terça-feira, abril 27, 2010

Piada interna

Eu gosto muito de ditados e ditos populares, porque acredito que eles sempre trazem um fundo de verdade, mesmo que às vezes retratando um pré-conceito. Neste caso, o ditado mais conveniente é aquele "brincando, brincando se dizem as verdades". Muitas vezes é através de piadas que colocamos pra fora um preconceito, disfarçado de graça, claro. Foi o que ocorreu na piada interna, tão interna que foi feita via memorando interno do Ministério das Relações Exteriores britânico, sobre a visita do Papa Bento XVI a Grã-Bretanha, que vazou para a imprensa.
O objetivo do documento era discutir como poderia ser aproveitada a estadia de quatro dias do pontífice no país, no qual foi sugerido que o Papa "inaugurasse uma clínica de abortos, lançasse uma nova marca de camisinhas, cantasse em dueto com a Rainha Elisabeth, abençoasse um casamento gay e reconhecesse o escândalo de abusos sexuais por clérigo". O embaixador britânico no Vaticano, Francis Campbell pediu desculpas formais. No entanto, a pergunta fica, não seriam estes assuntos importantes a serem tratados pelo "Santo Padre"? Mas, não da forma como geralmente são tratados os assuntos relacionados aos dogmas da igreja. Entendo que determinadas coisas jamais irão mudar. Por outro lado, devem ser sim revistas e encaradas de forma séria, mesmo que o que venha fazer o debate surgir seja uma piada.
Os abusos sexuais são fatos reais, aconteceram em várias partes do mundo. E a exemplo de outras questões importantes para a humanidade a igreja e o Papa não deveriam se eximir de discutir. Afinal de contas, pedidos de desculpas tardios servem apenas para amenizar a consciência, de quem pensa nas barbáries que ocorreram sem que o clero impedisse, e para reconhecer o erro cometido. Apenas para isso, não volta atrás, não muda a história. Pois as mortes ocorridas durante o holocausto, a idade média, a inquisição já ocorreram, inocentes foram mortos e torturados de forma impiedosa.
Pelo mundo afora muitas pessoas estão morrendo por cometer abortos de forma ilegal, afinal proibir não significa que não vá mais ocorrer, tal como os abusos sexuais cometidos pelos padres que fizeram votos de castidade. Não permitir o uso da camisinha e pregar que o sexo seja apenas para procriar, também não impedirá que milhares de homens e mulheres se contaminem com HIV e outras tantas doenças sexualmente transimissíveis. Sei que talvez esteja querendo demais de uma instituição tão antiga e rígida como a Igreja Católica Apostólica Romana. Mas, pensando de acordo com o que, na minha visão é uma instituição religiosa, a igreja deveria permitir a modernização, debates e mudanças para elevar os homens ao bem (pelo menos eu imagino que o objetivo é este, se não é, deveria). Permitir missas cantadas, padres virarem ídolos pops e escritores de best sellers é um fato real, deveria também ser permitido que os homens buscassem a Deus sem tanta rigidez.

segunda-feira, abril 26, 2010

Sou contra

Embora eu acredite que algumas das pessoas que sofreram perseguição política durante o período da Ditadura Militar mereçam um ressarcimento pelo sofrimento e pelos problemas porque passaram, não concordo que tais valores sejam tão exorbitantes. A meu ver os casos que realmente deveriam ser indenizados é dos desaparecimentos que ainda não foram esclarecidos. E para isto sim, é necessário que se exija uma legislação que não permita que estas mortes (coisa que se supõe já que não há corpos) fiquem impunes.
Os outros (exilados, perseguidos pura e simplesmente) deveriam fazer como Chico Buarque de Hollanda e negar-se a receber. Não existe possibilidade, na minha concepção, de ressarcimento por uma escolha política. Afinal de contas quando vamos tomar uma decisão devemos pesar prós e contras, além de sempre considerar as consequências. Parece-me que bem poucos daqueles que lutaram pela liberdade política do país entre 1964 e 1985 tinham consciência das escolhas, outros entraram na onda e agora rechearam seus bolsos, como "bons" políticos que se tornaram. Algum leitor dirá: "mas e os torturados, eles merecem indenisação?" Eu respondo, alguns torturados e mortos nos porões da Ditadura eram pessoas que defendiam a liberdade com sua voz, com seu trabalho, numa luta pacífica. Outros tantos pegaram em armas. No primeiro caso, pacíficos, estes deveriam ser indenizados pois a única arma que utilizaram foi sua ideologia, seu ato foi erguer a voz pela liberdade. Os outros, agiram tão criminosamente quanto os torturados que combatemos. Eles também mataram, torturaram, sequestraram. Algumas coisas perdem a razão de ser quando o meio utilizado é a violência. Sei, que em alguns momentos lutar com armas é a única forma de chegar ao objetivo. No entanto, tornar-se um criminoso vil, matar inocentes e agir da mesma forma que nossos algozes, só nos torna iguais a eles.
Quando defendo a revisão da lei da Anistia, defendo que os torturadores sejam punidos, defendo que a tortura não seja vista como natural no nosso país, coisa que sabemos ocorre aqui e acolá. Defendo também que os torturados, que mortos e desaparecidos sejam reconhecidos, não para receber dinheiro do governo, mas para que a história seja respeitada e que possamos dizer que vivemos num país justo. Considero que algumas pessoas que participaram da luta armada já pagaram de alguma forma pelos crimes cometidos como resposta ao golpe militar. No entanto, se os torturadores vão responder criminalmente, me parece justo que estes, caso não tenham sido processados, respondam pelos seus atos.

