Não entendo nada da religião católica. Nada de dogmas e estas coisas. Li uma reportagem onde dizia que o Papa Bento XVI havia recebido, lá em 2010, um dossiê com denúncias de casos de homo afetividade (sou politicamente correta), prostituição e desvios de dinheiro dentro do Vaticano. É no Vaticano, a casa do papa. Além disso tem todas as várias denúncias de pedofilia contra alguns padres. Sabemos que os dogmas seculares da igreja não vão mudar de um dia para o outro, no entanto é papel do Papa posicionar-se diante das denúncias. Óbvio que não perdoando os "pecadores", mas encarando de frente estas questões.
Creio que o primeiro ponto deveria ser tirar os padres dos pedestais e colocá-los junto com todos os outros cidadãos. Padre não é, nem nunca foi, homem santo. Isto nem existe, prova disto são as denúncias reais de abuso de poder, porque ser padre dá algum poder sobre os fiéis. E não é papel do pároco tirar proveito de suas "ovelhas", mas sim orientar, auxiliar.
Outro ponto que me pareceria interessante é, ao invés de perdoar, agir com os padres pedófilos com o mesmo rigor que agem com casais divorciados, com homo afetivos ou em outras tantas situações em que a igreja e os padres tratam os envolvidos como se fossem o próprio capeta em forma de gente. No caso de padre pedófilo a punição deveria ser a excomunhão. Explico porque digo isto. Não que eu acredite ou tema a excomunhão. Na verdade não acredito nem tenho medo, porque sei que esta é uma decisão tomada por um homem, de um ponto de vista apenas, que não representa a opinião de Deus. Não sou católica, creio no perdão, mas entendo (posso tá errada) que a maioria das pessoas esperavam que o Papa fizesse isso. Mas ele não fez nada disso e deixou as coisas quietas, como se nada tivesse acontecido.
É que espera-se da religião a mesma decência que esta mesma religião coloca nos dogmas que professa. Espera-se que os padres, ministros, bispos, papa sigam estes dogmas com mais rigor do que o fiel que frequenta a igreja.
Está certo que o pontífice é um homem de idade avançada e atualmente cheio de problemas de saúde. Mas há dois anos ele teve esta "revelação" e ficou refletindo, sem encontrar uma solução. A batata quente foi passada para o próximo papa, que será escolhido num conclave em março. Com certeza não haverá a comoção do último, em que se escolheu o sucessor de João Paulo II. A carga que o novo papa terá de encarar não vai ser fácil, mas grandes poderes trazem grandes responsabilidades.
Esta página é para quem acredita que um mundo melhor é possível e que o jornalismo deve ser livre, íntegro, revolucionário, questionador e formador de opiniões, ou pelo menos fazer com que a gente pense. Segundo Millôr Fernandes "a função do Jornalista é trabalhar para ser demitido". Eu já estou no 3 a zero. "Livre pensar é só pensar" Millôr Fernandes
terça-feira, fevereiro 26, 2013
quarta-feira, fevereiro 06, 2013
A fé que cura e a fé que mata
Sou uma pessoa de
fé. Acredito em Deus. Sou
espírita, freqüento o centro, tomo passe, oro e faço o evangelho no lar. Tenho
uma i finidade de defeitos. Mas tento guiar minhas atitudes dentro dos
ensinamentos de Jesus Cristo, que foi um homem como nós, em carne, só que muito
mais evoluído espiritualmente que qualquer outro ser encarnado e muito mais do
que qualquer cristão poderia descrever. Principalmente certos cristãos que
crêem estar acima do bem e do mal.
Tenho plena consciência
de que a fé ajuda na cura de doenças. Inclusive há estudos sobre a relação cura
e fé. Mas compreendam bem, não sejam tolos ou arrogantes de imaginar que serão
curados sem fazer um tratamento físico. A fé auxilia na cura, porque parte do
tratamento é espiritual. O corpo tem que ser tratado com o medicamento, com a
cirurgia, com o soro, com a injeção, com o curativo. Conheço pessoas religiosas
que tiveram doenças graves que se curaram bem mais rapidamente da sua
enfermidade por crer em algo maior. Seja lá o nome que se queira dar. Enquanto
outras fizeram o tratamento, curaram-se com um pouco mais de vagar por não ter
uma fé. E conheço pessoas que estão morrendo em sofrimentos medonhos por serem
orientados a não tratarem seu físico e ficarem apenas com a fé.
Sei que algus
vão dizer, são fanáticos que morram estão escolhendo isto, nada mais natural.
Mas tenhamos compaixão, empatia. Alguém que recebe o diagnostico de um câncer
maligno (ainda que hoje existam tratamentos eficientes) ou um exame de HIV em que
descobre ser portador do vírus sente-se como se houvesse recebido uma sentença
de morte. No primeiro momento se sentirão abandonados, revoltados, perdidos.
Irão buscar além do tratamento médico tudo e qualquer tipo de cura alternativa
que lhe oferecerem. É muito difícil manter o equilíbrio sabendo a barra que tem
de enfrentar no tratamento de tais doenças. Então as pessoas vão buscar na
igreja, na umbanda, na benzedeira um conforto pra sua alma. Não podemos
julgá-las. Elas estão sofrendo. Estão desesperadas.
Mas o padre, o
pai de santo, a benzedeira, o rabino, o pastor tem que saber que tem grande
responsabilidade junto daquela pessoa. Suas palavras serão regras, serão ordens
praquele ser que busca sarar seus males. E eles devem ser responsabilizados criminalmente,
se preciso for, ao orientarem alguém a largar o tratamento médico. Mandar
alguém não fazer um tratamento é assassinato, porque aquela pessoa não quer
morrer, ela esta buscando algo que a conforte e ajude em momento tão difícil.
