quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Milícia, polícia e traficantes

Sei que hoje em dia o que diz no dicionário não pode ser tomado como certo e absoluto. Tampouco podemos dizer que as coisas na prática, na vida real são tal qual pensadas ou planificadas. Tudo isso tem me assustado muito. E o pior é que vejo que os únicos reféns de tudo, de todas as injustiças, de todos os abusos são as pessoas comuns, homens e mulheres, trabalhadores que suam muito para chegar no final do salário com muito mês para enfrentar ainda. Num confronto entre polícia e bandidos, geralmente, eu disse geralmente, quem se dá mal são os civis. Entenda-se por civis todo aquele cidadão que tem um trabalho não militar que vive como nós, eu e tu. São os civis que acabam sendo vítimas de balas perdidas, são eles que não sabem como agir, ou melhor, que só podem fugir deixando para trás a casa e as coisas para fugir das balas que zunem sobre suas cabeças enquanto policiais e traficantes atiram um contra o outro.
Embate entre bandidos e bandidos também são os civis que ficam reféns. Podem ser confundidos pelos rivais como componente do outro grupo, perdem o direito de ir e vir dentro do bairro onde moram, são vistos por quem está de fora de forma desconfiada e até preconceituosa. A polícia às vezes apenas espera para ver o que sobrou de cada grupo.
No confronto entre as milícias (a mais nova modalidade de safadeza nas favelas do Rio de Janeiro, segundo a imprensa formadas por ex-militares, ex-policiais militares e policiais) e bandidos a população civil além de ter que se esconder, fugir, ser maltratada e ser refém ainda tem que pagar pela proteção que a tal milícia irá prestar dentro do morro.
Quando os bandidos estão dando as cartas num lugar, mesmo discordando da maneira através da qual eles se firmam, a população do local talvez sinta se até mais segura, porque o traficante é um negociante, um comerciante, se o negócio vai bem, se as vendas estão acontecendo e não há problemas na comunidade que chamem atenção para sua atividade eles vão deixar que a população fique tranqüila. O direito de ir e vir pode ser restrito em alguns locais, mas, de uma forma geral, eles não causam nem querem atritos com as pessoas do bairro. O medo de parte das pessoas existe, é claro. No entanto, talvez seja bem menor do que quando um civil precisa da ajuda da polícia militar sendo que em algumas situações não se sabe se aquele “agente da Lei” é confiável ou não.
Enfim o que resta para a população civil? O que resta para nós que ainda não tomamos consciência do nosso poder? Até quando seremos reféns?

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