segunda-feira, março 29, 2010

Condenados

Após dois anos de investigações e dúvidas foram condenados, pelo assassinato de Isabella, Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá. As dúvidas foram muitas e os peritos, o promotor e o advogado de defesa tentaram sanar. Cada qual em sua função, cumprindo o seu papel. Mas uma dúvida sempre ficará PORQUE? Porque assassinaram uma criança tão doce? Porque tamanha crueldade?
Mesmo que tivesse sido uma terceira pessoa, porque? As provas e os indícios demonstram que foi o pai e a madastra. O júri popular entendeu através da análise destas que eles são culpados e os condenaram. Não houve demonstração de arrependimento. Da parte de Ana Jatobá se via desespero por si e pelos filhos pequenos que ficarão por uma vida, mais de 26 anos, longe dela. Do lado do pai, Alexandre Nardoni não consegui perceber arrependimento, revolta, tristeza de um pai que perdeu a filha ou dor. Nada. Só percebi a mesma postura do primeiro dia distância, frieza e um ar um tanto arrogante. Algo que não passa nem perto da dor da perda de um ente querido ou a tristeza de ter perdido um bem tão precioso e ainda estar sendo injustiçado. Só frieza, nada mais.
Não vejo possibilidade de a menina ter sido morta por alguém de fora. Neste caso o tempo, o conhecimento do local e o sumiço sem deixar digitais, sangue ou qualquer outro vestígio demonstram que não havia mais ninguém no apartamento.
A justiça foi feita? Creio que sim. Apesar de os réus terem entrado para o júri já condenados pela opinião pública e pela mídia, não havia nenhuma prova que demonstrasse a inocência de ambos.
Por outro lado, sendo eles culpados, tendo sido condenados não cabe a mim ou a qualquer outra pessoa comemorar a decisão dos jurados e do juiz com foguetes e festa em frente ao fórum. Não foi dado o resultado de um jogo de futebol ou miss. Naqueles cinco dias foram decididos os próximos anos da vida de, no mínimo quatro pessoas. O pai, a mãe e duas crianças que ficaram órfãs de pais vivos. Eles são culpados? Ficou provado que sim e eles irão cumprir às suas penas. Já estavam cumprindo.
A festa, os foguetes foram uma crueldade. Não com eles, porque me parece que nada que vem de fora os atinge. Mas foi uma crueldade, pois aquele era o desfecho da MORTE DE UMA CRIANÇA. Uma inocente morreu. A sentença condena dois assassinos sim, mas envolve a vida de outros tantos seres humanos que merecem respeito. Este resultado não é de vitória ou derrota. Pelo contrário, deveria ser motivo de reflexão. Ana Carolina Oliveira e sua família queriam justiça, certo que sim, mas nenhuma destas pessoas deve ter sorrido, pois a falta da menina jamais poderá ser substituída, seja lá pelo que for. A dor da perda continuará lá no fundo do olhar daquela mãe. Talvez ela supere, recupere e retome sua vida, mas a saudade será chaga viva nela, para sempre.
Para mim, comemorar com foguetes a condenação de um pai que mata um filho só demonstra pobreza de espírito. Esta sentença deveria ser lamentada porque uma atitude como esta, de matar alguém, só pode ser lamentada, nunca comemorada.

segunda-feira, março 22, 2010

Julgamento

Pela lei brasileira todo o suspeito tem direito a defesa. No entanto, na atualidade a questão da defesa fica um pouco dificultada, assim como o sigilo e a preservação da própria investigação. Não é que eu queira que as coisas sejam noticiadas de forma tão lenta assim, não. O que penso é que a informação deve ser tratada de forma séria. Nem o jornalista, nem os investigadores podem ter algo concreto sem analisar com calma provas e indícios. Duas situações me deixam pensativa, a primeira, como não poderia deixar de ser é o Julgamento do casal Nardoni. Ok, para mim não existe, naquele espaço de tempo, possibilidade de uma terceira pessoa no apartamento. Só, que, eles já estão chegando no julgamento condenados pela opinião pública. Não sei se está certo ou errado, se são culpados ou inocentes, como diria Sócrates "só sei, que nada sei".
Outro caso que me intriga muito é a condenação do Santo Daime e da seita Céu de Maria e da "absolvição" do jovem que matou o cartunista Glauco e seu filho Raoni. Culpar o chá pelo distúrbio psíquico do rapaz é muito fácil. Concordo que exista estudos sérios de médicos que comprovam o desencadeamento do problema, no entanto, também, de acordo com psiquiatras, não é a droga que faz a personalidade do usuário, na verdade ela só revela o que o cidadão traz por dentro.
São duas situações semelhantes que causaram a morte de pessoas, ao que sabemos inocentes. Em uma os suspeitos já estão condenados, na segunda estão tentando comover com os possíveis problemas mentais do homicida.

quarta-feira, março 17, 2010

"Proteste já"

