terça-feira, outubro 24, 2006

O Debate

Não tive paciência para os debates. Assisti a um no primeiro turno, mas não consegui aturar nenhum do segundo. Realmente não estou satisfeita com as opções que tenho para a presidência da República, mas meu candidato ao governo do Rio Grande do Sul está lá concorrendo com uma mulher. Apoio à escolha do povo gaúcho ao abrir mão do machismo, que parecia ainda estar arraigado, no entanto não sei se é a melhor escolha. Sempre falo nesta história que ficou muito marcada para mim. A primeira vez que estive em Brasília tive que amargar a gozação do pai do meu ex-namorado. Ele me trouxe o jornal e apontou uma matéria com fotos de algumas deputadas, entre elas uma conterrânea minha, que ao invés de estar no Congresso votando foi molhar os pés nas águas do rio Tigre ou arroio (não lembro). O passeio foi no Parque da cidade onde as senhoras passaram momentos aprazíveis e abriram mão de votar matérias importantes. Bem, para mim é suficiente saber disso, nada mais é necessário. A ex-deputada chamava-se Yeda Crusius.
Com relação aos debates para a presidência muita acusação e pouco trabalho efetivo. O país é muito grande e o que se faz no norte é impossível se ver no sul. Dentro do Estado já existem complicações imaginem num país do tamanho do Brasil?
Bem, a eleição é domingo, temos pouco tempo, espero que as escolhas já tenham sido feitas e que Deus nos Abençoe. Acho que só Ele ou o Chapolin poderão nos defender.

sexta-feira, outubro 20, 2006

De marom a nanica

Os mais atentos devem ter percebido que aconteceu uma pequena mudança no título/nome deste blog. As razões são duas uma que já descobri uns dois ou três blogs com o mesmo título, um tinha até um perfil semelhante a este o outro a meu ver nada a ver. Desculpem o trocadilho!
A outra é que a imprensa nanica surgiu num período da História que eu estudo já há alguns anos e revendo estes estudos percebi que o perfil deste blog assemelha-se mais a imprensa nanica - de protesto, alternativa e crítica - do que com a marrom - mais sensacionalista.

***************

Tem um link novo ali, aliás tem vários links e são muito bons, com muitas cabeças pensantes e bons textos, poesias, críticas, contos.
Visite-os acho que não irão se arrepender.
Ah! E comentem quando puderem, eu gosto de saber da opinião de vocês.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Com que direito?

O povo brasileiro é acusado de ter uma curta memória, de não lembrar das coisas que aconteceram há poucos anos atrás e envolveram os políticos, que em campanha sempre apresentam seu melhor sorriso falso e suas palavras mais doces para com as necessidades do povo e as mais duras contra os adversários corruptos e impunes. Mas impunes estão todos os políticos envolvidos em escândalos no nosso querido país. O Senhor Paulo Maluf, alguns exatamente doze dias depois de ter sido eleito deputado federal com a maioria dos votos pelo estado de São Paulo foi condenado e teve seus direitos políticos cassados por dez anos, mas ao invés de perder o mandato como deputado terá direitos e benesses devido ao fato de ser um parlamentar. Isso é realmente lamentável!
E a amnésia da população brasileira não pára por aí, pois apóia o PFL de Antonio Carlos Magalhães e o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e tantos outros, que estão em oposição ao presidente Lula. Não acho, pelo contrário, que se deva deixar para lá as investigações a respeito da origem do dinheiro para a compra do dossiê que envolvia o senhor José Serra, ex-ministro da Saúde de FHC e governador eleito de São Paulo. O tal documento também envolve, parece, o candidato à presidência senhor Geraldo Alckmin, pai de uma certa mocinha que trabalha naquela famosa loja... Daslux (acho que é esse o nome) e marido de uma certa senhoura que recebeu alguns vestidos exclusivos de um estilista. Mas isto não é tudo, posto que se este atual governo está envolvido em “miles” escândalos o do senhor Fernando Henrique Cardoso do PSDB não é mais limpo. Afinal de contas este senhor só pode concorrer a re-eleição devido a uma fraude, promovida pelo presidente do senado na época, senhor Antônio Carlos Magalhães. Sim, foi depois da fraude do painel eletrônico do Congresso, ou melhor, foi justamente devido a esta fraude que foi aprovada a legislação da reelição.
O que aconteceu? Não aconteceu nada, pois o senhor ACM renunciou ao cargo, FHC foi re-eleito privatizou o resto das estatais que quis e tudo “continuou como dantes”. Agora estes senhores muito cheios de não sei que autoridade rasgam o verbo exigindo explicações do atual governo, pedem que os ministros saiam, que o presidente renuncie ou seja cassado. Todos queremos explicações, todos queremos prisões e retaliações a estes senhores, todos culpados de alguma forma, ou de todas as formas, do atual estado em que o país se encontra. Inclusive nós, inclusive o povo. Sim, você, eu, todos somos culpados por permitir que durante tantos anos partidos como PSDB, PMDB, PFL e tantos outros de direita e de centro e de esquerda; porque na verdade estes partidos não têm ideologia a não ser a do poder, eles não querem o nosso bem, eles querem mesmo é o deles, a grana que recebem, as aposentadorias polpudas, as fraudes através das quais mandam dinheiro para o exterior, os bens que acumulam, as riquezas que extorquem do povo que continua sempre na mesma, mendigando um mísero bolsa sei lá o quê.
O PMDB já foi um partido que mereceu minha admiração, mas isso foi só no período da Ditadura Militar, depois disso virou um PFL que entra governo, sai governo tá sempre lá em Brasília dando pitaco e fazendo negociatas para se manter no poder. E a culpa é toda nossa, a culpa é só nossa porque somos maioria, somos mais de um bilhão, mas não temos coragem de dizer realmente o que pensamos, ficamos amarrados nas mentiras destes senhores. O pior é que ajudamos, por omissão ou por vontade própria – expressa através do voto, a eleger pessoas como Paulo Maluf, como o senhor Jader Barbalho, como os Magalhães, os FHCs, tucanos ou petistas sem se quer pensar o que realmente queremos. Na verdade elegemos estas criaturas por pensarmos só na gente. Porque não queremos perder o bolsa escola, porque não queremos nos dar ao trabalho de ler o que dizem as propostas de trabalho dos candidatos, porque não gostamos de política e político é tudo igual mesmo, porque pensamos que se tudo já esta uma MERDA vamos deixar assim mesmo porque pior não pode ficar. E se ficar? O que vamos dizer aos nossos filhos e netos que um dia terão orgulho como eu tenho dos estudantes que lutaram contra a ditadura, mas que não terão orgulho da nossa omissão? Com que direito PFL e PSDB cobram tantas explicações se eles mesmo não deram as explicações devidas há tanto tempo? Com que cara nós vamos dizer aos nossos netos que este país é deles e que muito pouco nós fizemos para melhorá-lo?
Eu não sei se as coisas que eu escrevo são lidas por alguém, não sei se fazem com que outras pessoas reflitam sobre a nossa história e sobre a política e o nosso papel dentro dela. Mas não vou me calar. Mesmo que pouquíssimas pessoas leiam o que penso, mesmo que as minhas ações como cidadã sejam insignificantes numa visão maior, não vou deixar de fazê-las, porque eu não vou me omitir e nem permitir que outros decidam por mim. Não importa o que os retrógrados pensam, não me interessou antes e não me importa agora, minhas ações por menores que sejam continuarão existindo, meus protestos mesmo praticamente inaudíveis continuarão sendo feitos e minha fé... bem minha fé continuará sustentando minhas crenças de que as coisas irão mudar. Não deixarei meus ideais caírem no esquecimento e um dia todos estes politiqueiros serão varridos do poder pelo povo – que terá sua memória recuperada.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Cláusula de Barreira