Pela História

Recebi por email um manifesto sobre a votação da Lei da Anistia. Repoduzo o texto recebido abaixo, bem como links para quem quiser participar do abaixo assinado.
"MANIFESTE-SE
Envie sua carta aos Ministros do STF

4ª feira dia 28/04/2010 o Supremo Tribunal Federal julgará a ADPF-153 sobre a Lei da Anistia. Os Ministros irão decidir sobre um tema grave nos dias de hoje: a IMPUNIDADE DA TORTURA em nosso país. Esta decisão é importante pois uma derrota representará a não apuração dos crimes de lesa-humanidade praticados no Brasil, entre os anos 1964-1985, ocorridos durante o regime militar. Caracterizará também o descumprimento dos tratados internacionais RATIFICADOS PELO BRASIL sobre Direitos Humanos junto à ONU e será um retrocesso que contribuirá para a banalização da tortura no país.

"Nós estamos num momento crucial, acho eu, da história contemporãnea do Brasil. Trata-se de saber se a Corte Suprema vai ou não, defender a dignidade do estado brasileiro. Se o Supremo Tribunal Federal, que Deus não permita, julgar que a ADPF-153 em relação à Lei de Anistia, não é procedente. Só nos resta denunciar o Brasil perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos e outras instâncias internacionais. É preciso então que o estado brasileiro, assuma a sua posição repugnante de réu, de crimes contra a humanidade."
Fábio Konder Comparato



NÃO VAMOS DEIXAR QUE ISSO ACONTEÇA!
SEIS ATITUDES QUE VOCÊ PODE TER CONTRA A IMPUNIDADE DA TORTURA NO BRASIL

1- Coloque o banner anexo em sua página da internet ou Blog com o link: http://docs.google.com/View?id=dgn2gh6p_176hngc4jxn para multiplicar o acesso à página da campanha.
2- Encaminhe este email às suas listas para a difusão da campanha e potencialização do envio de cartas aos Ministros do STF.
3- Envie sua carta aos Ministros do STF posicionando-se a favor da OAB e da reinterpretação da Lei da Anistia, bem como pela responsabilização dos torturadores.
4- Assine o Manifesto que será entregue aos Ministros do STF. (Até 23/04 - temos 17.944 assinaturas)
5- Assista o Documentário "Apesar de Você - os caminhos da justiça" e recomende aos seus amigos, alunos e etc...
6- Reforce a presença em Brasília para o julgamento da ADPF-153 no STF dia 28/04/2010 às 14 horas. Podendo compareça ao julgamento!

DIGA NÃO À BARBÁRIE!




Entidades que convocam esta campanha


AJD - ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA
AMB - ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS
CEJIL - CENTRO PELA JUSTIÇA E DITREITO INTERNACIONAL

