quarta-feira, agosto 15, 2012

Cinema da Resistência

"O Memorial da Resistência tem procurado, por meio da sua programação, utilizar o potencial das diferentes manifestações artísticas para abordar os principais temas trabalhados pela Instituição- repressão e resistência políticas e direitos humanos.
Com o objetivo de utilizar o cinema de forma mais sistemática, o Memorial da Resistência iniciará, no segundo semestre de 2012, o projeto "Cinema da Resistência", com a exibição de 4 filmes (1 sábado por mês, de agosto a novembro, às 14 horas), sempre seguidos de debate com o diretor e/ou outro colaborador para realização do filme.
Serão conferidos certificados de hora complementar para estudantes.
Acesse nosso site para se atualizar sobre nossa programação e os links abaixo para conhecer mais sobre os próximos filmes.
Programação 
25 de agosto de 2012, às 14h
Perdão, Mister Fiel (Jorge Oliveira, 2009, BRA, 95min.)

15 de setembro de 2012, às 14h
Verdades Verdaderas, la vida de Estela (Nicolás Gil Lavedra, 2011, ARG, 99min.)

13 de outubro de 2012, às 14h
Batismo de Sangue (Helvécio Ratton, 2006, BRA, 94 min.)

10 de novembro de 2012, às 14h
Cabra Cega (Toni Ventura, 2005, BRA, 105min.)"

Fonte: Memorial da Resistência



quinta-feira, agosto 09, 2012

Seis anos de Lei Maria da Penha e a novela

Casualmente, ou não, justamente no dia em que se comemorava os seis anos da sanção da Lei Maria da Penha vai ao ar a cena da "lavagem" da honra do coronel Gesuíno (interpretado por José Wilker) na novela Gabriela, adaptação do romance de Jorge Amado. Não pude deixar de observar o fato, visto que li o romance e sabia que havia o duplo assassinato dos amantes, bem como aconteceu na primeira versão do folhetim e como ocorre algumas vezes nas nossas cidades nos dias de hoje. A época em que se passa o romance está bem determinada, os preconceitos e a hipocrisia muito bem pontuados pela personagem feminista Malvina, que questiona e afronta a ideia de que homens podem tudo e mulheres não podem nada.
A lei Maria da Penha é um avanço, no entanto, muito ainda há o que mudar. Muito temos ainda para lutar, pois há muitos casos que ficam impunes, sem que o culpado cumpra pena e pague sua dívida com a sociedade. Este ano aqui em Pelotas aconteceu um dos casos que mais me chocou. No dia do atentado eu estava com meu pai e meus familiares no Hospital São Francisco onde ele estava realizando uma cirurgia. Por volta de 15 horas, no momento da visita aos pacientes da UTI ficamos sabendo que o ex-marido havia ateado fogo no corpo de sua ex-mulher na esquina do hospital onde ela trabalhava como enfermeira.
Com uma arma na mão ele ameaçava qualquer pessoa que tentasse apagar o fogo. Mas o medo foi vencido e um mecânico a ajudou. O corpo da moça ficou praticamente carbonizado. Ela não resistiu mais que algumas horas na unidade intensiva.  Eu presenciei a noite o desespero e a tristeza dos familiares que iam visitar a mulher no hospital. Vi também a revolta!
Alguns dias atrás podemos assistir, estarrecidos (aqueles que ainda se chocam e se indignam) em todos os telejornais a tentativa de assassinato em pleno pronto socorro da cidade. A agressão, que havia começado na casa da ex-mulher, teve cenas de filme de terror dignas de um Hitchcock, gravadas pelas câmeras de segurança do hospital. E que não foram poupadas ou atenuadas pelas redes de TV. Uma das coisas que me deixou mais besta foi a passividade das pessoas que presenciavam a violência.
A denúncia é importante para a obtenção da medida protetiva. Por outro lado, apenas a medida protetiva não garante a vida e o bem estar das denunciantes e seus filhos, muitas vezes tão vítimas quanto elas.
As cenas de Gabriela muito me revoltaram, justamente por saber que coisas como esta acontecem no nosso cotidiano. Absolvição por legítima defesa da honra foi um argumento muito aceito nos tribunais do passado. E há quem considere um argumento válido ainda hoje, pois do contrário os machões não tratariam mulheres como propriedades determinando vida e morte conforme lhes agrada. Com certeza há pelo Brasil e pelo mundo gente que pensa como o Coronel Ramiro Bastos que quer mais é que os juízes limpem suas bundas com os processos em que os maridos mataram suas mulheres acusando-as de adultério. Por que é muita macheza que tem estes coronéis com as armas na mão usando suas mulheres como quem usa uma privada para se aliviar.
Embora as mudanças estejam apenas começando e muito se tenha a caminhar para  conquistar um mundo sem machismo temos que comemorar as batalhas vencidas até aqui, seguindo sempre firmes na luta!

