"Foram me chamar, eu estou aqui o que que há?" Desde muito cedo as pessoas dizem que eu sou metida. E eu não discordo nenhum pouco, me meto em tudo que eu acho que me diz respeito. Me meto em questões políticas, defendo as pessoas que eu acho que merecem defesa, fico do lado dos que estão sendo injustiçados, defendo meus amigos, defendo minhas ideias. Enfim, sou uma metidona, como diz minha sobrinha. Em geral me orgulho disso. E mais uma vez estou me "metendo" através do blog na blogagem coletiva convocada pelo Blogueiras Feministas.
Vou contar duas histórias, uma se passou comigo e outra que se passou com uma amiga minha. Como disse, em geral me orgulho de ser metida. Quando eu era criança uma vez eu agi de forma preconceituosa, um senhor, idoso e negro pediu que eu lhe desse a mão. Depois que ele apertou minha mão eu fiquei olhando com uma cara desconfiada. Não sei dizer o que se passou na minha cabeça, pois na verdade eu nem lembro deste fato, sei o que aconteceu pela minha mãe. Enfim, fiquei olhando como que a esperar que minha mão fosse ficando da cor da dele. E ele, já vivido e de uma alma ímpar me disse, "não te preocupa filhinha, não sai tinta!" Alguma coisa ali, naquele dia me marcou, nunca mais eu tive qualquer tipo de pensamento que demonstrasse existir alguma diferença entre mim e as pessoas negras. Em todas as séries e escolas onde estudei eu tive uma melhor amiga negra, algumas se perderam, outras seguem minhas amigas até hoje.
Embora eu seja uma moça de pele branco-rosea, olhos verdes e cabelos castanhos claros meu sangue é misturado, como aliás em todos os cidadãos do nosso país. E ainda que, quando pequena eu fosse ainda mais clara, detestava quando alguém me chamava de alemoa. Nossa! Aquilo me fervia o sangue, afinal... eu não sou alemoa. Quando diziam que eu era polaca não me incomodava. Duas formas de se referirem a mim pelo meu tipo físico e não me agradava (e não agrada, ainda).
Toda esta história é pra contar que aprendi desde muito cedo que devemos respeitar os outros e que somos todos uma raça só. Diferenças físicas todos temos, temos diferenças entre nossos irmãos. Mas assim como eu aprendi que não é a cor da pele, ou a origem que faz da pessoa melhor ou pior e sim o caráter, outras pessoas podem ter aprendido o contrário.
Para ilustrar tal ideia conto a história da minha amiga Jannah. Outro dia quando falávamos sobre preconceito ela disse que quando criança a professora mandou que todos desenhassem um gato. E ela prontamente desenhou o bichano e pintou de preto. Olha o trauma pra criança, todos os coleguinhas ganharam estrelinha pelo trabalho menos ela. Para completar chamaram a mãe dela para saber se a filha tinha algum problema, por ter pintado o gato de preto, cor, aliás na qual existem muitos gatos. E eu, metida já pensando, aonde já se viu, quer dizer que pintar gato de rosa, azul, amarelo, verde quer dizer que as crianças são normais, pintar de preto é significado de problema? Aonde foi que vocês já viram gato rosa? Não vale desenho animado! Para mim, a professora mostrou claramente seu preconceito ao rejeitar o gato negro da Jannah (que também quando pequena era loirinha).
Respeito, tolerância, educação, responsabilidade a gente aprende em casa e preconceito também.
Eu tenho orgulho de não ter uma etnia definida, de ser misturada e poder gozar do melhor que cada componente que esta mistura me proporciona. Tenho orgulho dos meus antepassados negros, índios, castelhanos, portugueses e judeus. E no que depender de mim, vou continuar misturando!
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