quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Ausência involuntária

Eu fiquei alguns dias "fora do ar", por conta de trabalho. Quero me dedicar mais a este blog, porque gosto muito de escrever. Mas meu tempo tem sido curto e o fato de estar sem computador em casa atrapalha a coisa toda.
Enfim...

Neste período aconteceram muitos fatos pelo mundo. O que mais me chocou foi a tal brasileira agredida por neonazistas na Suiça. O fato de ela ter mentido ou não, de ter distúrbios psiquicos não foi o que mais me chocou e sim a atuação dos jornalistas tanto no Brasil quanto fora. A primeira notícia dizia que uma brasileira havia sido agredida por neonazistas e por conta disso havia perdido as filhas gêmeas. Com o passar do tempo e a moça no hospital as coisas foram mudando e a suposta vítima passou a ser tratada de forma um tanto desconfiada. Não que eu concorde com a mordaça, pelo contrário, sou totalmente contra, mas há casos, como investigações policiais, por exemplo, em que o jornalista precisa ter bom censo ao noticiar os fatos. É ridículo primeiro dizer que a mulher foi agredida e perdeu as filhas gêmeas e depois dizer que nada daquilo era verdade. Se desde o início tratassem a questão como um fato que estava sendo investigado e que havia indícios de que a coisa havia ocorrido de tal jeito, ficaria menos feio. E estes comportamentos são o que me decepcionam no jornalismo, porque no afã de dar um furo de reportagem os fatos não são bem apurados, as perguntas não são respondidas de forma adequada e o repórtar acaba supondo.
Nunca vou esquecer uma frase de um professor de redação na sala de aula ao ler uma matéria minha. Ele perguntou quem tinha me dito tal informação e eu disse que ninguém tinha dito que eu tinha concluído, suposto que era assim. Então ele me olhou e disse: "Jornalista não supõe nada, não concluí nada".
Isso sempre me serviu como base para as matérias que eu ia fazer. Quando por acaso tudo apontava para uma coisa mas não havia declaração, ligava e confirmava. Tinha receio de dar uma informação errada ou mentirosa. Também nunca quis dar uma notícia parcial e ser usada como "massa de manobra" (como dizem o ativistas políticos) por isso que invisto na malícia, porque jornalista tem que ter malícia.
A última notícia que vi a poucos minutos sobre o caso da brasileira Paulo Oliveira foi de que ela já tem um advogado, que foi noticiado que ela confessou a polícia ter mentido sobre a gravidez e as agressões. A comoção nacional se dissolveu, algumas pessoas acusam Paula de louca, outros sentem-se envergonhados pelo que uma conterrânea fez noutra terra. O fato que me intriga agora é que todos estão contra a moça, afirmando que ela mentiu. Não se cogita mais a possibilidade de agressão, pouco se diz sobre o que a polícia tem sobre o inquérito. Parece que primeiro usou-se uma parte da história, depois trabalha-se outra, mas nunca é feito um trabalho com ambas versões para que os leitores ou telespectadores possam ver os fatos e tirar suas próprias conclusões.

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