sexta-feira, agosto 03, 2012

"Mulher tem outras prioridades que não são arrumar homem"

A fala da Luciana Nepomuceno no programa "Encontro com Fátima Bernardes", hoje pela manhã, foi muito boa e foi um contra ponto crucial no meio de um programa tão chavão sobre "periguetes". Aliás, chavão e moralista! Não conheço a Luciana fora das redes sociais e do blog Biscate Social Club. Adoro sua forma de escrever calma e clara, assim como foi no programa. (Aqui um parentese literal, que programinha bem ruim hein!? Não tinha assistido antes, mas desde o primeiro tenho percebido várias críticas sobre ele. E não vou nem falar daquele "humorista"!)
Não pude assistir desde o início, mas dei a sorte de pegar justamente no momento da fala da Lu (posso te chamar assim Luciana?).

Das coisas que ela falou e mais gostei (e eu gostei de tudo, mas este trecho que destaco é o que penso desde sempre na minha vida) é que "mulher tem outras prioridades que vão além de arrumar homem!" Ela complementou muito bem dizendo que "ter um homem é ótimo", mas que nossos anseios e desejos vão muito além. O que pra mim parece e sempre pareceu óbvio. Até porque... se nossa única prioridade fosse arrumar homem ficaríamos paradas no tempo naquela vidinha de casar, ter filhos, cuidar da casa submissas, como era no século passado, não é mesmo?

Outro detalhe que sempre me deixa desconfortável é a coisa de que a periguete é uma fera desembestada que ataca os homens indefesos (porque só quer homem, não é um específico e bem pode ser todos), mas quer principalmente dinheiro. E aí me vem a cabeça, se a periguete quer homem e tu te sentes tão ameaçada não seria porque ambas tem apenas um (e o mesmo) objetivo na vida????? Porque num relacionamento não existe submissão (relacionamento de verdade com amor e respeito). Ninguém é dono de ninguém, não tem dono e propriedade, ambas as partes são livres e autônomas. Do contrário são gêmeos siameses! Portanto ela não tirou teu homem.
Também existe problemas como a auto estima e o ciúme, mas nestes não vou dar pitaco.É uma questão, como bem disse a Luciana de estar confortável consigo mesma.

Adorei quando a Lu demonstrou com inteligência que sedução vai muito além de mostrar o corpo, a lingerie, jogar o cabelo ou fazer beicinho. A comparação da forma de se expressar de uma neuro cirurgiã e ser admirada por sua inteligência com a mulher bonita com uma roupa marcando, sendo uma taxada de periguete e a outra não foi, como diz meu pai de "cabo de esquadra!" E arrasou o argumento da Isís Valverde. Na própria novela em que atua Isís tem o exemplo da Nina (a famigerada!) que seduziu Tufão com sua culinária e sua cultura. E olha que ela só veste aquele uniforme chinfrim! E olha que homens tem muitas fantasias com mulheres de uniforme! Mas é o contra ponto e o argumento usado pela Luciana sendo exemplificado na ficção Nina sem maquiagem ou jóias, de cabelos curtos num uniforme feio e calçando molecas, com sua forme de cozinhar e levar cultura a mansão brega de Tufão. Do outro lado a Carminha sempre bem vestida em tons pastéis, cabelos longos e louros, com jóias, maquiagens, "encarnando o papel da senhora do lar respeitável" (isto quando os outros estão olhando, porque do contrário é quase uma periguete).