ASSOCIAÇÃO AÇÃO SOLIDÁRIA MADRE CRISTINA - SP
ANIGO - ASSOCIAÇÃO DOS ANISTIADOS PELA CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS DO ESTADO DE GOIÁS
APAP - ASSOCIAÇÃO DOS ANISTIADOS POLÍTICOS DE PERNAMBUCO
ACAT - ASSOCIAÇÃO DOS CRISTÃOS PARA A ABOLIÇÃO DA TORTURA
ASSOCIAÇÃO DOS METROVIÁRIOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS DO RJ
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ANISTIADOS POLÍTICOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS DO RJ
CUT - CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
COMISSÃO DE FAMLIARES DE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS
CJP-SP - COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
DHNET - REDE DE DIREITOS HUMANOS E CULTURA - RN
FORÚM DE REPARAÇÃO E MEMÓRIA DO RIO DE JANEIRO
FORÚM DOS EX-PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS DO ESTADO DE SP
GRUPO TORTURA NUNCA MAIS - BA
GRUPO TORTURA NUNCA MAIS - SP
INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE
MPD - MINISTÉRIO PÚBLICO DEMOCRÁTICO
MJDH - MOVIMENTO DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS - RS
MNDH - MOVIMENTO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
MOVIMENTO TORTURA NUNCA MAIS - PE
NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA POLÍTICA DE SP
OBSERVATÓRIO DAS VIOLÊNCIAS POLICIAIS - SP
SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC
SINDICATO DOS METROVIÁRIOS DO RJ
UNE - UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES
UNIDADE NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO PELA ANISTIA - RJ"

sexta-feira, abril 23, 2010

Mães

O dia das mães está se aproximando e tenho visto tantas matérias onde as mães expõe as suas dores e sofrimentos em busca de ajuda por seus filhos que não consegui ficar indiferente. Não sou mãe. Não sou capaz de imaginar a dor que se pode sentir ao ver um filho pouco a pouco definhando, morrendo pelo abuso de drogas. Admito, não sou capaz! Não sei ainda o que é um amor incondicional, aonde a pessoa se doa por inteiro sem querer nada em troca. Aonde se dá a própria vida pela vida do outro. Reconheço este amor quando o vejo no olhar triste de uma mulher que sofre ao ver sua cria sofrendo, vegetando. E pelo que vejo este amor é uma capacidade apenas das mães. Elas não abandonam os filhos por nada. Por ninguém! Elas vão no inferno negociar com o capeta a alma dos seus rebentos de volta. E só a elas foi dada esta capacidade de amar, é tanto amor que quando perdem um filho perdem parte de si. Algumas vagam com o olhar perdido, sem brilho, sem luz.
Eu sou filha. Eu amo minha mãe e tudo o que ela representa na minha vida. Sempre digo que se não fosse por ela não estaria viva e sem ela não saberei viver. Mas não é dado aos filhos este poder de amor tão grande como é dado a mãe. E aos pais também. É que as mães tem uma ligação ainda maior que os pais com seus filhos. Há um laço que prende pra sempre e é mais forte que cordão umbilical.
Mas aos filhos não foi dada a capacidade de amar incondicionalmente, mesmo que seja a sua própria mãe. É por isso que eles vão embora, casam, fazem escolhas erradas que os destroem fisicamente, e ferem mortalmente suas mães. Somente elas são capazes de dar a vida a eles, somente elas podem resgatá-los e somente elas, apenas elas poderiam permitir que eles partissem.
Vejo que muitas coisas mudaram desde a minha infância, as escolas, os professores, o mundo, a cidade, as mulheres. Algumas delas até pariram, mas não são mães. Elas geraram vida, deram luz a uma criança, no entanto não tem aquela capacidade de amar incondicionalmente. Sorte minha ter nascido de alguém que tem esta aptidão.
Sinto-me tocada pelo sofrimento destas mães que lutam para salvar os filhos do crack.
Ao mesmo tempo fico pensando como uma mulher pode ser tão inapta como mãe, que seus filhos podem preferir viver na rua a estar em casa junto com ela.
Não tenho a intenção de modificar o pensamento de ninguém. Apenas quero que vocês leiam meus textos. Mas se ao ler o que escrevi tu tiveres vontade de ligar para a tua mãe, dar um beijo, um abraço ficarei feliz. Caso consigas ver o quanto a violência e as drogas estão prejudicando o mundo em que vivemos sinto que atingi algo mais do que tocar teus sentimentos. Mas se mais que isto, se conseguires enxergar e te propuseres a fazer algo pelos teus filhos, pelas crianças e adolescentes do nosso país, se te juntares as mães do crack em sua luta, então sim, então consegui muito mais do que pretendia.