O Partido Verde do Gabeira pediu várias vezes votos para a legenda, caso o eleitor não tivesse interesse de eleger nenhum de seus candidatos. Seu pedido tinha por objetivo vencer a tal cláusula de barreira que ninguém sabe direito o que é. Ou melhor, não sabia até ter elegido sujeitos feito o Collor e o Maluf e ter deixado sem voz, é sem voz ou direito de voto, pessoas como o já citado Deputado Federal Fernando Gabeira.
A tal da cláusula que vigora lá no nosso parlamento deixa sem direito de voto, não participa de comissões e não tem bancada. Isso porque não conseguiram 5% dos votos apurados distribuídos em pelo menos 1/3 dos estados.
Ou seja, aqueles partidos chamados “nanicos” que tem pouca representatividade no Congresso ficaram agora sem nenhuma representatividade. Foram eleitos pelo voto direto do povo, mas não poderão participar de nenhuma decisão que afete o povo, nada em defesa do povo, como sempre. Aliás, os poucos representantes que fazem algum barulho na Assembléia, aqueles dos partidos “nanicos”, agora não vão poder fazer nem barulho, estão fadados a andar pelos corredores do Congresso Nacional tal como, o apelido dado a eles depois do primeiro turno, Zumbis. Melhor dizendo, poderão fazer barulho, mas isso não significa que haverá mudança. O que sinto mesmo é que pessoas como Gabeira, Babá, Luciana Genro, Paulo Freire fazem parte desta turma que ficará sem voz. Dá para saber mais sobre a tal cláusula aqui e aqui.
Como alguns partidos “aliados” também ficaram presos na tal cláusula o TSE pode flexibilizar a cláusula. Isso seria como acontece no futebol, perde o jogo, mas ganha no tapetão.

terça-feira, outubro 03, 2006

Licença para roubar

Com certeza não foi a minha vontade, mas foi à vontade da maioria do povo brasileiro que as eleições acabassem e elegessem quem elegeu. Uma reportagem do jornal espanhol BBC diz que “eleitores brasileiros ‘dão’ licença para roubar”. Não estão errados e não digo isso, como se referiu ao jornal só ao fato do presidente Lula continuar na disputa, mas no fato de os eleitores terem levado para o Congresso e o Senado vários candidatos que são suspeitos de envolvimento com as máfias que transitam pelos corredores do poder em Brasília e outros que foram cassados, como o ex-presidente Collor, outros que foram condenados e presos como Paulo Maluf, entre outros.
A licença para roubar é bem um cheque em branco da nossa conta pessoal. E com a autorização da maioria de nós, pois mesmo que eu não queira lá cidadãos como Waldemar Costa Netto a população o elegeu. Embora o ex-prefeito de São Paulo tenha sido preso por desvio de divisas e fraude na prefeitura, foi eleito com a maior votação naquele estado.
O segundo mais votado foi Clodovil, que levou de lambuja um policial militar linha dura que gosta de ressaltar que é muito tradicional. A melhor resposta dadas aos jornalistas pelos candidatos eleitos sobre quais seriam as suas primeiras ações como parlamentares foi a de Clodovil que bem ao seu estilo respondeu: “não sei, eu nem sei se lá ainda se faz política!”.
O resultado das urnas foi bem diferente daquele que eu e alguns sonhadores imaginamos. Não foi feita a renovação, nem a limpa a que todos almejavam. Não adianta ir com nariz e roupa de palhaço para as urnas se a maioria vota nos mesmos caras sempre. Só o que posso dizer agora é que realmente “cada povo tem o governo que merece!”