sexta-feira, março 20, 2009

O CORDEL DO PAPA E DO ESTUPRADOR

Recebi por email este cordel. As rimas são certeiras e demonstram em verso o que toda a população do Brasil discutiu em prosa. Miguezin da Princesa está de parabéns, é pena que realmente todos os abusos e absurdos realizados pela santa madre igreja na idade média e desde sua criação mandando e desmandando nas pessoas pareça que não mudará jamais.
Para completar o papa Bento XVI, assim como seu antecessor João Paulo II, é contra a utilização da camisinha como prevenção a Aids, que mata milhões de pessoas, principalmente em países miseráveis. Como já disse antes, a igreja deve considerar que é melhor que as pessoas morram de fome e de doença do que permitir mudanças nas suas mais rígidas regras de moral. É claro que existem exceções e alguns padres e freiras realizam trabalhos realmente sociais, como é o caso da irmã Doroti Stein, por exemplo. É por isso que creio que algumas mudanças beneficiariam a própria igreja, que mantém algumas sujeiras escondidas debaixo das batinas.
Ah! Sujiro que assistam ao filme Jenipapo. É uma história ótima, que mostra um padre, como um verdadeiro homem e não como um representante acima do bem e do mal. Também tem o filme sobre Dom Romero, que foi um mártir em El Salvador e foi assassinado por fazer denúncias das atrocidades vividas pelos salvadorenhos. Dom Romero morreu na capital em 1980.

O cordel do papa e do estuprador
(Por Miguezim da Princesa *)

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa, é paraibano radicado em Brasília.

Um comentário:

  1. Uma vez mais, a empatia e a semelhança. Também escrevi sobre a matéria: "Chamem a Polícia!". Previno fá, vou-te seguir de perto.

    Manel

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