sexta-feira, abril 16, 2010

Ninguém é responsável por nada

Fico indignada com algumas atitudes dos poderes públicos. O jogo de empurra-empurra é o que impera e determina as atitudes. Ninguém tem culpa de nada, e responsabilidade é uma coisa da qual eles não tem a mínima noção do que seja.
Em Porto Alegre aconteceram duas mortes por negligência das autoridades. Uma numa parada de ônibus, onde um jovem morreu eletrocutado. A EPTC disse que a responsabilidade era da CEEE, a CEEE que era da Prefeitura. O atual prefeito, Fortunati, assumiu a responsabilidade numa atitude muito digna. Apesar de a prefeitura admitir sua culpa, concordo que o caso seja tratado como homicídio.
O segundo caso foi de um motociclista que sofreu uma queda e também vem a morrer. Culpa de um serviço inacabado ou mal realizado. Estou falando na Capital, mas por aqui o descaso também ocorre. Fico impressionada com o que se gasta na nossa cidade por puro desperdício. São as lixeiras que vira e mexe são trocadas e em meses destruídas por vândalos. As faixas de segurança pintadas nos horários mais impróprios e ignoradas pelos motoristas. Trocas de semáforos de um cruzamento para outro, mudando apenas o local dos acidentes porque a conduta dos cidadãos continua a mesma. E isso vale principalmente para as leis que são desobedecidas escancaradamente. Não vejo motivos para que se faça uma lei em que condutores de charretes (ou carroças), e estes não são os cavalos, mas os donos deles, juntem o esterco deixado pelos animais nas ruas. Assim como não vejo a mesma legislação para as madame que levam seus cachorrinhos para defecar nas calçadas alheias. Não vejo porque isso deveria ser uma conduta corriqueira das pessoas. Afinal de contas se o cãozinho dela fizer cocô fora da caixinha, no pátio ou em outro lugar da casa ela irá limpar, ou a secretária do lar, porque a casa não vai ficar fedendo a cocô de cachorro, não é? Então qual a razão de deixar a merda do seu cachorro na calçada dos outros, na cidade aonde tu vives?
Minha primeira professora foi quem disse, foi uma única vez e nunca mais esqueci, por isso nunca jogo papeis ou lixo no chão. Ela disse, para um colega que jogou lixo no chão da sala de aula, "na tua casa tu jogo lixo no chão? Se é assim tua casa é imunda!". Ele recolheu os papeis e colocou na lixeira. Para mim bastou. Lixo é no lixo.
isto me leva a refletir que, se precisamos de lei para regular uma coisa que deveria ser feita de forma natural é porque algo esta errado. Outro fato que me deixou de cara é que vários órgãos foram chamados para verificar uma balburdia, abuso de drogas e atos obscenos que estava acontecendo em uma rua por adolescentes e crianças. Não foi ninguém, nem conselho tutelar, nem ninguém. Mas as crianças não estão fazendo nada demais, só estão bebendo e usando drogas. Se estivessem trabalhando em algum lugar para não andar na rua, aí sim o Conselho estava lá. Porque trabalhar não pooode! Vadiar, beber, ficar nú pooode!

quinta-feira, abril 15, 2010

Para refletir

Recebi por email este texto, gostei muito e vou compartilhar. Geralmente recebo mensgens bem interessantes da minha prima, Claudet, que não vejo há tempos mas por quem tenho um carinho enorme. Espero que gostem.

OBCECADOS PELO MELHOR
Leila Ferreira*


Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta.

O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis..

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo. O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?

(*Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutorado em Comunicação, em Londres. Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte.)

quarta-feira, abril 14, 2010

Pérolas do presidente Lula

Outro dia recebi um email com as pérolas ditas pelo nosso presidente em entrevistas coletivas, reuniões e encontros. Confesso que nunca fui fã dele, nem o acho tão carismático assim. Fico muito triste e decepcionada por saber que alguns dos personagens políticos que admirava pelo seu passado, hoje trabalham ao lado do presidente Lula. Muitos destes senhores são omissos, permitindo que ele se exponha ao ridículo, que muitas das suas declarações o fazem passar. Pode até ser marketing, mas é só no Brasil que as pessoas se orgulham de serem analfabetas! Só no nosso país! Como ser diferente se um rei se orgulhava de ter tomado apenas um banho e tem gente que apregoa por aí que nunca leu um livro na vida? Para completar, agora, o presidente da República, declara em público que as pessoas, no caso os canditados, não podem ficar sujeitos as determinações dos juízes. Esta é boa! Quem é que vai obedecer as leis?
Há muito tempo que se segue o tal do "jeitinho brasileiro", a Lei do Gerson, cada um tentando tirar a sua vantagem em cima, muitas vezes de coisas que não deveriam nem estar acontecendo. Quem irá seguir a determinação de um juiz se o próprio presidente da República diz que "não se pode estar sujeito a um"? Não temos mais a lei de Gerson, nada disso. Vamos dar início a uma nova fase, vamos começar com a "lei de Lula", agora além de querer e tirar vantagem de tudo, vamos desobedecer completamente a legislação e os juízes. E para isto falta bem pouco ou quase nada. Eles não sabem nada, quem sabe é o Lula.
E como ele é quem sabe das coisas não votem na candidata dele não. Eu assisti ele dizer numa entrevista que depois dele seria a vez do Serra. Se ele realmente sabe das coisas, "tá gastando pólvora com chimango".