É por saber de coisas como esta que desisti do jornalismo. Eu acreditava que o jornalismo fosse formador de opiniões. Iludi-me acreditando que fosse um instrumento de informação com credibilidade e seriedade. No entanto, os jornalistas que não se contentam em fazer parte da massa que escolheu a profissão pelo status é calada com a censura, com decisões judiciais que são entendidas apenas por quem as dá, com liminares que proíbem o bom profissional de trabalhar e libera aquele que se "vende bem" e muitas vezes barato.
Nunca pensei que o jornalista fosse um sujeito acima do bem e do mal com direito de julgamento. Não, pelo contrário acredito que ele deva apenas divulgar fatos sem dar sua opinião sobre o assunto, e para isto ouvir os dois lados da questão é imprescíndivel. O jornalista é um ser humano, falível como qualquer outro, mas não pode esquecer de sua função social.
Por outro lado, em se tratando de questões políticas, no Brasil ou no mundo, as coisas não são bem assim. Na maioria das vezes os "representantes do povo" crêem que não tem satisfações a dar, que suas ações só dizem respeito a si próprios e o povo é mero detalhe, daqueles que só é lembrado em véspera de eleição, tal como o estilo de campanha, o marqueteiro e o sorriso para as fotos.
No caso da censura ao CQC, que é a segunda ou terceira vez que ocorre, não consigo deixar de argumentar. É absurdo que se permita no nosso país que questionamentos sejam calados, que denúncias sejam abafadas. Não pode existir mordaça, lei de contenção da imprensa ou seja lá o tipo de nome que se queira dar a boa e velha censura, que é calar as vozes contrárias a opinião dos governantes, sejam eles ditadores ou meros politiqueiros sem moral e ética. O povo tem todo o direito de falar e levantar sua voz contra estes, simplesmente porque nós somos seus patrões e se não fosse a gente eles jamais teriam chegado no posto em que estão. Além disso, o que pode dizer a diretora da escola que estava com uma televisão que não lhe pertencia em casa? No mínimo sua desculpa seria a de que estava levando o material para conserto, ou que a escola é alvo de roubo e portanto a medida foi de proteção do bem. Desculpas esfarrapadas para atitudes descabidas. É mais ou menos como o o chefe pego transando com a secretária no escritório, a velha frase "não é o que você está pensando" seria motivo de riso, não fosse a vontade da esposa de cometer um homicídio.

quinta-feira, março 11, 2010

Sei lá o que entende?!

Tantas coisas tem ocorrido no meu dia a dia que me falta tempo para escrever sobre os absurdos que leio nos jornais ou assito na televisão.
Fico cada dia mais chocada ao ver as notícias de crianças e adolescentes se matando assim feito estivessem apenas jogando video game. Eu sou do século passado, o videogame chegou quando o pai e mãe não tinham grana sobrando então o que eu cheguei a conhecer e jogar (e que era do meu primo) foi o atari. Aquele bem antigão, com controle gigante, com botão vermelho e palanca. O jogo mais "irado" (que na época não era irado, mas maneiro, bacana ou legal) era um com uns aviõezinhos. Depois veio o jogo do come-come e depois me perdi deste negócio de jogos eletrônicos. Voltei a ver um videogame quando meu irmão ganhou um nintendo e o jogo da vez era o super Mário. hahaha Depois ele ganhou um super nintendo. Meus irmãos jogam no computador, às vezes varam noites apertando as teclas do computador.
Eu não, eu passo noites bebendo e batendo papo com amigos. Prefiro varar as noites na quadra de uma escola de samba ou em alguma danceteria da vida. Nunca fui chegada a jogos. Não sei jogar truco e não gosto muito de nenhum tipo de "jogatina". O que sei jogar e até me gusta um poquito é dama, dominó e vareta. Até que durante o segundo grau às vezes ficava jogando escova. Mas isto era só quando não estava dormindo no sol do inverno ou debaixo da sombra das árvores do CAVG no verão.
Mas o que percebo é a banalidade como a vida, ou melhor, a morte de jovens é encarada. Antigamente nem se ouvia falar em brigas na escola. Agressão a professora?! Diretoria, advertência, chamem os pais, expulsem da escola e anotem na ficha do aluno. Mas quase nem se ouvia falar disso. E quando se sabia os pais davam jeito de fazer com que os brigões se ajeitassem. Hoje não. As brigas são combinadas pela internet e o pessoal vai armado. Os pais nem tomam conhecimento e se tomam, bem aí tão se fazendo de "galinha morta". Na minha época de escola saber que uma pessoa tinha uma soqueira fazia com que ficássemos o mais longe possível dela. Imagina se alguém tivesse um canivete?!
Quando foi que nos perdemos. Em que momento que passou a ser natural esfaquear colegas e professores ou atirar neles na porta da escola? Quando que começaram a permitir que os professores não fossem mais autoridade em sala de aula e a última palavra é a da criança?
Não consegui acompanhar o "progresso"! Embora muita gente diga que o século passado ficou lá e não deixa saudade, eu sinto muita falta do tempo em que se podia brincar na rua e de saber que até os marginais daquele tempo tinham ética e respeito pelo lugar e as pessoas com quem conviviam. Hoje, se bobear ética vai virar uma palavra que não existe sequer um ser humano para ser exemplo de seu significado no mundo. Eu fico assim... sei lá entende?! Não sei o que esperar ou pensar sobre como agir para, quem sabe ser agente de alguma mudança.

segunda-feira, março 08, 2010

Parabéns mulheres pelo 08 de março

Pelo dia internacional da mulher, um poema da grande Cora Coralina

"Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver."