quinta-feira, março 01, 2012

Marcha das Vadias - 10 de março em Pelotas


Dando largada a semana da mulher aqui no blog, dou destaque a Marcha das Vadias, que ocorre dia 10, em Pelotas. Durante estes dias, que antecedem o dia internacional da Mulher, pretendo destacar grandes personalidades femininas que representaram e representam a nossa luta pela igualdade.
A Marcha das Vadias é uma passeata que chama atenção para um fato recorrente nos casos de estupro que é culpar a vítima pela violência que sofreu. Não importa a roupa, a hora ou o local em que a violência sexual ocorre, É uma violência, é um crime e não se pode culpar a vítima!
Mulheres não são objetos tampouco propriedades de grandes senhores. As mulheres conquistaram um espaço relevante na sociedade, tão importante que a maioria dos chefes de família hoje é mulher. Considerando-se apenas uma área da sociedade, ainda tem a política, a ciência,a economia, o direito, a medicina e tantas outras.

A luta pelo fim da violência contra mulher é uma luta de todos. Há muitos casos de violência doméstica que não vem a tona e há, até, quem considere normal. Mas não é. Quantos de nós ouviu falar de alguém que apanhou do marido, ou pôde escutar os gritos e o choro de uma vizinha? Quantas vezes a briga não virou fofoca nos corredores dos prédios ou nas conversas na calçada, sem resultar em nenhuma atitude de compaixão e solidariedade para com a vítima? "Em briga de marido e mulher não se mete a colher!" dizem alguns, e usam também da maledicência para falar da vida alheia sem usar seu conhecimento para ajudar ou produzir algo de bom.

Ainda que, existam leis e medidas protetivas, ainda existe a vergonha, o preconceito e o medo. Muitos sentimentos que, algumas vezes atrasam as atitudes e o resultado pode acabar sendo fatal.
A violência não se constitui só do tapa, do estupro, ela se forma também das humilhações, das ameaças, da coação, da tortura psicológica, na ameça de tirar a guarda dos filhos e de tantas outras formas que o medo passa a ser a única companhia da mulher, o sentimento mais presente que só dá lugar a angústia e o desespero.

Há alguns meses soube de um caso de violência doméstica, na qual a vítima era uma grande amiga. Violência esta que refletiu em um parto prematuro e a possibilidade do nascimento de uma criança com sequelas. Além da terrível vergonha e da culpa de haver apanhado do companheiro, existia o medo da reação da família. Depois veio o afastamento do trabalho por causa do risco da perda do bebê. Semanas de repouso para evitar a morte do nenê em seu ventre. O nascimento antes do previsto trouxe ao mundo um vitorioso! Meses na UTI pediátrica para o ganho de peso e o acompanhamento médico. E a angústia da mãe que sofria entre culpada e preocupada com a saúde de sua cria. O momento mais tenso veio a seguir com a transferência para um hospital mais equipado para a realização de uma cirurgia de emergência, mas que representava a salvação do bebê. Mas todas as angústias deram lugar a uma imensa alegria depois do sucesso da cirurgia. Com tanto tempo de apreensão a tão sonhada volta pra casa, com o filho nos braços foi de grande felicidade!

Pude ter a compreensão de como podemos nos sentir impotentes diante de uma situação como esta. Quando assistimos na televisão é possível até, num lampejo, questionar, porque ela não vai embora,  ou até realmente Nelson Rodrigues tinha razão, "elas gostam de apanhar"! Mas o acontecimento está muito longe de nós. No entanto, quando atinge uma amiga, uma familiar o sofrimento toma cores mais fortes. Minha reação, ao saber da agressão sofrida pela minha amiga, foi de mandá-la para a delegacia da mulher, foi de dizer que fizesse queixa e pedisse medidas protetivas. Mas minha amiga ficou constrangida de expor sua vida a toda vizinhança na pequena cidade onde residia. Passou um tempo até que a coragem viesse e a denúncia acontecesse. Eu não poderia ficar indiferente, é uma AMIGA MINHA! Mas não podemos ficar indiferentes diante de qualquer tipo de violência!

Recentemente tivemos o maravilhoso exemplo do Vitor, que arriscou sua própria vida na defesa de um morador de rua que estava sendo espancado. Não vamos ficar apenas achando que é uma atitude a ser admirada, vamos admirá-la e multiplicá-la.

Tod@as dizem não a violência contra mulher! Participe da Marcha das Vadias, dia 10 de março, às 11h, na esquina Democrática (Chafariz do Calçadão). Organização DCE da UFPel - Todas as Cores, RadioCom, Instituto Mario Alves, Coletivos Nacional Levante, Barricadas Abrem Caminhos, Juntos!, (Des) Construindo Gêneros e Levante Popular da Juventude!

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