sábado, junho 25, 2011

Descarte do acervo da Bibliotheca Pública de Pelotas ainda repercute, vejam as fotos

Olá caros colegas e amigos,
Em anexo envio as fotos do DESCARTE sem vergonha e descarado da Biblioteca Pública Pelotense.
Prestem atenção nas fotos que se seguem.
Peço a vocês, que assim como eu estão indignadíssimos com essa atitude irresponsável, repassem estas fotos para o máximo de pessoas que puderem.
Isso não pode ficar sem divulgação!
Para que possam entender melhor, aqui vão alguns esclarescimentos:
A primeira foto trata de uma das idas do caminhão a frente da biblioteca. Está cheio de caixas, mas fechadas.
A segunda e a terceira, são fotos de uma carroça carregando jornais. Veja que apenas estes são tão grandes assim, pois um jornal no passado, tinha um tamanho de 60 cm a 44 cm, ou um pouco menos, como 52X 42 e eram encadernados por semestre ou trimestre. Então, o volume deles é inconfundível.
Do que aparece nas carroças, dá para ver que os livros e jornais não estavam estragados ou em fragmentos, como foi dito pela presidente da biblioteca. Estavam inteiros e, mesmo se tivessem fungos, isso poderia ser revertido, pois fungo morre com ventilação e um ambiente de refrigeração controlado impede sua proliferação. Em último caso, o sol mata o fungo, embora tenha que ser usado com cuidado, pois também prejudica o documento.
Muitos dos jornais que aparecem são tomos do Diário Popular, reconheciveis pela encadernação, que, na biblioteca, foi utilizado há tempos para os jornais Diário Popular e Opinião Pública. Portanto, pode ser um dos dois jornais.
Na verdade, deve ser dito que havia duas coleções do Diário Popular. A primeira, foi encadernada pela propria biblioteca e vinha desde seus primeiros exemplares.
Na década de 1990, a biblioteca recebeu toda uma segunda coleção, de 1890 a 1992, que era aquela que estava na redação do proprio jornal. As duas foram misturadas, uma coleção completa ficou em uso e a outra guardada no porão. Só isso, já dava um volume muito grande de jornais.
No porão não há mais nada. Em visita recente contatou-se que não há mais um jornal lá dentro: nem Diário Popular, A Federação, Diário de Noticias, Diário Oficial, Gazeta de Porto Alegre (este um jornal que ia de 1879 a 1884 e agora só sobrou os primeiros semestres de 1879, 1882 e 1884), e vários outros jornais, especialmente de Porto Alegre. Em dezembro de 2000, a professora Beatriz Loner e Dona Sonia Garcia publicaram, na História em Revista nº 6, revista do núcleo de documentação histórica da UFPel, onde aquela trabalha (e que está online www.ufpel.tche.br/ich/ndh) uma relação com todos os jornais que haviam na biblioteca. Depois, isso foi mexido bastante, jornais subiram e desceram para o porão, pois lá em cima só ficaram os que estavam em uso. Ainda outros, para os quais não havia muito espaço também ficaram no porão.
E agora, se for feita a comparação com o que tem no CDOV da biblioteca, a diferença é gritante.
O porão era a reserva técnica e agora não tem mais nada de livros ou jornais, apenas algumas caixas já embaladas para descarte, mas muito pequenas para conterem estes grandes jornais. Isso, obvio, sem falar em outros (e muitos) livros, como também pode-se ver na pequena mostra formada pelo material desta carroça, uma de muitas que devem ter levado o material, dos caminhões para o sebo.
Enfim, sabe-se que os jornais pelo menos não foram reciclados, o que já é muito, embora estejam perdidos para a pesquisa científica, pois seu destino provavelmente será das coleções individuais, feitas para a satisfação pessoal de alguns e o lucro de outros.
Eu dei uma boa olhada nas outras salas da biblioteca e nenhuma delas contem os jornais e os livros que estavam no porão. E nem poderiam, pois seu espaço é pequeno e não caberia este material todo. Exatamente por isso é que se usava o porão. Era muita coisa.
Muito obrigada!
Abraços,
Nádia Coelho.

Recebi as fotos e o email reproduzido acima da amiga Nádia, que é pesquisadora e trabalhou durante algum tempo na Bibliotheca Pública Pelotense. O descarte de materiais importantes e raros para a história da cidade não teve muita repercussão, mas não podemos calar e deixar as coisas como se não fosse importante! A preservação da memória e a educação são parte  importante para a nossa evolução e a construção de um mundo melhor.

3 comentários:

  1. Deve ser feita uma denúncia ao Ministério Público para que seja instaurada uma Ação Civil Pública.

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  2. Tem um abaixo assinado para encaminhar o pedido pro Ministério Público!

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  3. Já foi feita denúncia ao Ministério estadual. Agora, está com o promotor.
    O problema maior é impedir que mais perdas no acervo aconteçam, pois se jogaram volumes inteiros fora, é sinal que não se preocupam com o que tem lá, apenas com o prédio.

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