sendo fatal.
A violência não se constitui só do tapa, do estupro, ela se forma também das humilhações, das ameaças, da coação, da tortura psicológica, na ameça de tirar a guarda dos filhos e de tantas outras formas que o medo passa a ser a única companhia da mulher, o sentimento mais presente que só dá lugar a angústia e o desespero.

Há alguns meses soube de um caso de violência doméstica, na qual a vítima era uma grande amiga. Violência esta que refletiu em um parto prematuro e a possibilidade do nascimento de uma criança com sequelas. Além da terrível vergonha e da culpa de haver apanhado do companheiro, existia o medo da reação da família. Depois veio o afastamento do trabalho por causa do risco da perda do bebê. Semanas de repouso para evitar a morte do nenê em seu ventre. O nascimento antes do previsto trouxe ao mundo um vitorioso! Meses na UTI pediátrica para o ganho de peso e o acompanhamento médico. E a angústia da mãe que sofria entre culpada e preocupada com a saúde de sua cria. O momento mais tenso veio a seguir com a transferência para um hospital mais equipado para a realização de uma cirurgia de emergência, mas que representava a salvação do bebê. Mas todas as angústias deram lugar a uma imensa alegria depois do sucesso da cirurgia. Com tanto tempo de apreensão a tão sonhada volta pra casa, com o filho nos braços foi de grande felicidade!

Pude ter a compreensão de como podemos nos sentir impotentes diante de uma situação como esta. Quando assistimos na televisão é possível até, num lampejo, questionar, porque ela não vai embora,  ou até realmente Nelson Rodrigues tinha razão, "elas gostam de apanhar"! Mas o acontecimento está muito longe de nós. No entanto, quando atinge uma amiga, uma familiar o sofrimento toma cores mais fortes. Minha reação, ao saber da agressão sofrida pela minha amiga, foi de mandá-la para a delegacia da mulher, foi de dizer que fizesse queixa e pedisse medidas protetivas. Mas minha amiga ficou constrangida de expor sua vida a toda vizinhança na pequena cidade onde residia. Passou um tempo até que a coragem viesse e a denúncia acontecesse. Eu não poderia ficar indiferente, é uma AMIGA MINHA! Mas não podemos ficar indiferentes diante de qualquer tipo de violência!

Recentemente tivemos o maravilhoso exemplo do Vitor, que arriscou sua própria vida na defesa de um morador de rua que estava sendo espancado. Não vamos ficar apenas achando que é uma atitude a ser admirada, vamos admirá-la e multiplicá-la.

Tod@as dizem não a violência contra mulher! Participe da Marcha das Vadias, dia 10 de março, às 11h, na esquina Democrática (Chafariz do Calçadão). Organização DCE da UFPel - Todas as Cores, RadioCom, Instituto Mario Alves, Coletivos Nacional Levante, Barricadas Abrem Caminhos, Juntos!, (Des) Construindo Gêneros e Levante Popular da Juventude!