segunda-feira, dezembro 22, 2008

Balanço do ano

Acho que a notícia mais badalada deste ano, falando internacionalmente, foi a eleição de Barack Obama. Tenho minhas ressalvas quanto aos americanos por questões históricas, pelo fato de eles financiarem guerras, enfim... e a eleição de um homem negro é um feito histórico. Por que ao mesmo tempo que lutamos contra o racismo, no mundo, digamos assim, ele ainda vive, ocorre. Sinal de que precisamos continuar lutando, não só contra o preconceito, mas contra qualquer tipo de preconceito. O melhor de tudo mesmo pra mim é a saída de Bush da Casa Branca.
No Brasil para mim a cousa ainda está confusa. Não sei se o saldo foi positivo ou não. Politicamente falando tivemos várias decepções, casos sérios de corrupção e algumas prisões. Ah! Continua tendo casos de dólares nas cuecas, ou seriam casos de cuecas milionárias. Também teve homicídios chocantes e a trágica enchente e desabamento de morros em Santa Catarina. Deste último caso ficou o saldo da solidariedade, embora tenham sido descobertas fraudes e desvio de dinheiro de campanhas para os desabrigados.
Eu nem sei mais o que dizer, porque bem que eu queria ter muitas coisas boas pra falar, dizer que o ano foi maravilhoso, não teve corrupção, os indices de analfabetismo diminuiram, a pobreza deu lugar para a boa qualidade de vida e a igualdade social, os corruptos foram presos e as guerras pelo tráfico deram lugar a paz, o número de vítimas de balas perdidas e do trânsito caíu, as empresas e as pessoas estão agindo mais em prol do meio ambiente, entre outras notícias que gostaria de saber, de ler, de escrever. Infelizmente ainda não foi dessa vez, quem sabe no próximo ano? Vamos fazendo nossa parte, assim como na fábula do colibri. Aos olhos de alguns pode ser pouco, mas se cada um fizer o seu pouco...
Fico torcendo para que 2009 seja cheio de luz e paz para todos nós.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

O beijo de Bush

Um beijo de despedida nem sempre é doce, principalmente quando a despedida é conturbada e a relação foi ainda mais conturbada. É o caso da bitoca de Bush no Iraque. Acabou tendo que mostrar agilidade ao desviar-se de dois sapatos número 42. E disse não sentir-se ofendido ao ser chamado de cachorro.
Embora ele não tenha se ofendido o ato em si, demonstra o desagrado de parte do povo com a política dos Estados Unidos para com o Iraque. O insulto do jornalista Muntadhar al-Zeidi pode ser considerado um problema diplomático. Só não entendo porque a invasão do Golfo, do Iraque, do Afeganistão pelos Estados Unidos não é.
Agora o reporter está preso, alguns dizem que ele está com o braço e algumas costelas quebradas. Mas talvez isso seja só especulação, afinal os militares americanos são muito bons, não torturam prisioneiros dentro das dependências do exército e nem batem neles, pelo contrário os tratam muito bem. Ah! Perdoem-me, o jornalista está sob investigação do exército iraquiano. Bem, sendo assim a coisa muda de figura, como sabemos lá é muito problemático, tanto que os Estados Unidos mandaram tropas para "libertar o povo" e punir o ditador.
Ironias à parte, acho que temos que respeitar os visitantes, é o que manda a boa educação. Agora o visitante também tem que se dar o respeito e respeitar seus anfitriões. Onde já se viu ir até o país invadido por suas tropas e ficar de gracinhas frente as câmeras de televisão? Além do quê, beijo não é uma boa referência e até em dicionários de sonhos tem a interpretação da traição, pelo beijo de Judas em Jesus, talvez. E também tem o beijo da máfia, que pelo que sei é o sinal de que o "vivente" está prestes a virar "morrente". Ou como diria um parente meu "deu pra bolinha dele".

