Fico pensando em quanto cimento é necessário para construir um mundo melhor, mais justo e mais humano. Primeiro ingrediente, com certeza é a educação, seguido de tolerância. aos poucos deve se acrescentar ingredientes tangíveis de outros, talvez intangíveis, pois há coisas que não podemos ver nem tocar mas que fazem muita falta para a nossa formação. É difícil entender ou vislumbrar uma possibilidade diferente desta que está bem na frente de nossos olhos, crianças violentadas dentro de casa por quem mais confiam, jovens mortos por quem deveria proteger e servir, velhos deixados de lado como trastes sem nenhuma função ou utilidade.
Outro dia assiti uma matéria em que um rapaz, morador de um morro carioca dizia: "O mundo de 1988 era melhor!". Eu concordo, não era o ideal, não era justo, mas me parecia menos violento e de mais esperança. Acreditávamos, mesmo achando que no ano 2000 estáriamos velhos, que o mundo seria legal, justo e as pessoas seriam felizes, saudáveis. Lêdo engano, estou bem mais jovem do que me parecia ser uma pessoa com 30 e poucos anos, mas o mundo está mais sombrio, menos saudável e as pessoas que correm e correm de um lado para o outro estão bem mais estressadas e doentes só pensando em trabalho para ter mais dinheiro para, quem sabe, ser mais feliz.
E a única coisa que cresce é a distância entre os mais ricos e os mais pobres, como um fermento do mal, tipo a coisa ou bolha assassina.
Tá te parecendo pessimista minha visão deste mundo? Não, é só a realidade para a qual não nos preparamos para ver e também não agimos para mudar. Décadas atrás os jovens lutavam por tudo o que acreditavam, até mesmo a legalização das drogas. Hoje, o amor é livre, o sexo é liberal, as drogas, mesmo ilegais, são encontradas com facilidade e os jovens quase não agem pelo bem comum. Ouvimos falar de uma iniciativa aqui outra ali, mas parece tão pouco, tão distante, tão sem força. Parece que todo mundo se acomodou dentro das cobranças que o mundo nos faz de sermos magros, bonitos, bem sucedidos e felizes (embora na busca de todos estes o que mais se encontra é a depreção, a decepção e a frustração de não alcançar os objetivos).
Mas eu concordo com a frase do rapaz, "o mundo de 1988 era melhor".
Assim como concordo com o delegado, policial ou político que disse que o Exército não é capacitado para agir nas ruas como polícia. Pra falar a verdade nem a própria polícia está preparada para estas ações. Enquanto a gente não toma a nossa posição nesta escala, enquanto os políticos continuam legislando em favor próprio, a grande maioria das pessoas que realmente precisam de uma esperança acabam virando pó, virando estatística, indo pra cova, sendo cobertos por um cimento que enrijece e impede que possamos nos mover.
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