Pastores que orientam
seus fiéis a não se tratarem devem responder criminalmente. Pois não é assim
que o médico responde por um erro ou por negar atendimento?
Estou vivendo a
perda do meu sobrinho de 24 anos, com toda a vida pela frente. Ele foi
diagnosticado com um sarcoma maligno no braço esquerdo e foi orientado por seis
médicos a amputar o braço, pois desta forma tinha 79% de chance de cura. Ele
morreu esperando um milagre que lhe venderam. Eu digo que ele foi assassinado,
pois o pastor, mentor espiritual dele disse que ele não deveria fazer a
cirurgia, que os médicos queriam mutilá-lo. Aliás, esta criatura que se diz
servo de Deus, disse em alto e bom tom que (vejam se não é caso de polícia)
“mesmo que Deus lhe dissesse que o Igor deveria fazer a cirurgia ele não diria”.
Foram as palavras dele, dentro de uma sala cheia de testemunhas. E o Igor me
disse que se Deus o orientasse a fazer a cirurgia ele faria. Mas não adiantou
dizer que era o que Ele queria. Não adiantou que outras várias pessoas que o
amavam lhe dissessem. Ele precisava ouvir da boca do pastor, que se negou a
dizer mesmo quando a mãe do Igor implorou que ele dissesse.
Este pastor de
meia pataca agiu da maneira mais vil e cruel, de maneira que pessoas de bem nem
conseguem imaginar tamanha crueldade e mesquinhez. Ele via o guri com dores
horríveis e dizia que ele não devia tomar os remédios pra não se “viciar”. Fez
com que meu sobrinho passasse vários meses com dores terríveis, agüentando no
osso do peito as dores lancinantes, que ele corajosamente chamava
“desconforto”. Mesmo nos últimos dias, já com metástase nos pulmões e em outros
órgãos o Igor tinha medo de tomar morfina e enfraquecer o coração ou se viciar.
Porque ele esperava o milagre que o pastor lhe prometera. A cura, a
reconstituição do braço e suas carnes necrosadas. O milagre para o qual se
preparara batizando-se, deixando de sair com os amigos de sua idade, indo de
casa para a igreja e da igreja pra casa sem um divertimento. E quando ele se
deixava levar pelo espírito juvenil e ia a um baile os seguidores do tal pastor
e o próprio diziam que ele estava se desviando. Levando-o a crer que não
recebera o milagre ainda por sua conduta. Como se Deus fosse um tirano
torturador, que só julga e cobra. O
pastor falava ao Igor que ele não podia ficar deitado, que tinha que se forçar
e caminhar, mesmo que o corpo não tivesse forças pra isto. Mesmo que se
esvaísse o pouco de vitalidade que lhe restava. O pastor deu contra sempre! Foi
contra todas as indicações médicas, chegando ao ponto de dizer, quando um dos
médicos sugeriu tratamento psicológico, que “psicólogo é pra louco!”.
E nós, que tanto
brigamos, argumentamos, amamos o Igor pedindo que ele fizesse a cirurgia não
tivemos o crédito que o pastor assassino teve. E assim como este homem teve
coragem de orientar um jovem do seu próprio sangue, a não tratar sua
enfermidade grave, ele deve orientar outras pessoas com doenças tão graves
quanto a dele, sempre pedindo dízimo, sempre estendendo a mão para pegar o
dinheiro daquele que nele crê. Sem dar ao próximo um pingo de compaixão. Este
sujeito é tão cara de pau que cobra até para fazer uma oração. Vejam se é coisa
de quem diz seguir os mandamentos de Jesus? Ninguém precisa acreditar em Deus
ou em Jesus para enxergar a desumanidade e a crueldade que é usar algo em que uma
pessoa acredita e a que ela se agarrou como tábua de salvação para tirar
dinheiro dela.
Não tenho a
intenção de abalar a fé ou a crença de ninguém. Como disse no início do texto
eu tenho fé, creio em Deus e não quero que ninguém deixe de crer. Minha
intenção e a da minha família, principalmente da minha irmã, mãe do Igor, é
alertar outras pessoas para que não caiam em ciladas da fé. Creiam, mas não se
ceguem! O guia espiritual, seja da religião que for, é um homem igual a gente
com as mesmas possíveis qualidades e os possíveis defeitos. Não há perfeição
aqui. Pratiquem sua fé, mas respeitem os outros. As pessoas que freqüentam as
igrejas e templos não podem ser taxadas de pessoas ruins porque há dirigentes
que são mau caráter. Os seguidores de uma crença estão ali pelo que crêem,
estão em busca de uma comunhão com Deus, errados são aqueles que usam disto
para obter lucro. Dizem estes senhores que seguem Jesus, mas vendem seus fiéis
tal qual fez Judas, dando inclusive o beijo da traição na face.
A história pode
ser ainda mais triste e macabra. Mas por enquanto vou parando por aqui. Espero
que este pastor assassino, porque ele cometeu um assassinato sim orientando meu
sobrinho a não tratar-se, tenha consciência e que sua consciência doa e o faça
pensar no erro tremendo que o cometeu.
Sei que o Igor
está sendo auxiliado no astral, que recebe, embora não acredite, o auxilio que
precisa da espiritualidade. Peço a todos que orem pedindo luz pra ele. Pedindo
força pros pais dele e pra toda a família. Solicito que compartilhem, comentem,
alertem as pessoas de suas relações quanto a esta história. Ela é real embora
pareça um romance. É a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida.
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