Casualmente, ou não, justamente no dia em que se comemorava os seis anos da sanção da Lei Maria da Penha vai ao ar a cena da "lavagem" da honra do coronel Gesuíno (interpretado por José Wilker) na novela Gabriela, adaptação do romance de Jorge Amado. Não pude deixar de observar o fato, visto que li o romance e sabia que havia o duplo assassinato dos amantes, bem como aconteceu na primeira versão do folhetim e como ocorre algumas vezes nas nossas cidades nos dias de hoje. A época em que se passa o romance está bem determinada, os preconceitos e a hipocrisia muito bem pontuados pela personagem feminista Malvina, que questiona e afronta a ideia de que homens podem tudo e mulheres não podem nada.
A lei Maria da Penha é um avanço, no entanto, muito ainda há o que mudar. Muito temos ainda para lutar, pois há muitos casos que ficam impunes, sem que o culpado cumpra pena e pague sua dívida com a sociedade. Este ano aqui em Pelotas aconteceu um dos casos que mais me chocou. No dia do atentado eu estava com meu pai e meus familiares no Hospital São Francisco onde ele estava realizando uma cirurgia. Por volta de 15 horas, no momento da visita aos pacientes da UTI ficamos sabendo que o ex-marido havia ateado fogo no corpo de sua ex-mulher na esquina do hospital onde ela trabalhava como enfermeira.
Com uma arma na mão ele ameaçava qualquer pessoa que tentasse apagar o fogo. Mas o medo foi vencido e um mecânico a ajudou. O corpo da moça ficou praticamente carbonizado. Ela não resistiu mais que algumas horas na unidade intensiva. Eu presenciei a noite o desespero e a tristeza dos familiares que iam visitar a mulher no hospital. Vi também a revolta!
Alguns dias atrás podemos assistir, estarrecidos (aqueles que ainda se chocam e se indignam) em todos os telejornais a tentativa de assassinato em pleno pronto socorro da cidade. A agressão, que havia começado na casa da ex-mulher, teve cenas de filme de terror dignas de um Hitchcock, gravadas pelas câmeras de segurança do hospital. E que não foram poupadas ou atenuadas pelas redes de TV. Uma das coisas que me deixou mais besta foi a passividade das pessoas que presenciavam a violência.
A denúncia é importante para a obtenção da medida protetiva. Por outro lado, apenas a medida protetiva não garante a vida e o bem estar das denunciantes e seus filhos, muitas vezes tão vítimas quanto elas.
As cenas de Gabriela muito me revoltaram, justamente por saber que coisas como esta acontecem no nosso cotidiano. Absolvição por legítima defesa da honra foi um argumento muito aceito nos tribunais do passado. E há quem considere um argumento válido ainda hoje, pois do contrário os machões não tratariam mulheres como propriedades determinando vida e morte conforme lhes agrada. Com certeza há pelo Brasil e pelo mundo gente que pensa como o Coronel Ramiro Bastos que quer mais é que os juízes limpem suas bundas com os processos em que os maridos mataram suas mulheres acusando-as de adultério. Por que é muita macheza que tem estes coronéis com as armas na mão usando suas mulheres como quem usa uma privada para se aliviar.
Embora as mudanças estejam apenas começando e muito se tenha a caminhar para conquistar um mundo sem machismo temos que comemorar as batalhas vencidas até aqui, seguindo sempre firmes na luta!
Esta página é para quem acredita que um mundo melhor é possível e que o jornalismo deve ser livre, íntegro, revolucionário, questionador e formador de opiniões, ou pelo menos fazer com que a gente pense. Segundo Millôr Fernandes "a função do Jornalista é trabalhar para ser demitido". Eu já estou no 3 a zero. "Livre pensar é só pensar" Millôr Fernandes
quinta-feira, agosto 09, 2012
2 comentários:
Comentem pessoal, mesmo que suas opiniões sejam diferentes das minhas eles serão publicados. Só não pode comentário ofensivo, dedo no olho e mordida na orelha. Por favor assine seus comentários, não há porque ser anônimo quando se dá opinião. Comentários sem assinatura não serão publicados!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A LEI MARIA DA PENHA PRECISA DE MAIS DIVLGAÇÃO
ResponderExcluirA LEI MARIA DA PENHA GANHA NOVA JURISPRUDÊNCIA.
ResponderExcluirPROTEGE FILHAS DE MÃES E PAIS AGRESSORES.