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Cafajestada

Primeiro o ex-marido de Suzana Vieira bateu numa profissional do sexo, quebrou o quarto de um motel e não quis pagar. Por isso foi preso. A Suzana o perdoou. A imprensa caiu em cima dizendo que ela não devia ter desculpado o que ele fez. Depois ele arrumou uma amante de vinte e poucos anos. Muito mais jovem que a esposa. A amante foi quem contou tudo a "matriz", que pediu a separação. Ele bateu na amante, que depois de voltar para a casa dos pais o perdoou. Foi morar com a nova mulher e acabou morrendo depois de uma noitada cheia de cocaína e bebidas.
Marcelo Silva ficou famoso apesar dos escândalos. Pelo histórico escolar, além das notas, percebe-se o comportamento rebelde e agressivo. O que veio confirmar-se com as agressões e conflitos em que se envolveu. Foi expulso da polícia. A mãe mostra-se triste. Mas em torno dela gira a polêmica sobre como a namorada devia proceder no caso de ele ter problemas com drogas. A demora no socorro dificultou o salvamento.
Marcelo não soube lidar com a fama que veio com o casamento com uma "estrela" e seu envolvimento com drogas era bem complicado, como se pôde ver. A mãe chora a morte do filho e deve se perguntar o que fez de errado.
Assim como Ana Maria Braga depois deve estar se perguntando porque não ficou calada ao invés de ter dito tantas coisas dele e para ele em seu programa. Depois de saber da morte disse que estava rezando por ele. Ah! O arrependimento de não ter se contido! Talvez ele devesse ter ouvido isso de alguém. Talvez alguém devesse ter falado a ele que o que ele fez não estava correto e ele estava se comportanto como um cafajeste. Mas não em cadeia nacional. Porque ninguém é o dono da verdade.
Ele devia ter ouvido isso da mãe, de um irmão, de um amigo. A mãe diz que vai processá-la pelas ofensas que acabaram levando o filho a uma depressão e depois a morte.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Prêmio Esso de Jornalismo

O 53º Prêmio Esso de jornalismo teve como vencedora a repórter Elvira Lobato. A noite de premiação foi na terça-feira, dia 9, e entregou o prêmio a repórter da Folha de São Paulo pela série de reportagens "Universal chega aos 30 anos com império empresarial". A Jornalista sofreu vários processos por causa deste trabalho e disse ter recebido o prêmio como um desagravo.
Mas o que achei mais interessante foi o prêmio de distinção para melhor contribuição à imprensa, que foi dado ao projeto Diário em Braille, do jornal Diário de Pernambuco, que publica alguns exemplares de suas edições em braille e doa a instituições de apoio a deficientes visuais.
Não pela contribuição exclusiva à imprensa, mas pela contribuição na vida destes deficientes visuais. O jornalismo deve ter alguma contribuição social além de enriquecer o donos das empresas jornalísticas. Projetos como este demonstram que, talvez, nem tudo esteja perdido. Veja os outros vencedores aqui na coluna Jornalistas & Cia, do jornalista Eduardo Ribeiro.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Atendimento ao consumidor

Uma nova lei obriga as empresas a atenderem os consumidores com atendentes em seu SAC ao invés das insuportáveis gravações que dizem os números que devem ser teclados de acordo com o serviço que se pretende. A lei tem um bom objetivo. Mas ser atendido por máquinas é tão bizarro quanto ouvir um "alô, pois não em que posso servir" das atendentes de telemarketing que também parecem máquinas, pois apenas repetem inúmeras vezes a mesma lenga-lenga. Elas não tem poder de resolver nada, não há autonomia delas.
Mas nós vivemos num país em que o dia do consumidor é dividido com o dia do palhaço, enfim... qualquer semelhança entre um e outro é mera coincidência.
Enquanto o governo quer punir as empresas que não prestam um bom serviço de atendimento ao consumidor, ele próprio peca no mesmo caso. As linhas de 0800 do governo são um caos, sempre ocupadas, dificuldade em atendimento, entre outros inúmeros problemas. A vantagem é que ainda não se paga a ligação, coisa que acontece em algumas empresas, como alguns bancos privados, onde a linha de atendimento ao cliente é um 0300 ou 0400.