A participação da Luciana salvou o programa. Já algumas falas da Isís Valverde a meu ver deixaram a desejar. Não vi se ela defendeu a personagem Suelem como uma mulher bem resolvida, livre e que gosta muito de sexo. Mas tem boas defesas da personagem em alguns textos na web. O importante é deixar claro que periguete ou biscate são pessoas que estão bem resolvidas quanto a suas vidas!


Não entendo...

Há dias não consigo escrever por aqui! No entanto alguns fatos me obrigaram a fazer um esforço.
A primeira delas esta relacionada as olimpíadas, da qual praticamente não se houve falar na mídia convencional. A mais grave é a absurda reação dos americanos com a atleta Gaby Douglas, ouro na sua modalidade. Toda vez que ocorre alguma situação em que o preconceito se torna evidente os hipócritas correm para desculpar ou dizer "que isto? Este negócio do politicamente correto tá ficando é politicamente chato!". É triste, porque ainda há quem ache normal distinguir as pessoas pela cor da sua pele ou determinar que uma pessoa não é bonita porque seu cabelo é crespo.
Qual pode ser a explicação/motivo de o cabelo de Gaby estar sendo mais comentado do que a medalha de ouro que ela conquistou, que não preconceito? Pura futilidade????
As olimpíadas 2012 já começaram num contra pé, mostrando que o preconceito existe e está aí para quem quiser ver. A expulsão de uma atleta grega por comentários racistas comprovam isto. E no Brasil a coisa não é muito diferente não. O preconceito existe. Ainda que se negue ele está lá a espreita para se exibir em todo o seu orgulho e arrogância.

O segundo fato que me deixa muito de cara é a forma como os esportes olimpícos são tratados no país. Mas isto já é clássico não é mesmo? Esporte por aqui é só futebol, atleta é só jogador. E ainda assim, com todo este interesse a cobertura esportiva é muito, como dizemos aqui no Rio Grande do Sul, muito fora da casinha. São os cabelos dos jogadores, os brincos, os namoros, os carros e vai se por aí um caminhão de besteiras, fofocas, fuxico e disse-me-disse que passam bem longe do talento ou da técnica do futebol. Há tempos que a fama de um jogador, seu sucesso ou seu fracasso é determinado pela mídia. Em especial por uma grande rede televisiva que é capaz de fazer ou destruir um profissional. Sorte de quem cai nas graças da dita cuja! E muita falta de sorte (bate na madeira, pé de pato mangalô três vezes) porque este sim é aniquilado.

E neste meio temos nomes notórios como o Dunga, como técnico, embora como jogador também tenha sido bem relegado, mas tal como Zagalo teve de ser engolido na copa de 1994. E até o próprio Ronaldo, Fenômeno, queridinho em alguns momentos, mas que teve seu peso debatido inúmeras vezes em cadeia "nacional" da rede plim-plim.

Este ano, tomara que esteja errada, a vítima pode ser Diego Hypólito medalhista olímpico. Há duas olimpíadas que os nervos afetam seu sucesso, mas não apagam a sua trajetória dentro da ginástica olímpica masculina. Não apaga, mas pode ser deixada de lado se apenas o erro for divulgado. Funciona como aquela história da mentira  que contada muitas vezes acaba se tornando verdade. Bem, não se torna um fato verídico, mas bem que tentam. E como tentam!

Eu me pergunto... Porque a seleção masculina de futebol não recebe a mesma cobrança que Diego Hypólito? Afinal nunca recebeu um ouro olímpico e tem muito, MAS MUITO MAIS INCENTIVOS FINANCEIROS PARA TREINAR E JOGAR QUE QUALQUER ATLETA DE QUALQUER OUTRA MODALIDADE. Ãh?


Muitos atletas individuais, como o próprio Diego, optam por treinar no exterior por causa da infraestrutura. Isto que sabemos que são investidos bilhões, trilhões em épocas de Pan, olimpíadas e etc e depois não se dá a devida manutenção. Estes atletas não são valorizados, bem como os atletas paraolímpicos que conseguem muito mais êxito que qualquer outro e sem apoio. A cultura é dar o peixe,  (porque isto faz das pessoas com fome dependentes) ao invés de ensinar a pescar (o que daria autonomia). E isto acontece em todas as questões por aqui, não é mesmo?