terça-feira, abril 13, 2010

Eu já usei a pulseirinha do sexo

A polêmica está formada, os pais arrancam os cabelos por não saber o que fazer. Os professores e diretores de escola não tem a menor autoridade em questões internas, quanto mais naquelas que deveriam ser resolvidas em casa? Os governantes querem proibir, só que a proibição nunca foi garantia de nada. Pelo contrário, há quem diga que "o que é proibido é mais gostoso".
No início dos debates eu não entendia o porquê de tanto alvoroço, afinal de contas eu já usei as tais pulseirinhas de silicone. E, no meu tempo, lá pela décade de 80, 90, a única cor que existia era a preta mesmo. Sei que alguns amigos estão pensando... "a Dani, com pulseiras do sexo, só podia usar as pretas mesmo!". Mas na época não existia esta conotação. Era um adereço, inclusive, surgiu numa novela, sendo usada por um homem, personagem do ator e hoje diretor Marcos Paulo. O negócio para nós era ter um acessório que era usado por um famoso. Nada a ver com "sexo, drogas e rock'in roll".
Tá todo mundo dando pitaco, até o Lobão vai debater hoje a noite na MTV. Não que eu não considere importante que se discuta o assunto, mas... sabe-se desde muito tempo que o ponto crucial para o bom entendimento entre pais e filhos esta no diálogo. No entanto, apesar de toda a polêmica adolescentes e pais continuam incomunicáveis. Lá em casa sempre foi assim. Conto tudo para minha mãe, desde o primeiro beijo, a primeira vez, de quem estou gostando e dos sonhos que tenho pra vida. Tenho uma grande afinidade com ela e desde criança sempre tive liberdade para contar as coisas que aconteciam comigo. As dúvidas que tive na adolescência esclareci com ela. Consequentemente aconselhei muitas amigas e as ajudei com suas pulgas atrás da orelha.
O que acontece hoje é um distanciamento entre os pais e os filhos. Os pais estão com os dias cada vez mais cheios, muito trabalho e a correria do dia a dia, limita seu tempo com os filhos, que ficam por conta de maternais, escolinhas ou por si, no caso dos maiorzinhos. Lembro que quando era criança criticava-se muito o fato de as crianças ficarem o dia todo diante da tevê. Atualmente a televisão virou figura de segunda classe e todo a massa de informações que passam por lá, vem em uma velocidade muito maior pela internet. O pior é que em muitos casos não há controle. Precisamos rever conceitos. Bom seria que os pais dedicassem mais tempo a seus filhos. O cotidiano é corrido? Sim, mas um mundo melhor ainda depende de nós.

terça-feira, abril 06, 2010

Desperdício

Eu não entendo certas coisas e, principalmente, as pessoas. Desde o surgimento do Menudo e outros grupos musicais formados por guris ouço dizer que estes artistas são gays. Eu era bem criança quando o Menudo surgiu, com sua primeira formação, ainda sem o Rick Martin. E os guris, todos enciumados com o sucesso dos cantores dançarinos diziam que eles eram "bichas". Depois veio Dominó, Polegar, New Kids on the block e por aí vai... Eu não concordo com este tipo de tratamento generalista e preconceituoso. Mas...
Todo o povo dizia... "estes bichinhas, o que que tu queres com estes boiolas?". Mas eu não tava nem aí, porque gostava deles e ponto. Isto vale para todos eles, para os que se assumiram homossexuais e para aqueles que viraram evangélicos ou estão gordinhos e carecas.
Acho sim, um tremendo desperdício que o Rick Martin, com todo aquele corpão seja gay. Mas respeito a decisão, e se dissesse que me surpreendo estaria sendo hipócrita. Também não me choco. O que me surpreende sempre é o preconceito. Que se apresenta na reação das pessoas, no estardalhaço que fazem, no alvoroço em torno de uma questão que só diz respeito a ele. E que não precisa de mais nada a não ser o respeito. Ninguém precisa entender a escolha ou dar uma opinião ou especular o que o levou a assumir publicamente sua opção. Apenas aceite e respeite a escolha dos outros. Talvez tu não fizesse a mesma escolha. Por outro lado, quantas outras coisas fazes e que ele jamais faria? Certo ou errado, quem pode julgar?