Filantropia um tanto nojenta

Concordo que é por uma boa causa, mas não deixa de ser meio nojento pagar para ter em casa um chiclete mastigado por Cauã Reymond. Eu não pagaria nem um centavo, mesmo existindo por trás uma causa nobre. Justamente porque tem também a causa capitalista da empresa de gomas de mascar, que utiliza o leilão para divulgar a maior duração do sabor do produto.
Foi gravado um vídeo com o ator mascando o chiclete por 15 minutos e pode ser assistido no Youtube, claro.
O "souvenir" foi arrematado por R$ 350,00 e beneficiará a ONG Dentista do Bem. Estranho isso, pois os dentistas que consultava quando criança sempre diziam pra não mascar chicletes. Se bem que Trident não tem açúcar.
A causa é nobre, mas chiclete mascado não dá. Como disse o Wilker, na pele de Roque Santeiro, ao Toninho Jiló que queria vender relíquias de Roque Santeiro ao próprio Roque sem saber, "se fosse a cueca eu comprava".

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Farra de policiais

Eu não tenho lido muito jornal, na verdade quando trabalhava no jornal lia menos ainda. Estava cheia de coisas para ler e estudar, e ainda estou, mas procurando um assunto no jornal me deparei com várias fotos de policiais e moças com o rosto quadriculado e a chamada, "Farra de policiais". Fui obrigada a ler a matéria. Os vizinhos da casa onde ocorria a farra haviam feito uma queixa e os brigadianos foram chamados para solicitar que fosse baixado o som da festa.
Ao invés de diminuir o barulho os policiais entraram para curtir a festinha, pois segundo está na matéria um deles era conhecido da aniversariante. As meninas tiraram várias fotos com a boina de serviço do brigada e com as algemas. Os policiais foram flagrados, ou como diriam em revistas de fofocas, clicados com uma garrafa de cerveja e bebendo, além de posar para fotos com as moçoilas. Isto tudo em pleno horário de serviço.
Não existe mais aqueles policiais como os dos filmes que dizem, "não posso beber estou de serviço!". É claro que as fotinhos foram para o orkut das meninas e o vídeo para o Youtube.

Anônimo

Recebi por email um texto emocionante. Não se tratava de uma corrente, tão pouco de uma daquelas mensagens em ppt, cheia de fotinhos bonitinhas, que eu adoro e compartilho apenas com os amigos, que sei também gostam deste tipo de mensagem. Quem me passou foi minha cunhada Suéllen, que nunca me escreve. O texto não tem assinatura, portanto não sei quem o escreveu, mas, mesmo assim, deixo claro que não sou eu a autora. É uma leitura um pouco longa, e talvez alguns não gostem do tom espiritualista que há nela. No entanto, ainda que não acreditemos em nada o ocorrido em Santa Catarina é uma lição. Uma lição de que devemos preservar a natureza, de que devemos ser solidários com os outros, enfim, inúmeras são as lições, resta a cada um de nós avaliarmos por nós mesmos e tirar as que nos servem.

O sol brilhou!

Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar.
A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre
esta "folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar
ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria
tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que
a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.
As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens
claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e
descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu
quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.
Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é
surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no
ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos.
As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos
fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder
a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver
que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais
fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.
Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU
etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando
principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos
e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim
como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender
nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas
casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que
restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não
ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em
áreas secas.

Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo
no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos
instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana
que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta
diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de
toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul..
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que
trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se
portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e
auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas
embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos
locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram
tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que
longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a
esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar
caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no
centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:

COMEÇAR DE NOVO
Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz

Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje

Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério

Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento

Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos

Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia

Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome

Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água

Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas

Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar

Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates

Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome

Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas

Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos

Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia

Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias

Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto

Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora

Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração

Eu não tinha boa memória

Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos

Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão

Tínhamos um rio
Agora somos parte dele

É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus

Vamos começar de novo.
(Anônimo)


É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente.
Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de
crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos. (autor desconhecido, pelo menos de mim)

Descaso da população

Após os acontecimentos trágicos em Santa Catarina, que contabilizam mais de cem mortos, vários desaparecidos e centenas de desabrigados, cabe falarmos em cuidados com o meio ambiente. Falar e agir muito mais do que ocorre hoje. É sabido que o desmatamento, as queimadas e o lixo que se acumula nas grandes cidades são causas de desastres ambientais. Aqui em Pelotas não temos morros para desabar, mas temos muitas águas que podem subir e invadir casas. Já aconteceu antes. As enchentes podem ocorrer, como foi o caso em anos anteriores pela falta de vazão da água ou por uma bomba queimada. E, pode também ir a acontecer por conta das incontáveis garrafas jogadas no esgoto, dos sacos e sacolas plásticas que "inundam" e imundicíam os canais que cercam a cidade.
Não há desculpas para o descaso e o relaxo da população em jogar o lixo em locais inadequados. Não aceito desculpa alguma porque acontece recolhimento de lixo na cidade. É uma questão de educação, de preocupação com um lugar que é nosso. Além disso, em caso de desastre ecológico ou enchente sabemos bem quem são os prejudicados.
Vamos abrir os olhos!

Abuso

A muito que vem se debatendo a posição da televisão frente a situações de extrema polêmica. É claro que isto não fica só na televisão, isso vale para a imprensa de modo geral. As questões éticas por vezes passam longe das redações dos jornais, que preferem divulgar uma notícia superficial e mal apurada a perder o furo de reportagem para algum concorrente. É nesse afã que muitas informações erradas são passadas pelo público, pois ainda vale aquele dito popular de que "quem conta um conto, aumenta um ponto". Foi assim no caso da Escola Base lá em São Paulo e é assim em qualquer crime que esteja sendo investigado ou que tenha acontecido. A imprensa tá lá mostrando minuto a minuto todos os acontecimentos do fato e dando munição ao criminoso para se safar. Um dos casos mais recentes foi o seqüestro em Santo André, onde o criminoso deu várias entrevistas a emissoras de rádio e televisão durante o tempo em que mantinha suas vítimas em cárcere.
Esta não é a função do jornalista. Nunca foi e aproveitar-se de uma situação extrema para vender jornal e aumentar audiência também é um crime. Eu sou jornalista, cursei quatro anos de faculdade e trabalhei em jornal. Digo abertamente que me decepcionei com a maneira que o jornalismo é encarado hoje em dia. Não existe mais uma função social, pois o sensacionalismo tomou conta de tudo, são raros os noticiários que buscam apresentar uma informação bem trabalhada, investigada de forma verdadeira objetivando da elucidação dos fatos. Quando acontece uma tragédia, seja lá de que magnitude, apenas aquilo é noticiado, e as imagens são as mesmas em todas as emissoras, o enfoque informativo é o mesmo e as entrevistas não passam de um cutucão na ferida abertas das vítimas que não sabem o que dizer, porque a dor é imensa. Mas o repórter tá lá enfiando o microfone na cara das pessoas, sem pensar em nem por um momento na fragilidade daquela criatura que pode ter perdido tudo ou que ainda não tomou conhecimento do tamanho do problema que está enfrentando.
Tenho consciência de que o jornalismo que gostaria de fazer não é prática em jornal algum. Minha maneira de ver as coisas e de querer passá-las é romântica, ocupa espaço e pode não fazer com que os jornais sejam comprados. Até porque esta maneira de trabalhar a informação requer tempo para ouvir todos os lados do mesmo fato, precisa de interesse pelas coisas que envolvem aquele acontecimento e muitas vezes pesquisa para uma comparação e o jornal tem que ser fechado hoje, o site tem que ser atualizado agora, a notícia tem que ir ao ar daqui a meia hora.
No entanto, mesmo trabalhando na correria, fazendo entrevistas pelo telefone e escrevendo dez matérias por edição de jornal dá para atuar de forma coerente e ética no jornalismo, basta querer. Basta que se tenha ética na vida.
Dos livros que li na faculdade o que considero como mais importante na minha formação é A Regra do jogo, do jornalista Cláudio Abramo. Naquelas páginas está demonstrada que não existe a ética do jornalista, mas a ética do marceneiro. É como ter caráter. Caráter todos tem, o que difere é que uns são mau caráter e outros são bons. Abramo diz em seu livro que é uma ética apenas que existe, não dá para eu pensar e agir com uma ética na minha vida profissional e na minha vida familiar e social de outra. Ou sou ética nas duas ou em nenhuma.
Porque comecei a falar sobre tudo isto, depois de ler a notícia de que o Ministério Público pede uma indenização de R$1,5 milhão a RedeTV, através de ação civil pública pela entrevista divulgada no programa da apresentadora Sônia Abraão, A Tarde é sua. Foram exibidas duas entrevistas com Lindenberg e a ex-0namorada Eloá. A primeira entrevista foi ao vivo, durante o cárcere e a segunda foi gravada. O MP considera que a atitude atrapalhou a ação policial. O que é criticado por muitas pessoas pois o que se percebeu foi que o bandido monitorava a atuação da polícia pelas notícias da tevê.

