segunda-feira, julho 14, 2008

Yeda e sua casa

Vinícius de Moraes era "dono" de uma "casa muito engraçada", onde não tinha porta, não tinha nada. Olhando do ponto de vista infantil, através do qual eu sempre vi tão casa, me parecia algo que vai se montando na imaginação, onde tira-se o teto e pode se ver as estrelas em noites claras de lua, ou onde o chão, que não tem, pode ser substituído por nuvens de algodão.
Pelo ponto de vista de uma pessoa adulta podemos colocar esta poesia dentro da realidade de muitos brasileiros, alguns que vivem nas favelas em suas casinhas de papelão, ou aquelas outras de pau-à-pique onde o teto é de santafé (ou palha) e chão é de barro. E é tanta gente dando duro pra conseguir ter um "chão" para viver, que chega ser doído pensar nos desvarios e desbundes de casas milionárias, geralmente de dois andares pra mais, com piscina, e muita riqueza a ser esbanjada.
E mais me choca é que, depois do escândalo do Detran no Estado envolvendo pessoas do governo Yeda, a mais nova denúncia é relacionada justamente com sua casa, que pode ter sido adquirida com fundo de campanha.
Mas até aí, nos problemas com a aquisição da casa, a distância entre pobres e aqueles que estão no topo da pirâmide social é enorme. Quando o desprovido de reais, ou pila (como diria a Lulu), tem problemas referentes a sua moradia é porque não pode pagá-la, é porque é posse, porque o financiamento da Caixa não foi aprovado ou porque o terreno que comprou com tanto sacríficio não pode ser escriturado.
Já os políticos, por exemplo... tem que explicar porque compraram suas casas com dinheiro que deveria ser aplicado em outra coisa. Algumas vezes... se formos pesquisar, ficaremos sabendo que aquele dinheiro usado para reforma de algum apartamento de deputado lá em Brasília era, na verdade, para construir algumas casas populares em alguma cidade satélite. E embora isto pareça um exagero, devo lembrar que sempre em que há um escândalo envolvendo alguma quantia em dinheiro fala-se em milhões, bilhões. O que pra eles é troco é, para nós, trabalhadores, muitas vezes os pilinhas ajuntados numa vida inteira de muita ralação.
Não esqueça destas pessoas que aparecem sob acusações de denúncias, sua punição pode não vir pela Justiça dos homens. Mas terá que vir através das urnas, onde nós devemos deixar de votar neles e mostrar que sabemos sim o que queremos. E que não são eles, tampouco sua política de pão e circo. O que nos últimos anos tem sido mais circo do que pão.

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