Durante o percurso os manifestantes foram hostilizados por motociclistas, por causa das ruas interrompidas. Outros motoristas não foram simpáticos a causa, mas apenas quem estava nas motos é que ficou acelerando como se a qualquer momento fossem romper a corrente humana dos manifestantes. Alguns não quiseram esperar e invadiram um posto de gasolina ou esperou uma brecha na rua e passou a milhões, podendo bater em alguém. Tais atitudes levaram uma baita vaia!
Já escrevi outras vezes sobre o que penso em relação ao aborto. Mas o fato de pensar nas inúmeras formas de prevenção da gravidez, acho que cabe só a mulher decidir que se quer ou não levar a gravidez adiante. É o corpo dela, a consciência dela, a escolha e a vida dela. Devem ser respeitados, embora não concordemos. Além disso, conheço algumas mulheres que interromperam uma gravidez e garanto que estas mulheres não se orgulham disso e muitas sofrem de culpa por isto.
O debate que buscamos em relação ao aborto é a descriminalização. Não quer que a interrupção de uma gravidez ou gestação na adolescência aconteça? Invista na educação! Mas o que ocorre quando as escolas criam mecanismos de trabalhar a sexualidade na escola? Muitos se levantam dizendo que o trabalho é inadequado, que as crianças não estão preparadas.
Existem políticas públicas, é verdade, no entanto, não atingem o país de forma igual. E esta é só mais uma demonstração da desigualdade em que vivemos. Quem tem grana interrompe a gravidez numa clínica com acompanhamento médico, mas quem não tem, faz o procedimento em casa, ou seja lá aonde for, e consequentemente acaba tendo de recorrer ao SUS. Este é um diálogo que deve ser feito, a presidenta precisa dar início a ele.
Mesmo em casos de estupro a interrupção da gravidez é uma polêmica. É um direito da mulher, mas leva tanto tempo para ser concedido que quando chega o momento a gestação está adiantada e realizar o procedimento torna-se ainda mais arriscado.
Já a outra, que me parece muito mais abrangente é a questão do avanço da mulher na sociedade. Quando uma mulher avança profissionalmente, nenhum homem retrocede. Quando uma mulher cresce economicamente ou consegue conquistar seu espaço como cidadã, nenhum homem retrocede. Homens não ficam pobres se mulheres enriquecem, por exemplo. Quando as mulheres passaram a votar ou concorrer na política os homens não foram prejudicados por isto.
É possível crescermos todos juntos respeitando as diferenças, convivendo com tolerância. Como diz o velho ditado, corrigido, "do lado de um grande homem sempre tem uma grande mulher"! É nisso que penso, não é preciso oprimir para crescer, embora durante muito tempo isto tenha ocorrido. A opressão demonstra a fraqueza do opressor que se vale da força, ou do dinheiro, para se manter no poder. Separados podemos ser fracos, mas juntos somos mais, somos fortes.
A caminhada com certeza ainda será muito longa, mas o primeiro passo foi dado. Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias!
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