Dia Mundial de Luta contra a Aids

Dia 1º de Dezembro é dedicado ao combate a Aids, uma doença infecto-contagiosa que ainda atinge muitas pessoas no nosso País. Embora sem cura o HIV, vírus da imunodeficiência adquirida, hoje as pesquisas permitem que o portador do vírus e mesmo o doente tenham uma melhor qualidade de vida. Mas prevenir ainda é tudo!
Comecei minha vida sexual num tempo em que a mais cruel doença venérea matava muitas pessoas e assustava o mundo. Um mundo cheio de preconceitos, que demorou muitos anos até perceber que esta doença não é um castigo contra homossexuais ou pessoas que optam pelo sexo livre e são taxadas de promiscuas. O HIV pode atingir qualquer pessoa, em qualquer idade.
Eu gostei muito da iniciativa do Ministério da Saúde de focar o pessoal que tá na casa dos enta. A propaganda da campanha é original e engraçada, coisa que fala direto ao pessoal interessado.
Vamos nos prevenir, para que um dia esta data seja do dia livre do HIV-Aids. E vamos deixar o preconceito de lado.

Vento

Na minha cidade faz dois meses, ou mais, de vento incessante. Voa tudo pela rua de sacolas plásticas a sacos e papéis jogados pelo chão. Outro dia quase cai observando uma pomba que tentava inutilmente voar contra o vento. Ao contrário da música do Caetano, para ela não teve sentido de liberdade mas de superação. Mas o vento foi mais forte e ela mudou a direção de seu vôo.
Hoje eu lembrei que minha mãe sempre dizia quando ficávamos em casa quando ela precisava sair fazer alguma coisa fora. Quando tinha vento e o tempo estava feio para chuva que nós não saíssemos pra o pátio, pois o vento poderia fazer voar as telhas e uma dela cair na nossas cabeças. E foi justo no momento em que pensei no que ela me dizia que quase fui acertada na cabeça por um pedaço de reboco que caiu do prédio do ICH. Sorte que essa passou de raspão.
Este período de vendaval, que sempre ocorre em Pelotas nessa época, é péssimo pois a poeira toma conta das casas. Bom mesmo só para secar as roupas, isto quando elas não se desprendem dos varais e saem planando pelo ar parando sabem lá Deus onde.
Enquanto o vento não dá trégua segue descabelando as pessoas, levantando as saias das moças, derrubando galhos, empinando pipas. Soprando forte e nos lembrando de que ele está lá e que se muitas das coisas não são mais como antigamente a culpa é nossa.