terça-feira, abril 27, 2010

Piada interna

Eu gosto muito de ditados e ditos populares, porque acredito que eles sempre trazem um fundo de verdade, mesmo que às vezes retratando um pré-conceito. Neste caso, o ditado mais conveniente é aquele "brincando, brincando se dizem as verdades". Muitas vezes é através de piadas que colocamos pra fora um preconceito, disfarçado de graça, claro. Foi o que ocorreu na piada interna, tão interna que foi feita via memorando interno do Ministério das Relações Exteriores britânico, sobre a visita do Papa Bento XVI a Grã-Bretanha, que vazou para a imprensa.
O objetivo do documento era discutir como poderia ser aproveitada a estadia de quatro dias do pontífice no país, no qual foi sugerido que o Papa "inaugurasse uma clínica de abortos, lançasse uma nova marca de camisinhas, cantasse em dueto com a Rainha Elisabeth, abençoasse um casamento gay e reconhecesse o escândalo de abusos sexuais por clérigo". O embaixador britânico no Vaticano, Francis Campbell pediu desculpas formais. No entanto, a pergunta fica, não seriam estes assuntos importantes a serem tratados pelo "Santo Padre"? Mas, não da forma como geralmente são tratados os assuntos relacionados aos dogmas da igreja. Entendo que determinadas coisas jamais irão mudar. Por outro lado, devem ser sim revistas e encaradas de forma séria, mesmo que o que venha fazer o debate surgir seja uma piada.
Os abusos sexuais são fatos reais, aconteceram em várias partes do mundo. E a exemplo de outras questões importantes para a humanidade a igreja e o Papa não deveriam se eximir de discutir. Afinal de contas, pedidos de desculpas tardios servem apenas para amenizar a consciência, de quem pensa nas barbáries que ocorreram sem que o clero impedisse, e para reconhecer o erro cometido. Apenas para isso, não volta atrás, não muda a história. Pois as mortes ocorridas durante o holocausto, a idade média, a inquisição já ocorreram, inocentes foram mortos e torturados de forma impiedosa.
Pelo mundo afora muitas pessoas estão morrendo por cometer abortos de forma ilegal, afinal proibir não significa que não vá mais ocorrer, tal como os abusos sexuais cometidos pelos padres que fizeram votos de castidade. Não permitir o uso da camisinha e pregar que o sexo seja apenas para procriar, também não impedirá que milhares de homens e mulheres se contaminem com HIV e outras tantas doenças sexualmente transimissíveis. Sei que talvez esteja querendo demais de uma instituição tão antiga e rígida como a Igreja Católica Apostólica Romana. Mas, pensando de acordo com o que, na minha visão é uma instituição religiosa, a igreja deveria permitir a modernização, debates e mudanças para elevar os homens ao bem (pelo menos eu imagino que o objetivo é este, se não é, deveria). Permitir missas cantadas, padres virarem ídolos pops e escritores de best sellers é um fato real, deveria também ser permitido que os homens buscassem a Deus sem tanta rigidez.

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