Estou sempre lendo textos, pesquisas, livros e artigos sobre a Ditadura Militar, a Lei de Anistia, desaparecidos políticos e coisas afins. Quando o primeiro, dito governo de esquerda foi empossado, animei-me pensando que realmente os arquivos secretos seriam abertos e todas aquelas histórias escabrosas de tortura, desaparecimentos, cemitérios clandestinos seriam esclarecidos e os torturadores seriam levados a julgamento. Mas nada aconteceu efetivamente e, assim como várias leis e programas, o desarquivamento ficou para o próximo presidente, no caso presidenta.
Falou-se em revanchismo, em dureza e tudo mais. O bicho papão da esquerda no Brasil, depois do "Lulinha Paz e Amor" estava mansinho, mansinho. E a ex-guerrilheira, presa e torturada nos temidos e úmidos porões da ditadura militar tornou-se uma avó doce e meiga, a ponto de lançar um programa de governo com o nome de Brasil Carinhoso. Nada contra! Aliás, bem pelo contrário. As trabalhadoras brasileiras necessitam ser contempladas com os pontos destacados no programa. Dilma segue sendo uma mulher firme, mas nesta questão da ditadura militar os milicos continuam ganhando.
Foram anunciados os sete integrantes da Comissão Nacional da Verdade, mas não há representantes das famílias ou dos movimentos pelos direitos humanos. A indignação veio com a declaração do integrante da CNV, Jose Carlos Dias, que destacou que o foco será a responsabilidade dos "dois lados". É tão linda a imparcialidade não é? Irão punir mais uma vez quem esteve preso e foi julgado pelos militares? Como farão com os desaparecidos? Eles se tornarão foragidos da Justiça? Não basta a crueldade de impedir suas famílias de dar-lhes um sepultamento digno? Não basta os militares seguirem comemorando o golpe, porque foi um golpe dado num governo legalmente constituído?
Quando penso neste período e nos acontecimentos, não consigo deixar de me indignar com isto, com este absurdo que é manter secretos os acontecimentos que daria alento há centenas de famílias que não sabem se seus entes queridos estão realmente mortos. Famílias estas que não tiveram o direito de sepultar seus mortos e não se sabe se irão ver a Justiça ser feita. E com certeza, muito mais do que eu, devem ter sofrido horrores ao ler ou ouvir a declaração de José Carlos Dias.
Levarão os mortos ao banco dos réus? E os militares?
Os militares aprovaram os integrantes da Comissão Nacional da Verdade. Agora tirem suas próprias conclusões.
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