quarta-feira, março 21, 2007

Do sal ao açúcar passando pelo mau cheiro

Minha cidade tem um potencial legal, tem uma história rica cheia de pontos importantes e interessantes. Mas ultimamente está tomada por um mau cheiro insuportável.
No início da cidade lá em 1800 e pouco o cheiro não era bom, só que o cheiro ruim vinha das Charqueadas onde eram abatidas muitas cabeças de gado, coisa de muitas mil cabeças. Como era muito gado o sangue, as vísceras, o couro tudo acabava ocasionando um odor desagradável. Mas o ciclo do charque trouxe muita riqueza pra cidade, até a Revolução Farroupilha que estagnou os negócios. A partir daí a história foi outra e a exportação do charque mixou e o ciclo do sal e das charqueadas foi pouco a pouco se acabando.
Bem algumas coisas mais sérias aconteceram, claro, mas não estou aqui pra dar aula de história.
Sei que depois, algumas décadas depois Pelotas teve o ciclo das fábricas de conservas de doces e antes disso já vinha a questão dos doces de Pelotas, famosos até hoje e quem ocasionaram a Fenadoce. As fábricas de conservas produziam, como são conhecidas, compotas de pêssego, figo e outras especialidades como figos cristalizados e outras frutas. O odor deve ter continuado desagradável já que os dejetos das fábricas precisavam ser jogados fora. Além disso, havia alguns curtumes na cidade e sabe como é curtume, curte o couro, tinge o cheiro dos produtos e do próprio couro não tem cheiro de rosas.
Hoje minha cidade tem cheiro de esgoto e cocô de cachorro. É insuportável em algumas ruas e vias. Existem muitos cães de rua, mas também existem as madames e madamos que passeiam com seus cãezinhos para que eles se aliviem e as sujeiras ficam nas calçadas e nas ruas, pois raros são os cidadãos que recolhem o cocô de seus bichinhos.
Na entrada da cidade enfrentamos um forte e mau cheiro vindo do arroio Santa Bárbara. Desde que eu me lembro o cheiro naquele local é ruim. Parte da água que abastece a cidade vem da barragem e estação de tratamento Santa Bárbara.
Não é só uma questão de política pública e de ação da prefeitura e do Sanep (órgão municipal responsável pelo abastecimento de água e esgoto do município) é uma questão de consciência dos cidadãos que reclamam de lugares sujos, mas jogam lixo em terrenos baldios. É responsabilidade de todos nós, dos donos de terrenos que estão inativos e com o mato tomando conta juntando toda espécie de insetos e animais peçonhentos, das pessoas que jogam baganas de cigarros ou papéis no chão, dos pais que não educam os filhos a não sujar a cidade, das professoras que não falam para seus alunos que a água é um bem natural que pode acabar se não economizarmos. O problema é seu que anda pelas ruas de Pelotas, ou que mora em outro lugar como Salvador ou São Paulo ou outra cidade do país e que tá apertado e resolve se aliviar ali mesmo, embaixo do viaduto, atrás da árvore, encostado em uma marquise. A conversa é contigo que escarra na rua.
Tudo passa pela EDUCAÇÃO. Não jogar lixo, nas cuspir na rua, respeitar o outro, tudo é educação. Mas o individualismo e a concorrência louca que o sistema hoje em dia cobra de todos faz com que cada um pense apenas em si o resto que se dane. Só minha gente que se a água acabar, a natureza morrer, o mundo acabar todos acabaremos. Ainda existem possibilidades de amenizar os problemas com o clima, por exemplo, pequenas alterações no teu dia-a-dia podem diminuir o impacto que anos de comportamento inadequado em relação à natureza causaram.

Um comentário:

  1. É Léli, são situações, como várias, de difícil solução, pois todos têm que participar e daí já viu né...

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