sexta-feira, março 06, 2009

Falta o mandamento não estuprarás

O texto é grande, mas acho que todos irão gostar. Leiam e opinem. Beijão a todos.


Falta o mandamento não estuprarás

Sou contra o aborto como método de planejamento familiar e contraceptivo, principalmente pelo fato de existirem inúmeros métodos anticoncepcionais baratos e eficientes ao alcance da população. Para lembrar os mais conhecidos cito alguns dos mais conhecidos como: pílula anticoncepcional, com quase 100% de eficácia e é distribuída na rede do SUS, bastando para tal que a mulher faça uma consulta com ginecologista e cadastre-se no posto, passando assim a receber o medicamento. Também temos o preservativo masculino, mais conhecido como camisinha, que também é distribuída gratuitamente nos postos de saúde, também mediante um cadastro. Além disso, é comercializada em postos de gasolina, supermercados, farmácias e o custo é baixo para adquirir três preservativos. A versão feminina da camisinha tem um custo mais elevado, mas também está a disposição da população nos postos de saúde, em menor quantidade. Ainda entre os métodos tradicionais e mais conhecidos temos diafragma e Diu. Estes apresentam uma pequena dificuldade, pois para serem utilizados é necessário o auxílio de um ginecologista, o diafragma porque deve ser feito sob medida para a usuária e o Diu porque, sendo um dispositivo intra-uterino deve e só pode ser colocado por um médico. Em caso de falha de algum destes métodos ainda há o a pílula do dia seguinte vendida nas farmácias, ma deve ser utilizada com o conhecimento do seu gineco e com cuidado devido a grande concentração de hormônios.
É por existir esta vasta quantidade de métodos preventivos que não vejo necessidade de ser legalizado o aborto, simplesmente por ser legalizado. É uma intervenção violenta para o feto e para a gestante. Respeito a posição das mulheres que apóiam a descriminalização do aborto. Embora não concorde com a utilização deste método como forma de evitar filhos. No entanto, existem casos em que o aborto é a única solução possível, como é o caso de estupro e risco d vida para a mãe.
Vocês podem perceber que discordo completamente da Igreja Católica. Primeiro por concordar com planejamento familiar é uso de anticoncepcionais e depois por crer que o aborto deve existir de forma legal em caso de estupro e risco de vida. Não é só nestas questões que discordo da Santa madre igreja, existe uma infinidade de dogmas com os quais não concordo.
O mais chocante no fato da Igreja ser contra o aborto e os métodos contraceptivos é a maneira como conduz as questões, prestando um dês-serviço em relação a estas questões principalmente em países pobres. A posição irredutível tomada pela Igreja Católica no momento do aborto preventivo feito em uma menina de nove anos, NOVE ANOS, abusada sexualmente por seu padrasto e grávida de gêmeos, é revoltante. Primeiro, por excomungar toda a equipe que prestou atendimento a garota, incluindo a sua mãe é absurdo. Mas talvez seja insignificante diante da declaração e justificativa da não excomunhão do padrasto tarado e nojento apresentada pelo bispo. Segundo por defender que uma criança que sofreu uma violência absurda (que parece estar tomando conta do mundo) como esta tenha um filho, fruto desta bestialidade. Até seria possível respeitar a posição da Igreja se junto deste posicionamento contra o aborto ela apresentasse uma solução para a mãe que temia perder sua filha, como por exemplo, o que fazer ou como criar o filho de uma criança vítima de estupro dentro de casa? Ou melhor, como uma criança deve criar outra criança que lhe foi feita à força? Assim como também deveria dar toda a assistência médica e psiquiátrica para a garota e sua família, garantindo sua vida, que estava em risco por conta de uma gravidez tão prematura.
Enquanto a população inteira do país se revolta com o abuso praticado por um homem adulto contra sua enteada uma criança de nove anos, a Igreja Católica recrimina, excomunga e trata como criminosos a vítima e seus apoiadores. Perante a diocese todos são criminosos e estão impedidos, pela excomunhão, de receber os sacramentos e participar de missas. Já o verdadeiro criminoso, diante da sociedade, da lei e até da própria Igreja Católica não foi excomungado. Este fato deveria nos fazer pensar o quanto algumas questões religiosas forçam pessoas ingênuas e crentes a submeter-se a uma situação que mais tarde pode lhes causar mal.
O aborto é sim um trauma, um trauma decorrente de outro ainda maior, que é a violência sexual contra crianças. Agora imaginemos o trauma de uma garota que gera um bebê que lhe foi feito a força. Imaginemos como pode ser a vida e o futuro de uma guriazinha depois de parir dois filhos, que não queria, para os quais não estava preparada, que lhe foram feitos à força e com certeza com violência e ameaças? Pensem como uma mulher adulta se sentiria e agiria ao ter que criar um filho gerado num estupro? Agora maximize este trauma, esta dor. Numa situação como esta a Igreja Católica deveria confortar as vítimas, assim como todas as religiões e não tornar a agressão sofrida uma dividida, um motivo para se afastar da religião. É difícil crer em alguma coisa que num momento de dificuldade só tem como consolo “são os desígnios de Deus” ou “Deus quis assim e temos que aceitar”.
Entendo que para a Igreja Católica seja difícil mudar dogmas. E compreendo também que ela não saiba ao certo como se posicionar diante de um crime, pelo qual alguns dos seus sacerdotes também estão sendo acusados (padres pedófilos).
Por outro lado me solidarizo totalmente com as vítimas de estupro, sejam elas adultos ou crianças, que precisam se submeter ao aborto. Como disse o Bispo de Olinda, que excomungou a mãe e os médicos que fizeram o aborto da menina de nove anos, não matarás é um dos dez mandamentos, e a violação destes mandamentos é pecado. No entanto, matar para não morrer não pode ser considerado assassinato, tampouco desobediência aos mandamentos. Como cristã e seguidora das palavras de Jesus Cristo, creio que este caso seria visto com maior compreensão do que a dada pelo Papa, pelos bispos ou pelos padres católicos. Afinal de contas, foi Ele quem disse que “fora da caridade não há salvação”. Solidariedade a estas crianças que sofrem abuso não seria uma forma de caridade? Porque julgar antes de colocar-se no lugar?
Não estou condenando a religião, creio que ela seja boa, pois busca levar as pessoas a Deus. O que questiono e peço é compreensão, pois não pode ser possível que Deus, o nosso pai prefira ver seus filhos passando fome e morrendo das maneiras mais vis, a permitir que eles planejem suas famílias dentro de suas posses. Lembremos que compaixão é se colocar no lugar do outro é tentar sentir a dor do outro, por isso pense, “atire a primeira pedra aquele que não possui pecados”.

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