quinta-feira, julho 13, 2006

Guerra urbana

É difícil ver tantas atrocidades e não exprimir revolta, não ter algum sentimento de punição, vingança ou raiva contra aqueles que estão liderando e agindo de tal forma. São tantas mortes e destruição, muita violência. O medo é o companheiro constante, a cautela e a preocupação ao sair ou voltar para casa não desgruda do pensamento. Por algum tempo os problemas urbanos que assolam a população paulista foram abafados pelas comemorações do Brasil na Copa do Mundo, mas a seleção foi desclassificada e a violência em São Paulo voltou a ocupar lugar de destaque nos principais noticiários e jornais do país.
Agora o motivo para as rebeliões e a violência contra a população e os carcereiros lá, de acordo com o secretario de segurança do Estado de São Paulo, é em decorrência de uma lista com o nome de 40 presidiários que seriam transferidos para a penitenciária Federal de segurança máxima inaugurada e VAZIA localizada em Catanduvas no Paraná. Segundo ouvi e li nos jornais o governo Federal já havia colocado a disposição do governador paulista, Cláudio Lembo a força tarefa para ações policiais nas cidades afetadas pelos atentados do crime organizado. Sabendo disso me pergunto, se há uma penitenciária com tal porte, porque é que ainda não transferiram os presos mais perigosos para lá? Conforme o governo de São Paulo não foram feitas negociações com os criminosos, neste caso não seria óbvio preparar-se para uma nova e futura investida deles? Mas agora, ao invés de enfrentar a situação o secretário de Segurança diz que o governo não ofertou a força tarefa.
Enquanto isso as pessoas seguem sem saber o que fazer, continuam levando sua vidinha indo trabalhar, voltando para casa etc., os ônibus estão sendo queimados nas ruas, os carcereiros, os policiais militares e seus familiares continuam sofrendo represálias e sendo mortos. Os líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Terceiro Comando continuam “trabalhando” livremente, mesmo dentro dos presídios, inclusive promovendo ações como as que nos chocam nos últimos dias.
É por isso que se diz que é difícil ver todos estes acontecimentos sem reagir com revolta, raiva e violência. É claro que tudo isso é resultado de políticas públicas carcomidas, paternalistas, injustas e que não funcionam. Nós já sabemos que para que isso mude, hoje ou no futuro, é necessário um trabalho social responsável e verdadeiro que dê especial atenção à educação, ao saneamento básico, a segurança, a saúde, a habitação entre outras ações que uma semana sim e a outra também eu costumo falar aqui.
Nossa única arma para mudar tudo isso é o voto, não vamos votar no menos ruim desta vez, não vamos aceitar uma camiseta ou chaveirinho quando as coisas que precisamos são muito maiores. Não vamos esquecer os que estão envolvidos nas CPIs (os absolvidos, os condenados, os que renunciaram), os que não viram nada, os que viram e tiraram o corpo fora. Não vamos pensar que fulano rouba, mas faz. Vamos nos indignar com os políticos assim como nos indignamos com os jogadores da seleção porque não jogaram, porque não lutaram, porque não venceram. Nosso calo tem que doer em todos os períodos do ano e não apenas de quatro em quatro anos. Afinal se um dos motivos da revolta com os jogadores é os altos salários que ganham para jogar futebol, também devemos gritar e xingar os políticos que também têm altos salários para nos representar lá em Brasília.

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