terça-feira, janeiro 13, 2009

Passionais

Assisti a uma entrevista uma vez, em que uma advogada falava que a maioria dos crimes passionais são cometidos pelos homens. Esta advogada chamada Luiza Nagib Eluf é autora do livro A paixão no banco dos réus, que trata de forma cronológica crimes passionais famosos no Brasil e a solução que foi dada a eles.
E o que me preocupa é o quanto tem ocorrido de crimes passionais ultimamente. Não sei se sempre foi nesta base, mas o fato de ver estampado nos jornais e alardeado pela televisão me deixa chocada.
É amor demais? É amor de menos? Não dá pra saber, apenas se percebe a perturbação e o sentimento de posse sobre a outra pessoa, geralmente mulher. Mesmo com a nova legislação, a Maria da Penha, os crimes tem ocorrido de forma brutal. Há poucos dias uma guria de 23 anos foi assassinada pelo ex-namorado na academia de ginástica onde trabalhava. Mesmo após ter registrado dois boletins de ocorrência por ameaça e ter entrado com uma representação contra o ex-namorado ela não foi protegida. É claro que eu entendo que a lei tem um tramite legal, mas via de regra, e isto é uma observação informal sem base, quando os homens ameaçam suas ex-mulheres, ou namoradas estas acabam como suas vítimas.
A minha dificuldade em avaliar o que leva estes homens a cometerem os crimes é a mesma que, muitas vezes, não deixa entender porque as mulheres não denunciam a violência e os abusos. Porque entendo o amor como algo suave, sereno, maduro, como uma troca. Enquanto que a paixão é arrebatadora, é exuberante e descontrolada, chegando a ser considerada por alguns estudiosos como uma doença, um vício. Não tenho base científica, ou psicológica, para dizer isto, mas o que sei é que matar e manter alguém cativo não é amor. Tá mais próximo da definição de paixão, que dizem (e está em alguns dicionários) ser um amor ardente que afeta a razão. Seria muita insensibilidade não considerar a dor que estes homens sentem, no entanto considerar que isto que eles sentem é dor pelo amor também não está correto, tampouco lhes dá direito de matar.
O reflexo mais importante e mais assustador é de que talvez a gente não esteja preparado para amar. Não temos estrutura para nos doar, temos medo, insegurança e sofremos tantas cobranças que vamos perdendo coisas importantes pelo caminho. Talvez tenha chegado a hora de parar de olhar para nós como potencias, como profissionais, como adultos promissores. Para enxergar dentro de nós as pessoas, a humanidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem pessoal, mesmo que suas opiniões sejam diferentes das minhas eles serão publicados. Só não pode comentário ofensivo, dedo no olho e mordida na orelha. Por favor assine seus comentários, não há porque ser anônimo quando se dá opinião. Comentários sem assinatura não serão publicados!