terça-feira, agosto 10, 2010

Todos querem ser o "bom ladrão"!

A primeira vez que foi dado ao povo o direito de escolher as opções eram Jesus e Barrabás. Um falava ao povo como seu igual sobre o amor, o outro defendia que a luta se desse pela espada. Discursos opostos que chegavam em cada um de forma diferente. Mas ambos incomodaram os "donos do puder" na época, foram presos. Num indulto Poncio Pilatos deixou que a decisão fosse tomada pelo povo, numa eleição sem cerimônias perguntou quem queriam que fosse libertado: Jesus de Nazaré ou Barrabás. O último foi aclamado. Após a decisão Pilatos lavou as mãos.
Depois da má escolha do povão, Jesus foi condenado a crucificação. Teve que carregar sua cruz até o local do castigo. Nos últimos momentos de sua vida, foi crucificado entre dois ladrões. E aí é que vem a tão debatida história, que é editada conforme o interesse do editor, de que basta arrepender-se para ser perdoado. Não sou católica, embora seja Cristã, creio no ensinamento do espírito de luz que veio nos falar sobre amor. Acredito que o arrependimento é parte da absolvição. Mas creio que não basta dizer-se arrependido, confessar ao padre o que fez, rezar umas ave Marias e Pais Nossos e pronto, tá tudo zerado e abrem-se as portas do paraíso. Minha visão nem passa por aí. Arrepender-se é um passo, corrigir o erro é o seguinte.
O que ocorreu com o "bom ladrão" é que ele já estava pagando por seu crime, já havia sido condenado à morte. Quando conheceu Jesus e ouviu, compreendeu o ensinamento arrependeu-se.
Porque estou falando disso? Porque fiquei chocada com a sessão da Câmara de Triunfo de ontem. Não pelo fato de o presidente da Câmara ter rezado antes de abrir a sessão. Justamente pela liberdade de credo, assegurada pela Constituição, acho válido que ele reze. Embora, para mim, um estado laico nada tenha a ver com religião. A meu ver cada coisa tem seu lugar e misturá-las é tentativa de ludibriar e enganar o povo. Também acho que não adianta ir a igreja, rezar e depois roubar do povo que confiou nele.
Fábio Wrasse (PDT), presidente da Câmara fez uma oração antes de o tumulto tomar conta da sessão plenária. Ele deveria ter aproveitado aqueles minutos de silêncio para pedir perdão aos seus eleitores pelo descaramento de usar o dinheiro das diárias como vereador para viajar a turismo, levando a família. Óbvio que não está arrependido, a oração diante dos cidadãos de Triunfo não passa de jogo de cena, assim como o pedido de afastamento. Primeiro porque sua sogra, também uma das viajantes (vejam só que genro bonzinho que leva a sogra pra passear com o dinheiro alheio) é também funcionária da Câmara. Alguns humoristas irão dizer que não se trata de nepotismo afinal de contas sogra e cunhado não são parentes. A verdade é que os políticos não acreditam que serão punidos por usar o dinheiro do Estado em benefícios particulares. Não há culpa nos seus atos, portanto... não existem motivos para arrependimentos.
E quando, por algum motivo a população vai as ruas e pede explicações eles pensam que podem fazer mais um joguinho de cena, pedem afastamento, demitem os envolvidos em escandâlos, pedem perdão e fica tudo por isso mesmo. E como num filme de terror voltam para assombrar na próxima eleição.

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