Mudar a foto da gente pela foto de um desaparecido político pode não ter, de efetivo, nenhum resultado. Assim como tem quem diga que mudar o sobrenome pelo nome de tribos e comunidades indígenas também não adianta. Não muda muito mesmo, mas mostra que tu te importas. Eu não consegui mudar minha foto porque a que escolhi é pequena demais, disse o facebook. Minha escolhida é Ana Rosa Kucinski professora de química no Instituto de Química de São Paulo e tinha 32 anos quando foi presa. Três a menos que eu hoje. Desapareceu com o marido Wilson Silva.
O maior alerta, na minha opinião, é o desrespeito com as família que tiveram seus filhos, pais, mães, esposos serem levados presos e desapareceram há mais de 40 anos e até agora não tiveram o direito de dar aos seus mortos uma sepultura digna. Na desculpa de não dar lugar ao revanchismo, como dizem os militares, resta às famílias de mortos e desaparecidos políticos carregarem sua dor e seu sofrimento por mais um tempo. É muita maldade permitir que mães morram sem saber, afinal de contas o que aconteceu com seus filhos. Por que, dizem muitas mães, que "pior que saber que um filho está morto é ter um filho desaparecido e não saber como, onde ou o que lhe aconteceu".
Não abrir os arquivos e colocar um fim nesta tortura é absurdo! É a demonstração clara de que, na essência, algumas coisas não mudaram quando se trata de poder e dinheiro, mesmo depois da "redemocratização".
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