terça-feira, novembro 22, 2011

"Os homens não podem confundir igualdade com grosseria"

Embora o comercial de "Tampax" dissesse que, "incomodada ficava a sua avó", ainda hoje, eu fico sim muito incomodada, e não é com a menstruação ou os incômodos típicos do período. Fico muitíssimo irritada com atitudes grosseiras de alguns homens - principalmente se ele for um comunicador, jornalista ou radialista - que colocam as lutas feministas como algo sem importância ou falta do que fazer. Os mesmos cidadãos costumam se colocar como seres desprestigiados, uns pobres coitados. A argumentação começa errada, pois consideram o dia Internacional da Mulher desnecessário ou obsoleto.
Os dias que marcam as lutas pelos direitos da mulher, como o 25 de novembro, por exemplo,  não servem pra ganhar parabéns ou presentes, como sugerem alguns acéfalos. Qualquer pessoa, minimamente consciente, ao se deparar com dados como o de que no Brasil, "diariamente uma média de 10 mulheres são assassinadas", saberia a importância das datas de conscientização e luta pelos direitos das mulheres. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo "nos últimos 12 meses,  1 milhão e 300 mil mulheres, com mais de 15 anos, foram agredidas." E o mais dramático é saber que o número de agressões vem crescendo, como aponta o serviço Ligue 180, uma Central de Atendimento à Mulher, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), que demonstra dados assustadores (pelo menos pra mim, que sou mulher e me comovo com problemas alheios). De acordo com o serviço "de janeiro a dezembro de 2010 foram registrados 734.416 atendimentos, um aumento de 82,8% em relação a 2009 (269.977)."
A luta não fica apenas no campo da não violência de gênero, que é uma das coisas que mais me assusta, pois demonstra o quanto a intolerância segue forte na nossa sociedade. A luta é muito mais ampla e abrange muito mais questões. É a questão da violência, dos feminicídios, que algumas vezes ainda são ignorados como um homicídio por motivo torpe e pode, até, vir a ser encarado como "legítima defesa da honra", sendo endossado por algumas pessoas que culpam a vítima pela violência que sofrem. As lutas feministas abrangem o direito da mulher na sociedade, no trabalho, no mundo.
Enquanto existirem homens que se atrevem a pegar um microfone e dizer (impensadamente e preconceituosamente) "ontem foi dia internacional do homem e eu não ganhei presente, nem parabéns, nem vi propaganda na televisão, nem manifestações pro-homem nas ruas" seguirão sendo necessários sim 08 de março, 25 de novembro e tantas outras datas que sirvam para marcar a conscientização e a luta das mulheres. Até porque o dia do homem também tem um sentido de promover a igualdade de gêneros e a saúde dos homens. Com certeza aquele serzinho que falou lá na rádio o que reproduzi ali em cima, não deve ter consciência disto. Ou será que tem?
Sorte que existem homens que compreendem e percebem a desigualdade que ainda existe, como Fidel Castro. O seu discurso de encerramento do Congresso de Mulheres, foi em fins de 1974, já faz vários anos, mas as palavras seguem fazendo sentido. Fidel terminou sua fala lembrando "que os homens não podiam confundir igualdade com grosseria: 'Se na sociedade humana há de haver algum privilégio, alguma desigualdade, deve ser em favor da mulher, fisicamente mais débil, que tem que ser mãe, que acima de seu trabalho leva o peso da maternidade. E se ela suporta os sacrifícios físicos e biológicos que essas funções compreendem, é justo que tenha na sociedade todo o respeito e todas as considerações que merece. E eu digo isso clara e francamente, porque há alguns homens que entendem que não têm nenhuma obrigação de dar o lugar a uma mulher grávida, a uma mulher de idade ou a qualquer mulher que vá no ônibus'." (Morais, Fernando. A Ilha, página 81) Aqui ele destacou uma questão de delicadeza, de cavalheirismo para com a mulher. Na prática ele demonstrou que a mulher pode sim ser boa mão-de-obra e não quer se eximir disto. A questão é que, por algumas especificidades, como o fato de ser mãe, necessitará de uma legislação específica. Afinal as mulheres, mesmo trabalhando fora, mantém suas cargas de trabalho como donas de casa e mães.
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